Morro da Juventude, Setembro.
MARATONA (BÔNUS) 06/05 ✅
PARDAL
Ela não para de chorar, tô ficando preocupado.
Desde o momento que ela acordou, eu já notei que ela estranhou o lugar, se encolhendo no canto do quarto. Depois de chamar a mãe dela e não ter resposta, iniciou o berreiro.
Pardal - Filha? É o papai, eu sou teu pai. - Me abaixei na sua frente, mas ela se encolheu mais e escondeu o rosto.
Com medo...
Assim que ouvi a porta do quarto abrir, olhei na direção da mesma e vi meu irmão.
Dado - Será que ela não tá com fome? - Se encostou na parede e cruzou os braços.
Me ergui e passei as mãos no rosto, totalmente nervoso.
Pardal - Eu não sei, caralho! - Olhei pra ela novamente. - Tá com fome, Sophia?
Sophia - Quero minha mamãe. - Murmurou entre o choro.
Dado - Devolve ela, Pardal. Se essa criança seguir chorando mais, vai ter um treco daqui a pouco.
Pardal - NÃO! - Perdi a porra da paciência. - Ela é minha filha, Dado. Eu tenho o direito de ficar com ela.
Dado - Eu entendo isso, mas tu tá fazendo do jeito errado, Pardal. Tu sabe que tá no erro, irmão. A Manuella tava quieta no canto dela e tu foi infernizar a vida da garota, cara. Poderia ter chegado de boa, conversado como uma pessoa normal.
Pardal - Qual o problema, irmão? - Cheguei mais perto. - Tá do meu lado ou do lado da Manuella?
Dado - Não tenta me peitar, Pardal, eu não tenho medo de ti. - Chegou mais perto também. - Se ela não parar de chorar em 20 minutos, eu vou pegar ela e devolver pra Manuella.
Falou e saiu do quarto.
[...]
Quando o Brigadeiro me ligou pra avisar que o Midas sabe onde eu tô, Sophia tava dormindo, mas acordou assustada quando eu joguei o celular na parede e gritei de raiva.
Sophia - Cadê a mamãe? - Coçou os olhos.
Me abaixei na frente dela novamente.
Pardal - Prometo que cê vai ver ela em breve, tá? Agora a gente precisa sair daqui, vou te levar em um lugar bem legal.
Ainda meio triste, ela aceitou e se levantou do colchão que coloquei no chão pra ela. Segurei sua mão e abri a porta do quarto, vendo os dois soldados que estão fazendo a segurança do local.
BB - Quer alguma coisa, chefe?
Pardal - Limpa esse quarto, não deixa rastros meu e dela aí dentro. - Ele aceitou.
Sai do beco com a Sophia e abri a porta do carro que estava estacionado do outro lado da sua. Prendi ela na cadeirinha, depois de apanhar muito pra conseguir, e fechei a porta. Abri a porta do lado do motorista e sentei no banco, batendo a porta em seguida. Antes que eu conseguisse ligar o carro, a moto do Dado parou do lado.
Dado - Vai fazer o quê?
Pardal - Brigadeiro disse que o Midas sabe onde eu tô, preciso ir pra Rota 66.
Dado - Precisa de soldados? Armas?
Pardal - Eu tenho arma e colete à prova de balas no porta-malas, tô seguro.
Dado - Cê que sabe. Me liga se precisar de algo, e põe juízo nessa cabeça oca.
Mostrei o dedo do meio pra ele e liguei o carro, dando partida pra fora do morro da Juventude. Depois de 20 minutos dirigindo, parei em um posto de gasolina e comprei uma bolacha recheada pra Sophia comer, ela deve tá com fome. Aproveitei pra usar o banheiro e voltei pro carro, notando que ela tá dormindo.
Não sabia que criança dormia tanto assim.
[...]
Abri a porta do galpão e voltei até o carro pra pegar a Sophia, que continua dormindo. Peguei ela no colo com cuidado e entrei no galpão, colocando ela deitada em um sofá preto de couro. Voltei para o carro e abri o porta-malas, pegando uma bolsa com armas, munição e colete. Também peguei uma coberta e um travesseiro. Fechei o porta-malas e entrei no galpão novamente, deixando a porta encostada.
Estamos em uma estrada de terra no meio do nada, ninguém vai encontrar a gente aqui.
Depois de cobrir a Sophia com a coberta e colocar o travesseiro embaixo da sua cabeça, sentei na poltrona ao lado e fiquei trocando mensagens com o meu irmão.
30 minutos depois, escutei barulho de carro e me levantei. Peguei uma arma carregada na bolsa e guardei o celular no bolso da bermuda, indo até a porta em seguida. Fiquei mais tranquilo quando vi o carro do Brigadeiro. Logo ele desceu do carro olhando ao redor e entrou no galpão.
Brigadeiro - Pensei que o Dado estaria contigo. - Olhou rapidamente pra minha filha dormindo no sofá.
Pardal - Ele tem as coisas dele pra resolver. Como o Midas descobriu que eu estava no morro da Juventude?
Brigadeiro - A Manuella deve ter contado alguma coisa.
Só pode...
Peguei o celular descartável dentro da bolsa e liguei pro celular dela, mas a mesma não atendeu.
Pardal - Merda! - Olhei pro idiota parado perto da porta. - Tens o número do Midas ou do Queiróz?
Ele aceitou e me passou o celular desbloqueado. Disquei o número do Midas no celular descartável e liguei, mas ele também não atendeu.
Por que eles não atendem? Manuella sempre atende quando eu ligo.
Pardal - Ninguém atende. - Devolvi o celular dele. - Alguém te seguiu?
Brigadeiro - Não. A Manu não tá no morro, tá na casa de uma amiga no asfalto.
Pardal - Como tu sabe?
Brigadeiro - O Midas me falou, disse que quer que eu faça a segurança dela a partir de amanhã.
Pardal - Então vai embora, aquele idiota não pode suspeitar de nada. Se tu realmente for fazer a segurança da Manuella, pode trazer ela pra mim.
Ele aceitou e foi embora.
Sentei novamente na poltrona e fiquei olhando minha filha dormindo. Assim que o Brigadeiro trazer a Manuella pra mim, podemos recomeçar. Vamos embora daqui, para uma cidade bem longe, vamos ser felizes novamente.
Ela disse que não me amava, que nunca me amou, mas eu sei que é mentira.
Pardal - Eu vou te ter de volta, Manuella. - Falei, enquanto observava a foto dela no meu celular. - Vamos ser uma família linda e feliz.
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Meu Recomeço - Finalizado
Ficção AdolescenteLIVRO DO MIDAS, o queridinho de vocês 🥰 Depois de ser cruelmente iludido pela mulher que amava, que só estava usando ele para ficar com os chefões, Midas se muda para o Morro do Santé. Longe da família de coração e dos amigos, tenta arduamente reco...