O vento frio soprou mais uma vez e afastou as madeixas longas, do alto da enorme janela de vidro, Hyunjin conseguia ter perfeita visão da multidão de fotógrafos em frente ao hospital. Cliques de câmeras, jornalistas esperando qualquer brecha para entrar ao vivo em jornais e no chão, centenas de cartazes com o rosto do coreano estampado.
10/12/2019. Ele jamais conseguiria esquecer aquela data. E aparentemente as pessoas não fariam questão de facilitar essa missão.
Hyunjin não entendia o porquê de todo esse papel estar rodeando a cidade depois de tanto tempo e nem como sua vida havia se tornado um entretenimento para todas aquelas pessoas. Milhões de pessoas. Ele já havia sido informado de como a história viralizou além da Coreia do Sul e em como desconhecidos de vários países tentavam entender de onde ele havia surgido.
Um pouco mais cedo, naquele mesmo dia, tinha recebido a notícia de sua alta hospitalar. Depois de 2 meses internado devido a cirurgia delicada ele finalmente iria encarar o mundo fora daquelas paredes e essa ideia fazia seu estômago protestar em resposta.
Durante esse tempo nada diferente aconteceu, Seungmin e Bang Chan haviam sido liberados no dia que chegaram ao hospital e Minho, uma semana depois. Desde então, os amigos o visitavam sempre que podiam e o soldado passava quase todo o tempo ao seu lado.
O Lee havia tido uma conversa com sua mãe logo após ter recebido alta e pela expressão cansada ao voltar ao quarto, as coisas não foram nada bem. Hyunjin não quis forçá-lo a falar, porém a maneira como ele deitou a cabeça em seu colo e suspirou fundo o fez odiar aquela mulher sem ao menos tê-la conhecido.
- Você achou a foto do Gabe?
Ele puxou assunto, passando os dedos pelos fios castanhos do garoto
- Eu esqueci de procurar - Ele suspirou novamente, fitando o olhar no rosto do garoto - Eu não aguento mais ela Jinnie...
Jinnie...Ele lutou contra o impulso de sorrir. Em algum momento Minho passou a chamá-lo assim e o outro precisava lidar com o frio que se instalava dentro de si toda vez que o fazia.
- Você sabe que não precisa mais se submeter a isso, né? Você não deve mais explicações para ela
E ele realmente não precisava. Afinal havia recebido um bom seguro e Bang Chan comentara dias atrás sobre uma tentativa de contato do governo. Todos eles receberiam uma quantia em dinheiro, fora a herança do próprio garoto. Eles ficariam bem.
- O pior é ela querer se mostrar preocupada, ela quase chorou todas as vezes que me viu. Isso me deixa confuso
O maior concordou com a cabeça, lançando a ele um sorriso fechado e compreensivo.
A relação de Minho com sua mãe era complexa demais e ele não se sentia no direito de tentar influenciá-lo em nada. Qualquer decisão deveria partir somente dele.
- Você falou sobre isso com o psicólogo?
O soldado assentiu com a cabeça. Todos haviam começado a receber visitas marcadas com terapeutas diferentes, no início todos os dias e quando fossem para casa, os encontros seriam apenas semanalmente.
As conversas e desabafos estavam realmente ajudando o grupo de amigos e o principal conselho foi para que fossem introduzidos aos poucos na loucura que era estar de volta. Principalmente Hyunjin. Por isso ele evitava assistir jornais, estender conversas com os enfermeiros curiosos e negava qualquer visita para tratar de questões burocráticas. Ele sentia que precisava de espaço com as pessoas que realmente confiava.
Enquanto observava todas aquelas pessoas, ali, minutos antes de finalmente encarar o mundo fora das paredes do hospital, se permitiu relembrar de como foram aqueles dois meses. Do medo que sentiu, do apoio que recebeu dos amigos, da decepção com o mundo real e claro, das expectativas para finalmente sair dali.
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Missing 2T - Hyunho (Concluída)
AçãoQuem nunca quis saber o que acontece após o "fim"? Uma vida normal era tudo o que Hyunjin e Minho queriam depois do que viveram na ilha. Mas será que traumas tão profundos podem ser esquecidos facilmente? Laços podem resistir a duras verdades ou um...