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Morro do Santé, Novembro.

MIDAS

Uma semana depois do assalto, ainda é notícia e tá todo mundo comentando

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Uma semana depois do assalto, ainda é notícia e tá todo mundo comentando. Não me importo, a minha cara nem a dos meus parceiros foram estampadas, então tá mec.

Fui subindo pra parte de cima da minha favela, ia na ONG ver como andam as coisas por lá. Arrumei a glock na cintura e coloquei a camisa para esconder das crianças.

Posso ser da vida errada, mas não quero menó nenhum nessa vida. É por isso que eu faço tanta questão de mudar o ambiente aqui, já comecei a ajudar os meninos a limpar as ruas, as reformas das escolas já tá tudo sendo encaminhado.

Entrei vendo várias crianças sentadas, enquanto uma mulher mostrava algumas coisas em um painel branco, é sobre cultura pelo que parece.

Midas - Bom dia. - Ela me olhou sorrindo. - Posso falar com o responsável?

Amanda - Senhor Midas! - Caminhou até mim, com o olhar das crianças acompanhando. - A Manuella é a responsável, agora ela está na sala dela. Quer que eu te leve?

Concordei e ela foi na frente. Observei vários desenhos nas paredes, nomes de algumas crianças e uma parede com os nomes das pessoas que já ajudaram e que não estão mais na ONG.

Amanda - O senhor Midas tá aqui, Manu. - Ela levantou a cabeça e sorriu, sorri sem graça pra ela. - Licença.

Amanda saiu, e eu fiquei observando a sala.

Manuella - É tão incrível o que cê tá fazendo pela comunidade, Midas. - Apontou para a cadeira a sua frente, e eu sentei. - Fazia tempo que eu não via a criançada feliz assim, agora as mães podem ir trabalhar de boa sabendo que os filhos não estão correndo perigo nas ruas.

Midas - Eu disse que ia mudar esse lugar e vou cumprir minha promessa. Aproveitei para trazer o dinheiro desse mês, faturamos bem e achei justo trazer logo.

Dei o dinheiro pra ela, que pegou feliz e colocou em uma gaveta.

Manuella - Você quer almoçar? - Olhei pra ela, que tinha um sorriso divertido no rosto. - Fazemos comida aqui, e cá entre nós? É maravilhosa.

Midas - Eu vou aceitar, só não posso demorar porque ainda tenho umas coisas pra resolver.

Manuella - Vem, vou aproveitar e te mostrar um pouco do nosso trabalho.

Aceitei e fui acompanhando ela, que parecia muito animada.

Manuella - Aqui é a sala de música. A maioria dos meninos querem fazer porque falam que vão ser grandes cantores, aqueles que representam a comunidade onde cresceram.

Olhei ao redor da sala com paredes esverdeadas, com vários detalhes em preto que formavam notas musicais.

Em algumas partes, grafites com o rosto do cantor Mc Cabelinho, L7nnon, Xamã e alguns rappers/trappers famosos que nasceram ou foram criados em favelas.

Midas - Isso é muito incrível! - Comentei. - Bagulho da hora o que tem aqui.

Manuella - Ali é a sala de artes. A maioria gosta de praticar grafite e algumas artes de "rua". Ali no lado, é a sala de filme. Temos uma TV enorme onde eu passo filmes para eles. Também passo atividades e alguns vídeos para interação.

Caminhamos por uns 2 minutos até ela voltar a falar.

Manuella - E aqui é o refeitório. - Olhei o lugar grande, com o cheiro maravilhoso de comida fresca. - Vem, vamos comer!

Segui ela até uma mulher que estava servindo comida. Nos servimos e sentamos em uma mesa grande, lado a lado.

Midas - Tem muito tempo que tu comanda a ONG? - Comi um pouco da minha comida, vendo ela me olhar concordando. - Pelo jeito, cê gosta do que faz aqui.

Manuella - Eu estou aqui desde quando a Sophia nasceu, comecei a visitar e agora sou responsável e me orgulho do que estamos construindo aqui.

Midas - Te dou minha palavra que vou tornar esse lugar mais aconchegante do que já é.

Ela concordou. Terminamos de comer enquanto conversamos coisas aleatórias.

[...]

O que era para ser uma visita rápida, se tornou algo muito demorado e envolvente. Manuella coagiu as crianças a me convidarem para assistir um filme infantil, Os Croods.

Depois que o filme acabou, notei que meu celular estava cheio de mensagens do Queiróz e do Caveira. Antes que a Manu saísse da sala junto com toda a criançada, puxei a mesma pelo braço, fazendo ela me olhar curiosa e surpresa.

Midas - Foi mal. É... - cocei a nuca - tenho que ir, valeu por me mostrar tudo, Manuella.

Manuella - Pode me chamar de Manu, é mais prático. E não precisa agradecer, foi uma honra. Sempre que quiser vir aqui, eu e as crianças vamos adorar.

Midas - Prometo vir todos os meses, só não vou dar data certa. - Peguei meu celular no bolso quando o mesmo começou a tocar. - Tenho que ir, tchau.

Manuella - Tchau, Midas. Se cuida.

Acenei com a cabeça e passei por ela, saindo da ONG.

Midas: Qual foi? - Atendi a chamada do Queiróz.

Queiróz: Caveira tá aqui, quer falar contigo.

Midas: Avisa que eu tô indo, tava ocupado aqui na ONG.

Desliguei a chamada e subi na minha moto, indo direto pra boca.

Entrei na boca depois de fazer um toque com os manos da segurança, vendo Caveira e o Queiróz rindo de algo.

Midas - E aí, cara. - Ele se levantou e nos abraçamos rapidamente.

Caveira - E aí, Midas. Como cê tá?

Sentei na minha cadeira, deixando meu celular e radinho em cima da mesa.

Midas - Tô suave, pô. Como tá a Bia e as crianças?

Caveira - Tudo ótimo, graças a Deus. Vim falar contigo sobre um negócio grande que tô planejando com o Trovão. - Sorriu de lado.

Devolvi o sorriso. Pedi pro Queiróz trancar a porta e se juntar a nós, afinal, ele é meu braço direito.

Enquanto o Caveira ia contando o plano, eu aceitava com a cabeça e ficava imaginando tudo na minha cabeça.

Midas - Quem vai fornecer as armas? Eu não tenho muitas, tenho que repor o estoque no próximo mês.

Caveira - O Trovão vai cuidar das armas, eu vou providenciar as vans e as bombas. - Concordei.

Isso vai render muita grana.

Meu Recomeço - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora