Como Consertar Meu Coração.

14 - Passeio.

Naquela noite, eu fui dormir tarde, enquanto comia mandioca frita, batata frita e assistia série. Eu amava aquelas noites em que eu terminava daquele jeito, mesmo sozinha.

Não custei muito a aprender que eu era a minha melhor companhia.

O anônimo talvez teria ido dormir, porque não recebi mais nenhuma mensagem. Então, encostei a cabeça no travesseiro e dormir leve.

[...]

- O que as pessoas usam para ir ao passeio? - Eu perguntei para mim mesma, na manhã seguinte, na manhã de sexta-feira, que iríamos ao passeio no millenium Park.

Dentre tantas opções em meu closet, eu não fazia ideia do que vestir. Já tinha tirado todas as minhas roupas do closet, tirando todas todas as peças, mas nada era agradável. Quer dizer, nada que tinha ali não era bom para um passeio.

Olhei no relógio do celular e eram 5:35 da manhã, e eu indecisa sobre o que vestir. A manhã estava fria, e ainda pingava um poouco.
Sei que estava fazendo muito frio lá fora, então eu teria que optar por roupas mais quentes, e confortáveis.

Para minha salvação, eu tinha uma calça jeans folgada de boca larga, que era Novinha, mas que eu nunca tinha parado para vesti-la. Não depois que entrei na academia. Eu usei ela a uns três meses atrás, quando ainda não tinha entrado na academia. Escolhi um cropped verde de alcinhas cor preta, e um tênis rosa-choque, que não deixaria a calça sujar.

- Agora sim! - Exclamei empolgada, enquanto olhava aquelas roupas no espelho embutido na parede. - Ai que lindinho...- Sim, eu conversava comigo mesma. Era a melhor coisa.

Sorri animada e dei uns pulinhos.
Eu dei um sorriso no espelho, e enfiei as pernas dentro da calça. Ela quase não passa nas minhas nádegas e eu arregalei os olhos. Fiz força e a calça entrou. Me olhei no espelho e vi o quanto tinha ficado linda na calça.
E como eu estava diferente! Vesti o cropped e minha barriga ficou um pouco de fora. Escolhi um blazzer cor creme que me deixou linda e empoderada. Calcei o tênis e me olhei no espelho.
Eu estava me sentindo linda!

- Que gata. - Eu disse e sorri. Sabe quando sua alto-estima gosta do que ver?

Meus cabelos estavam molhados, então eu os penteei. Percebi que estavam ondulados, iguais quando eu ia para a praia e chegava em casa, ele estava lindinho, mas todo duro do sal do mar.

Enquanto eu me arrumava, os ponteiros do relógio diziam que eram 6:00 AM, e eu cantarolando uma música qualquer. Estava animada. Dias de chuva me deixavam animada e com inspiração para dançar. Eu já podia sentir o aroma dos pingos de chuva lá em baixo.

Quando terminei de me arrumar, peguei uma mochila pequena e coloquei alguns artigos de utilidade e também coloquei minha câmera fotográfica, para fotografar a paisagem e tirar fotos legais.

- Bom dia. - Eu disse, vendo que meu irmão estava todo largado no sofá, assistindo TV.

- Bom dia pra quem? Só se for pra você! - Ele disse, passando a mão no rosto que estava todo marcado por marcas de travesseiro. - Vai pra onde tão bonita assim?

- Que mal humor é esse? - Revirei os olhos e deixei a mochila em cima do sofá. - Passeio da escola.

- Que saudades desse tempo. - Alex disse, dando de ombros.

- Tá fazendo o que aí? - Falei, da cozinha. Alex tinha feito o café da manhã, então aproveitei para comer alguma coisa antes de sair.

- Está passando uma parte da entrevista que fiz ontem. Ele estão fazendo uma reportagem sobre mim! - Corri pro sofá e me sentei.

- Ai sério? - De fato, a reportagem falava sobre ele. O começo da história dele, o rascunho do Bien e tudo mais. Na reportagem, meu irmão falava um pouco da sua história e as dificuldades que teve que passar. Também, contou como era trabalhar em uma das empresas mais famosas de Chicago, empresa de arquitetura... e pude ver algumas imagens da empresa. E também teve uma pergunta inusitada, "Alex Garcia está comprometido?" E Alex sorriu para a câmera, um sorriso nervoso. Imaginei Lari encarando aquele sorriso, sentindo borboletas no estômago. - Ai que lindinho.

- Eu sei que sou. - Se gabou. - Com essa reportagem, não vou mais nem puder sair na rua. Caramba... eu estou famoso Rê! Passei em um dos telões na Time Square em Nova York e na revista mundial. Misericórdia. - Os olhinhos dele brilhavam, enquanto ele me contava.

- Eu estou tão orgulhosa de você. - Sorri e o abracei apertado. - Eu te amo.

- Eu também te amo e morro de orgulho de você. - Ele disse, também me apertando e bagunçado meu cabelo.

- Deixa eu ir. - Me levantei. Eu tinha comido um pouco.

- Ah, tome cuidado. Algumas pessoas vão te seguir e tirar fotos suas nas ruas, e parar para conversar. Não que eu esteja me gabando, mas só estou avisando. - Alex disse, me olhando.

- Tá bom. - Revirei os olhos. - Vai ser um prazer trazer presentes de suas fãs! - Dei uma risada e soprei um beijinho para ele.

Ainda estava num clima frio lá fora, mas tinha parado de chover. Com minha mochila nas costas, peguei o elevador e desci as escadas, dando um bom dia para a recepcionista do apartamento, que ficava ali por motivos banais.

Fui até no meio da calçada e acenei para um dos táxis fofinhos e amarelos, enquanto esperava um deles parar para mim. Quando parou, abri a porta e entrei.

- Bom dia. - Um senhor disse. - Vai para onde?

- A escola...- Falei o nome da escola e ele me levou até lá. As nuvens grossas e negras davam para perceber que cairia mais chuva, mais tarde.

Paguei a corrida e desci, colocando meu blazzer e pegando minha mochila. Fui caminhando devagar, com medo de pisar em alguma poça de lama, e do jeito que eu era desastrada, a tendência era acontecer aquilo ali mesmo.
Subi as escadas que davam para todas as salas e os corredores. Os degraus eram de vidro e havia um campus enorme, onde os alunos jogavam basebol e futsal.

Peguei meu celular e abri o aplicativo de mensagens, vendo que havia um bom dia sorridente.

Anônimo: Bom dia, gatinha.

Eu sorri e respondi:

Eu: Bom dia...

Enquanto ia digitando, trombei com alguém e meu celular foi parar no chão. Quando me abaixei, vi que era um rapaz, pelos tênis caríssimos.

- Rebeca...- Congelei. Peguei meu celular e notei que tinha quebrado no canto da película, me levantei e vi ele perto de mim. James.

- Hum? Falou comigo? - Perguntei, abrindo o zíper da mochila e colocando meu celular lá dentro.

- Você está linda! - Eu neguei com a cabeça, e trinquei os dentes, sem nenhuma expressão.

- Valeu. - Dei de ombros e arrumei a mochila nas minhas costas e meu intuito era sair dali, sem mais delongas, mas ele pegou no meu pulso, me parando. Respirei fundo e olhei pra ela. - O que foi?

- Podemos conversar? - Neguei quase que imediatamente. - Por favor. Eu estou com saudades.

- Faz o seguinte...- Puxei meu pulso e dei um passo para trás. - Vai matar sua saudade com quem você escolheu ficar naquele dia. Vê se acorda! - Dei um olhar de nojo pra ele sai pisando duro dali. Aquilo não me abalou, mas me deixou pensativa por uns segundos, sentada na cadeira em minha sala.

Abaixei a cabeça e suspirei.

- Olá, bom dia. - O professor de Geografia dentrou a sala. Até ele estava com roupas normais. Depois que o passeio acabasse, iríamos embora pra casa. - Estão prontos? - Todo mundo respondeu que sim, em uníssono. - Nós vamos de ônibus até lá, e por favor estejam perto. Vou explicar algumas coisas quando chegarmos lá, e não se separem, pelo amor de Deus! Vamos lá.

Todo mundo começou sair da sala, e eu também saí, pegando minha câmera em minha mochila. Percebi logo de cara que algumas meninas me olharam e ficaram comentando.

Tother era uma delas, mas nem liguei.

Saímos da escola e entramos no ônibus. Sentei-me e olhei pela janela. Eu queria me divertir naquele passeio.

•••
Seguinte...