- Olá, gracinha. - O garoto disse, me observando também, com aqueles olhos escuros. Hoje ele estava ainda mais bonito do que ontem. - Você por aqui?
- Pois é, que coincidência, não é mesmo? - Curvei a sobrancelha e brinquei. Notei que meu irmão vinha caminhando em nossas direções, então fui até ele, e cochichei em seu ouvido: - Quem são essas pessoas?
- Ah, esses são meus amigos. - Ele diz, normalmente. - Essa é a Larissa, minha, hum... minha amiga...- Pode parecer estranho, mas a troca de olhares que eles deram me deixou arrepiada. Com certeza tinha algo á mais e ele não queria falar. - E esse é o Adrien. Carl Adrien, para ser mais específico. Meu melhor amigo. - Eles sorriram um para o outro.
Fiquei totalmente desconfiada daquela cena toda.
Como aquele cara podia ser melhor amigo do meu irmão? Eu nunca o vi na vida e agora que eu o tinha conhecido na academia, agora que ele resolvia aparecer por aqui?- Melhor amigo? Esse aí? - Debochei e dei uma risada. Adrien me olhou estranho, mas nada disse.
- Espera... vocês se conhecem? - Meu irmão indagou, confuso.
- Não, não sei quem é esse intruso! - Bufei e cruzei os braços, olhando para meu irmão emburrada. - Á propósito, sou Rebeca, irmã dessa coisa. - Falei para a tal de Larissa, que me olhava contente e um pouco animada. Eu não sabia qual era a daquela garota, mas ela parecia tão ansiosa para falar comigo, que resolvi me apresentar.
- Prazer. - Ela sorriu, tímida.
A tal Larissa tinha os cabelos enormes e loiros, e olhos verdes. A pele super pálida e um rosto perfeito de dar inveja a qualquer uma.
Ela era magrinha, dos cabelos enormes.- Você tem o físico perfeito. - Larissa disse, me olhando. - Faz academia?
- Sim, tem uns três meses que faço. - Respondi, amarrando meus cabelos em um coque e sorri.
Meu irmão se sentou, mas logo se levantou de novo. Depois de uns minutos, ele voltou da cozinha com duas pizzas e uma coca cola, com copos.
Me animei toda, porque estava morrendo de fome desde que cheguei da escola. Mas logo me entristeci porque aquilo não estava na minha dieta acadêmica, mas mesmo
assim, resolvi comer um pedaço. Eu malho tanto, não é possível que vou sair da rotina só por um pedaço de pizza.- Isso não é nada saudável pra vocês dois. - Larissa disse, querendo rir, mas a boca dela estava cheia demais para isso.
- Você é um personal, né? - Alex perguntou e Adrien concordou. - Só um dia não mata ninguém.
- Não parece que você leva a vida acadêmica muito a sério, porque bebe cerveja e tudo mais. - Comentei, sem olhar para ele. Esperava que ele tivesse percebido meu deboche naquela fala.
- Levo sim. Isso não quer dizer que eu não abra algumas exceções, Beca. - Ele me encarou e ficou assim por alguns segundos.
Automaticamente, as batidas do meu coração duplicaram e eu até esqueci de revidar a sua fala. Só conseguia pensar que ele havia me chamando de Beca, coisa que ninguém nunca fez antes.
Nem mesmo o James.
Olhei para ele e tudo que eu queria era continuar olhando, se meu irmão não tivesse coçado a garganta.- Olha... - Ele disse, arqueando a sobrancelha para Adrien. - A gente podia jogar um pouco de vídeo game.
- Com certeza. - Adrien se animou e pegou um dos controles da TV, esquecendo dos últimos pedaços de pizza que tinha. Então eu peguei a caixa que estava em seu colo e me levantei, chamando Larissa para vir comigo.
Depois da decepção que recebi com a Tother, de ver ela beijando o meu namorado, quer dizer, o meu ex namorado, eu não confiava mais em nenhuma menina para ser amiga.
Eu estava focada mais em mim, que não queria nenhuma amizade por perto.Mas coitada da Larissa. Se eu não tivesse chamado ela, com certeza ela estaria lá rodada, sem fazer nada.
Eu detesto deixar alguém excluída das coisas.- Ai você parece tão legal. - Ela disse, dando umas olhadas pelo apartamento. - E o seu irmão é podre de rico também, né? - Ela sorriu, e eu também.
- Ele é um pouco. - Respondi. - Vem cá... vocês tem um lance? Vocês dois?
- É... a gente se conhece desde o fundamental e somos parceiros e colegas de arquitetura, mas não temos nada. - Larissa falou e ficou pensativa de repente. Ela poderia ter dito qualquer coisa, mas eu não acreditei no que ela disse. - Alex é a pessoa mais legal que eu conheço e... e ele não me olha, sabe?
- Não te olha? Não gosta de você, é isso? - Fiquei com medo de estar sendo invasiva demais, mas senti que ela não estava receosa em me contar aquilo. Afinal, eu podia ser a sua futura cunhada.
- Isso. - Concordou, mordendo as bochechas. - Mas isso não me machuca. Eu gosto dele.
- Se você diz...- Eu disse, me sentando no balcão e atacando a pizza. - E o outro lá?
- O Adrien? - Concordei. - Ele também foi nosso colega, mas ele quis se formar em educação física, um ramo totalmente diferente do que eu e o Alex queríamos. - Eu me senti magoada por Alex nunca ter me contado sobre seus colegas da escola e colegas da faculdade, mas também não disse nada. - Ele também é rico, mas tem a péssima mania de se achar demais ou se gabar disso. Ele é muito galinha.
- Eu tenho nojo de caras assim, sério. - Revirei os olhos e fiz uma careta.
- Não sinta. Ele tem essa camada de ignorância porque já passou por muitas coisas, mas ele tem um lado tão legal que quase ninguém conhece. - Ela sorriu e pude perceber que ela gostava bastante dos dois amigos.
- Ele é o quê, tarado? Na academia ele não parava de ficar olhando pra gente, igual a um psicopata. - digo e reviro os olhos novamente. Eles meio que se reviravam automaticamente.
- Rebeca, é só o jeito dele. O Adrien tem essa mania de ficar encarando demais quando ele gosta de alguma coisa. - Fiquei surpresa. - Uma mania que ele pegou do pai dele, porque se você ver o pai dele, percebe que os dois são muito parecidos. Quando ele realmente se interessa, ele passa por ti te olhando até sumir de vista e quando está longe, mas não tanto, ele fica encarando de longe. - Quanto mais ela ia falando, mais boquiaberta eu ficava. - É um lado dele que eu acho absurdamente sexy. Aqueles olhos te observando...- Ela ria e falava ao mesmo tenho.
- Eu acho isso meio doido. - Neguei com a cabeça, mas lá no fundo, não pude deixar de concordar com aquela, com aquela parte de que era muito sexy. - Só que ele não pode ficar por aí encarando as pessoas de cima pra baixo. Parece deboche.
- Geralmente, as olhadas que ele dá é tão... digamos, intenso, que a garota alva de tudo isso, já chega nele. As vezes ele nem está interessada na garota, mas fica só olhando. - Larissa fez uma pausa para tomar um pouco da coca. - As vezes é difícil entender se ele olha porque está interessado ou se está só olhando mesmo.
- Eu em, que garoto difícil! - Murmurei e ela fez que sim com a cabeça. - Quero é distância dele, assim como quis distância de tantos outros.
- Hum e por quê? - Ela indagou e eu fiquei calada, mastigando o pedaço de pizza e repensando.
James.
Eu estou me traindo. Eu jurei nunca mais falar seu nome novamente, mas já fiz isso duas vezes. Eu não quero ter que sair do que combinei comigo mesmo.
Dentro de mim, uma voz diz que ele é inocente, que não fez aquilo querendo; mas a outra sente tanta raiva, tanta vingança dele.Tudo que mais quero é distância e jamais o perdoarei por tudo que ele me causou.
Eu entreguei um coração sadio, cheio de amor, de vontade e paixão por ele e tudo que ele fez foi o quebrar. Ele não foi homem para devolver meu coração todo quebrado, e rasgado. Ele só... só deixou-o lá e eu, na boa vontade o peguei.Ele não tem ideia do quanto me machucou e essas são cenas que eu quero esquecer para todo o sempre.
Se algum dia eu me apaixonar de novo, eu consideraria um milagre.- Não quero falar sobre isso. - Murmurei. - Mas Larissa, se puder fugir de um garoto, seja ele qual for e você ver que ele não te merece, por favor, fuja dele! Ele não te merece. Você é boa demais para ele. Não se machuque e não deixe ele te machucar.
•••
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Como Consertar Meu Coração.
Ficção AdolescenteA decepção é realidade frustrante de colocar ou criar expectativas e no final tudo dar errado. Rebeca perdeu o seu chão quando seu namorado a traiu com a sua melhor amiga. As decepções são inevitáveis. Por mais que ela fosse melhor, o melhor é sub...