Capítulo 24 - Me perdoa.

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Ela não se movia mais, nem mesmo sua respiração podia ser sentida. Nenhum movimento era visto. Eris parou de senti-la. Não era possível, não de novo, ela não...

— Stella! — ele gritou, no chão ferido próximo as janelas.

Mesmo ferido, ele foi até ela com Lucien, também quase sem forças, em seu encalço. Helion, Rhysand, Cassian e Azriel tentavam destruir a barreira mais uma vez, e de novo, não obtiveram sucesso.

O mundo parecia ter parado naquele momento. Eris não via, nem ouvia nada além de Stella esticada no chão.

Sem vida.

— Não, não, não... — ele repedia ao se aproximar dela, com os olhos embaçados de lágrimas.

Ela não respondia.

— Stella, por favor, abras os olhos, por favor, não se vá. Não de novo. Stella!

Ele passava a mão em seu rosto, ombros e braços, tentava fazer com que ela acordasse, mas nada faria ela voltar. Eris não podia acreditar estar revivendo o pior momento de sua vida. De novo deixou de sentir aquele laço que os unia, de novo sentiu se apagar aquele brilho misturado a fogo que havia dentro de si. Não podia ser verdade, ele não acreditava ser verdade.

Beron gargalhava da situação com todo ar de superioridade e vitória.

— Irmão, eu sinto muito — Lucien sussurrou abaixado próximo a ele, também em prantos.

Gwyn soluçava olhando para eles, se culpando por não conseguir fazer mais nada, enquanto ouvia Eris dizer:

— Não. Não pode ser, de novo não. Ela não pode...

Eris com a visão turva soluçava e gritava, sentindo novamente aquela dor insuportável. Lucien o abraçou pela lateral, e também chorando, apoiou o irmão em seu peito. Nessa hora, o mundo se calou com o grito brutal de desesperado e de dor que saiu de um Eris debruçado nos braços do irmão. Era tão devastador que somente quem já passou por aquilo poderia saber.

Fogo começou a emanar do corpo de Eris. Tão quente que Lucien precisou se afastar. Com os olhos fervendo em um ódio antigo e descomunal, ele se levantou, olhando para Beron, que mantinha um sorriso de vitória no rosto.

— Você vai pagar por tudo que fez. A mim, a Stella, a minha mãe, a Lucien, a todos. Você vai pagar, seu desgraçado.

— E quem é que vai me fazer pagar, você? — Beron riu debochadamente.

— Ele não, mas eu sim — sussurrou uma voz feminina em seu ouvido.

Beron não teve nem mesmo tempo de sentir alguém atrás de si, até ela falar algo. Mal virou o rosto para ver uma Stella completamente diferente. Ela havia se transformado em uma deusa antiga, Ayla, deusa da lua, filha de Máni, o deus da lua, a milênios não vista.

Era tarde demais para conseguir ver algo a mais. Seu coração já havia sido arrancado do corpo, e bombeava na palma da mão de Ayla.

— Vá para o inferno, demônio.

Uma explosão na mão, e sangue escorreu por entre seus dedos. Ela havia estourado o coração de Beron sem nenhum esforço. Agora só restava um cadáver com um buraco no peito, caído ao chão.

Stella agora tinha seus cabelos brancos, como os seus olhos, que brilhavam tão intensamente quanto a luz do luar do lado de fora. Tudo nela brilhava, mas em seus cabelos o brilho era mais forte. Assim como os brincos longos com uma meia lua na ponta, que surgiram em cada orelha. Uma coroa de pontas também apareceu em sua cabeça, algo que parecia simbolizar o sol, como a coroa de Helion.

A Corte dos segredos (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora