Capítulo 39

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Valentina pov

:- Você tem certeza que não quer que eu vá com você? - tínhamos chegado a dois de viagem e eu estava adiando esse tempo ao máximo, mas eu não podia fugir, sem contar que eu estava curiosa pra saber o que tanto Catarina queria comigo. Luiza insistia em ir comigo, eu sabia o quanto ela estava preocupada, mas eu também sabia que aquilo eu tinha que resolver sozinha.

:- Não precisa amor, mas qualquer coisa eu te aviso ok? - me aproximei dela que estava do outro lado do balcão da cozinha e lhe dei um beijo rápido - Volto logo - calcei o tênis e peguei as chaves do carro

:- Qualquer coisa me liga, te amo - sai do apartamento e desci de escadas mesmo, não estava com paciência pra esperar o elevador, minha ansiedade estava a mil. Fui para a garagem e entrei no carro, eu tinha combinado de ir até a casa que eu fui criada por um longo tempo da minha vida, era lá que teríamos a conversa. Era um pouco longe, já que era em uma parte mais nobre de São Paulo, então demorei mais ou menos uns 40 minutos pra chegar até lá. A fachada continuava a mesma coisa, não havia mudado nada. Sai do carro e toquei a campainha, escutando um "já vai" dentro da casa.

:- Valentina? - parada na porta estava minha irmã Rebeca, a gente sempre se deu muito bem e assim como meu irmão Arthur, eu fui afastada deles bruscamente - Valen - ela nem me deu tempo de responder nada e me puxou para um abraço apertado - Que saudade - eu apertava ela e sentia vontade de chorar. Foram longos 8 meses que eu não via eles, apenas chamada de vídeos

:- Que saudade Beca, tá tudo bem? - ela me puxou e me levou até a sala me fazendo sentar no sofá. Eu conhecia aquela casa do avesso, mas ali eu era uma completa estranha

:- Sim, er... quer dizer, acho que sim né - olhei pra ela confusa e iria perguntar o porque, mas escutei os saltos descendo as escadas e já sabia de quem se tratava - Vou deixar vocês conversarem a sós - Rebeca saiu e eu fiquei sozinha com a razão das minhas noites mal dormidas de um tempo pra cá

:- Olá Valentina, que bom que finalmente aceitou vir até aqui - ela se sentou na poltrona que era aonde seu marido costumava a ficar e me olhou - Aceita alguma coisa? Uma água, um suco? - eu não estava entendendo o motivo dela está sendo tão cordial comigo, era de se desconfiar

:- Não, eu tô bem assim. Agora, me fale o motivo de ter me chamado aqui - fui direta e ela desviou o olhar, suspirando como se tivesse tomando coragem pra falar

:- Não tem um forma menos dolorosa pra dizer...seu pai faleceu Valentina - não esbocei nenhuma expressão e não senti nada com a informação, afinal de contas o marido dela não era meu pai e eu nunca o considerei nada meu

:- Ok! Você me chamou aqui pra isso? - era no mínimo muito estranho minha mãe ter me chamado pra contar isso, afinal ela sabia que eu não me abalaria com a notícia, então ela estava me sondando e eu sentia que coisa ruim viria aí

:- Achei que pelo menos você ficaria triste, já que ele te criou quase a sua infância toda - revirei os olhos e já me preparei pra levantar, não perderia meu tempo mais - Mas, não foi exatamente pra isso que eu te chamei - ela cruzou as pernas e seu olhar se tornou meio frio, eu não consegui entender suas intenções - Bom, com a morte do Paulo, achei que você ia querer voltar a morar aqui, afinal seus irmãos sentem sua falta e eu também filha - eu sinceramente estava chocada com aquela informação, era até um pouco chocante ouvir aquelas palavras saindo da boca dela depois de tudo o que rolou naquela casa - E já deu tempo o suficiente pra você se curar daquela sua fase de ficar com meninas, não é? Então o que me diz? - ela sorria como se aquela ideia fosse extraordinária. A olhei incrédula e levantei, estava bom demais pra ser verdade.

:- Primeiramente, não é uma fase, é o que eu sou - eu estava com raiva e desacreditada que ela tinha mesmo dito aquelas coisas - Você querendo ou não, eu vou gostar de meninas pra sempre. E sabe o que mais? Eu estou trabalhando, tendo o MEU próprio dinheiro, morando na minha PRÓPRIA casa, construindo MINHA própria vida e não preciso mais do seu dinheiro pra nada - cuspi as palavras em cima dela e vi que ela recuou com a forma que eu joguei as coisas em sua cara, mas ela sempre dava um jeito de estragar e foder tudo mais ainda

:- Então não temos mais nada pra conversar, saia da minha casa e continue com a sua vidinha de merda - ela levantou e gritou apontando o dedo na minha cara - E nunca mais você vai vê seus irmãos, sua lésbica nojenta - eu sentia vontade de chorar, vi minha irmã me olhando do alto da escada chorando e negando com a cabeça.

:- Eu quero esquecer que um dia eu fui sua filha - sai o mais rápido possível secando as lágrimas que desciam sem parar do meu rosto e entrei no carro. Pensei em ligar pra Luiza, mas queria ficar sozinha e não encher ela com os meus problemas, então dirigi o carro sem rumo saindo dali o mais rápido possível.

Parei quando percebi que estava em frente ao parque, as pessoas ainda estavam de férias e por isso o parque estava meio cheio. Andei até o lago e me sentei de frente pro mesmo deixando as lágrimas caírem. Por que a vida tinha que me sacanear dessa forma? A minha própria mãe, era inacreditável. Meu celular tocou e eu vi que era uma ligação da minha namorada, eu deveria saber o quanto ela estava preocupada, mas aquele momento queria ficar sozinha com meus pensamentos, então não atendi. Ela ligou mais algumas vezes e logo depois começou a me mandar várias mensagens, não respondi nenhuma e bloqueei o aparelho. Eu nem percebi quanto tempo tinha ficado ali, mas sabia que era tarde, já que o sol já estava se pondo e estava começando a escurecer. Luiza deveria estar super preocupada, era injusto com ela.

Fui até o carro e dirigi calmamente até o apartamento, estacionando e subindo o elevador até o meu andar. Escutei alguns latidos finos do filhote e abri a porta com a minha chave.

:- Valentina meu Deus, aonde você estava? - Luiza veio correndo na minha direção analisando todo o meu estado - O que aconteceu? Por que não me atendeu ou respondeu minhas mensagens? Eu estava ficando louca aqui de preocupação - eu ainda estava sensível e quando ela me abraçou eu comecei a chorar, agarrada em seu corpo, procurando o conforto que só ela tinha - Ei meu amor, fica calma, eu tô aqui - ela me apertou contra si e começou um carinho nas minhas costas, me fazendo um cafuné. Depois de um tempo, consegui me acalmar e contei tudo pra ela. Luiza queria ligar pra Catarina e xingar a mesma, mas eu só preferia esquecer a existência daquela mulher

:- Eu só fico mal porque meus irmãos são uma parte de mim e eu não queria ter que ficar longe deles - eu não tinha conseguido vê Arthur, já que ele estava na casa dos meus avós, mas vê minha irmã tinha sido muito importante pra mim e eu não queria perder aquilo

:- E você não vai, ela não tem esse direito. A Rebeca já tem 18 anos e o Arthur é louco por você amor, você não vai ficar longe deles - ela me abraçou e começou um beijo calmo. Eu sentia meu corpo anestesiado, era sempre assim quando ela me beijava, eu ficava fora de órbita e sentia todo o meu corpo flutuando. Ela era o meu maior ponto de paz - Eu amo você, amo muito Valentina e você não vai precisar mais dela pra nada. Nós vamos ter as nossas coisas, a nossa casa, o nosso dinheiro, os nosso filhos, a nossa própria família - ouvir ela falar que queria ter filhos comigo, me fez abrir um sorriso largo. Imaginar Luiza grávida e uma miniatura dela com características nossas era demais pro meu coração

:- Eu te amo Lu, obrigada por me dar colo, ser minha base e meu refúgio. Não sei o que faria sem você - ela beijou minha testa e acariciou minha bochecha

:- Eu nunca deixaria ninguém te atacar, não enquanto eu estiver aqui com você e do seu lado. Vai ficar tudo bem - ali com ela, abraçada em seu corpo, sentindo seus beijos e seus carinhos, eu acreditei que tudo poderia sim ficar bem.

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