Quem nunca quis saber o que acontece após o "fim"?
Uma vida normal era tudo o que Hyunjin e Minho queriam depois do que viveram na ilha. Mas será que traumas tão profundos podem ser esquecidos facilmente? Laços podem resistir a duras verdades ou um...
Hyunjin encarou mais uma vez a comida exposta à sua frente. Sobre a mesa de canto do quarto.
Era irônico como esperavam que comesse todas aquelas comidas caras enquanto permanecia trancado naquele lugar o dia todo.
O conformismo já havia o consumido por completo. Não restava mais questionamentos ou medo. Somente a culpa.
Obviamente ele se pegava imaginando como os amigos estariam. Como Minho estaria. Desejava com todo o coração que não tivesse feito o mais velho sofrer demais.
Havia planejado exigir ou até mesmo implorar por informações dos amigos. Mas a única pessoa que havia visto durante o dia foi o homem baixo e cabeludo que entrou no quarto para servi-lo.
A noite já começava a se aproximar pelas frestas da janela quando uma movimentação chamou sua atenção, se aproximou rapidamente da porta para ouvir melhor, mas assim que reconheceu o nome sendo chamado seu coração acelerou de maneira descompassada.
Podia estar delirando? Não, não podia. Hyunjin sabia que o que estava acontecendo era possível. Mas mesmo assim ansiava em ouvir a voz em resposta.
Porém quando ela veio, sentiu o misto de emoções o acertar em cheio. Saudade, medo, preocupação, arrependimento. Tudo de uma única vez.
Era um pedido para que o soltassem, mas soltar do que?
Minho havia descoberto que ele estava ali? Havia finalmente entendido a charada? Estava em perigo?
Movido pelo desespero, ele se inclinou mais sobre a porta, querendo ouvir melhor, mas os barulhos não estavam mais ali.
Hyunjin queria gritar. Pedir ajuda. Avisar que estava ali, tão perto. Queria arrombar aquela porta para ver o que estava acontecendo. Queria proteger o mais velho apesar de se obrigar a acreditar que a situação não significava perigo para ele. Não poderia estar enganado ou ter arriscado tudo em vão.
Cobriu a própria boca rapidamente para lidar contra o impulso de fazer seu próprio escândalo, ali. Porém, ao recuar passos largos para se afastar da porta, esbarrou no grande aparador de vidro, derrubando o móvel juntamente com um vaso de girassóis e fechou seus olhos imediatamente, se amaldiçoando mentalmente enquanto passos apressados se aproximavam da porta.
•••
Não foi fácil lidar contra os próprios impulsos, mas ali, parado em frente aos olhos julgadores, Minho entendeu que precisava ser estratégico. Precisava relembrar todos os seus anos de treinamento e voltar à bolha que se enfiava quando as coisas ficavam intensas demais.
A bolha que ironicamente ele estava tentando excluir da sua vida.
Não tinha chances sozinho, mas agora havia entendido. Ou pelo menos achava que sim.
- Eu já sei de tudo.
Uma única frase e o olhar conhecido se fez presente imediatamente.
Minho havia conseguido causar preocupação, mas sequer teve tempo para ligar todas as peças que insistiam em tentar se encaixar em sua mente.
Peças que encaixaram enquanto voltava para casa, apressando o motorista do uber após inventar uma desculpa qualquer para sair de lá.
Não importava qual, sabia que não havia sido convincente. Mas conseguiu a confirmação que precisava. A verdade que parecia estar a sua frente o tempo todo. Era demais para acreditar.
📲 Minho
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