10 - Quê??

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Quando eu e meu irmão chegamos ao nosso apartamento, a conversa já tinha se cessado. Eu praticamente não disse mais nada, pois estava cansada daquele assunto sem futuro.

- Rê, pode entrar, que eu vou aqui na esquina comprar uma coca e já volto, tá? - meu irmão diz e coloca o carro na garagem. Acho que ele vai a pé mesmo.

- Tá bom. - Dou de ombros e dou um tchau para ele, que ainda continua parado, acho que querendo rir.

- Se o amor bater na porta...- Ele cantarolou e saiu andando, afinal, o mercado mais próximo do nosso apartamento ficava a uns três a quatro quarteirões.

Eu neguei com a cabeça e fiquei orando na minha cabeça, pra Deus expulsar toda imagem daquele ser repugnante da minha cabeça. Era hora de eu me livrar dele de uma vez por todas!

- Poxa, Rebeca, você se esforçou tanto para chegar onde está agora e você não consegue esquecer esse arrombado? Francamente...- Murmurei para mim mesma, enquanto entrava no elevador. Revirei os olhos e mexi em meu celular.

Vi uma mensagem de uma das minhas alunas que se chamava Isabella. Ela dizia que estava ensaiando e que já estava com saudades de mim. Mandei vários corações para ela.

Levantei minha cabeça para ver que mais gente estava entrando no elevador.

- Violetta, eu não tenho culpa daquela garota ficar me encarando! - O garoto disse. Um garoto de cabelos lisos que quase caiam sobre se rosto.

- E por que você não mostrou a aliança para ela? - A garota retrucou. Ela era incrivelmente ruiva e tinha cabelos vermelhos enormes e era cheia de sardas. Eles pareciam ser um casal, pelo diálogo que eu estava escutando.

- Meu amor, para disso! Você sabe que eu te amo muito, né? - Eles se abraçaram e a raiva da menina pareceu ter ido embora. - Minha garota da janela.

Fiquei incomodada por eu estar de vela logo ali dentro, mas ei também não disse nada.

O casal estava praticamente se agarrando na minha frente. Eles se beijavam, se abraçavam. Eu estava com medo de ser alguma pegadinha idiota, porque não era possível! Não era possível que os dois não estivessem me vendo ali.

- EPA! - Levei um baita susto com uma anã do lado de fora, quando o elevador parou no meu destino. - Por acaso não estão vendo a garota aqui dentro não? Que cena de pornô é essa aqui?

- Ai, intimidade é uma merda. - A garota ruiva disse. Eu estava olhando para eles como se eu estivesse assistindo a uma partida de tênis. Era a coisa mais engraçada.

Eu sorri para anã e saí do elevador, me sentindo constrangida por toda a cena que tive que assistir.

Quando cheguei no apartamento, abri a porta, tranquei e joguei minha mochila de qualquer jeito no sofá. Corri para o meu quarto e tirei o all star. Sim, eu poderia ter levado a mochila para o quarto, mas preferi deixar lá em baixo. Por quê? Eu não sei.

Me joguei na cama, mas mal tive tempo de respirar quando a campainha tocou. Achei ser meu irmão, então fiquei onde estava.

Com mais três toques e eu xinguei, descendo descalça e com o uniforme da escola para atender.

- VAI TOMAR NO...- Parei de falar, quando abri a porta e vi o carinha lá. É, aquele de olhos escuros, de cabelos loiros cacheados, o personal da academia, aquele Deus-grego, aquele... o Adrien.

- Nossa, isso é jeito de abrir a porta? - Ele indagou, de braços cruzados, o que revelava nele uma tatuagem de um Lobo no seu braço, abaixo do ombro. A camiseta dele não tapava.

- O que você está fazendo aqui? - Fiz uma careta e fiquei na frente da porta, determinada a não deixar ele chegar perto.

- Se o amor...- Ele cantarolou, basicamente estando muito alegre. - É o quê? Esse apartamento é só meu melhor amigo, caso você não saiba, engraçadinha.

- E caso você não saiba, eu sou a irmã do seu melhor amigo, idiota. - Rebati, sentindo o sangue se espelhar igual a um veneno pelas minhas veias.

"Se o amor bater em sua porta..." o meu irmão havia dito? MAS ESPERA! QUÊ??

Eu arregalei os olhos e bufei. Por que Deus não tinha mandado um garoto que não seja o palhaço desse cara?  E por que esse cara tem que estar em todo lugar que eu vou?

- Vai se ferrar! - Eu disse e fechei a porta na cara dele. Subi pro meu quarto, esfregando a minha tempôra. Eu estava extremamente estressada.

Já dentro do meu quarto, tirei aquela uniforme e tomei um banho, vestindo um short de malha e uma blusinha de alcinha. Amarrei meus cabelos em um coque e respirei fundo, me analisando no espelho.

Minhas pernas estavam incrivelmente mais fortes e definidas, o que era muito bom. Sempre fui uma garota cheia de insegurança e o meu corpo sempre foi um tabu para mim.

Eu vestia roupa super mais largas, e camisetas masculinas, por medo e por não gostar do que eu via no espelho todos os dias. Então, quando comecei a namorar com o... ele via em mim algo que eu não vi. Ele não se incomodou por eu não ser igual as outras meninas e por não seguir esses padrãoezinhos de merda.

Revirei meus olhos. Pensando nele de novo!

- RÊBECAA! - Escutei meu irmão me gritando, e eu bufei, frustrada.

- QUE É? - Gritei de volta.

- Vem almoçar. - Ele disse, aparecendo do nada no meu quarto. - Que foi?

- Nada não. - Murmurei, pegando meu celular e acessando a conta do estúdio. - Tudo sob controle.

- Vem. - Alex pegou meu celular e jogou em cima da cama, me puxando.

- Se meu celular cair de cima daquela cama, você vai comprar outro. - O ameacei, trincando os dentes. Alex sorriu e balançou a cabeça. - Por que esse cara não sai mais daqui?

- Quem? - Indagou, olhando para os lados e não vendo ninguém.

- Aquele estrupício. - Fiz uma careta óbvia e ele negou com a cabeça. - Aquele cara lá, que eu não lembro o nome dele...- Me fiz de desentendida, soltando meu braço das suas mãos e olhando para o teto. - Aquele defunto lá. Como é o nome dele mesmo?

Eu quis rir da sua reação, quando ele me mostrou o dedo do meio.

- Adrien, Rebeca. - Ele deu de ombros e foi pra cozinha e eu atrás dele, querendo muito irritá-lo.

- Esse merdinha aí mesmo. - Fiz positivo com o polegar e dei um sorriso de mostrar todos os dentes. Eu amava irritar o meu irmão.

- Você podia parar de tratar o seu personal assim. - Eu neguei com a cabeça e Alex sorriu, sabendo que tinha quase vencido. Bom, ainda não.

- Ele é meu personal lá dentro. Aqui não. - Falei, pegando um prato e um garfo, indo encher meu prato com aquele strogonoff que parecia estar delicioso.

- Eu pedi pra você não chegar perto dele, mas isso não significa que você deve ficar batendo a porta na cara do meu melhor amigo dessa forma. - fiz uma careta. Era só o que me faltava.

Eu não disse mais nada, mas fiquei com mó cara de bunda. Não queria ter que inicar um barraco com o meu irmão por causa daquele ser repugnante, que uma hora mexia com a minha cabeça e a outra me deixava morta de vontade de esganá-lo até a morte.

Que cara mais irritante.

Eu enchi um prato enorme e me sentei para comer. Eu comia strogonoff junto com azeitona, porque eu amava aquela combinação.

Meu irmão não tinha muito tempo para cozinhar, mas quando ele fazia, era muito bom.

Depois que eu almocei, lavei a louça suja e subi para o meu quarto, afim de descansar um pouco. Minha cabeça estava começando doer, o que era horrível.

Eu me joguei na minha cama, totalmente disposta a tirar um cochilo até as duas horas, quando meu celular apitou. Era notificação de alguma mensagem.

Peguei meu celular e estranhei pelo contato novo e sem perfil que estava ali, na seguinte mensagem:

××- Amor, volta pra mim.

•••
Seguinte...

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