Capítulo 27 - Família.

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Era o fim de tarde, quando Eris foi até a cela de Aries. Doía muito vê-lo ali, doía saber que um artista como ele, estava preso por consequência de uma criação desastrosa. E por mais que ele tentasse ao longo dos anos suprir o que faltava, ser o pai que os irmãos nunca tiveram, nada havia sido o suficiente.

— Irmão?

— Achei que depois de tudo, não me consideraria assim. — Uma voz melódica e calma saiu dos sombras de uma cela fria e escura.

— Sabe que jamais os abandonaria.

— Diga isso ao Ian, e talvez levara uma cuspida no rosto.

— Eu não queria que isso terminasse assim, Aries, eu...

— Você tentou, irmão. Não se preocupe, eu que escolhi errado e pagarei pelo meu erro. Só... me prometa que cuidará dela.

— Sempre.

— Como ela está? — A voz era apenas um sussurro.

— Passando um tempo longe daqui, sendo cuidada pelo parceiro dela.

— A mamãe merece ser feliz.

— Todos nós merecemos, Aries.

— Não existe esperança para mim, irmão.

Um silêncio ensurdecedor pairou entre eles. A verdade era que Eris não havia decidido o que faria com os irmãos, evitava pensar nisso, mas uma hora teria que decidir. Ao respirar fundo, acabando com o silêncio, ele disse:

— Eu deixarei isso aqui como você, faça proveito.

Eris não podia enxergar o irmão por completo, mas soube ver o quanto os olhos dele brilhou quando ele recebeu seu violão preferido, um caderno e uma pena com tinteiro.

— Sempre que precisar de mais tinta, pena ou cordas novas, me diga que trarei. — Eris sabia que aquilo ajudaria ao irmão para que ele enfrentasse suas consequências sem pensar em desistir de tudo, como já havia tentado fazer quando estava fora daquela cela. — Até breve, irmão. — E assim ele se virou, mas não sem antes ouvir o irmão sussurrar com a voz embargada um, obrigado.

☼ ☾* 

— Como foi com Aries? — perguntou Stella, sentada nas pernas dele na cadeira do escritório.

— Bem, eu acho. Acredito que talvez em alguns anos, ele... — Eris ficou cabisbaixo de repente. — Bom, eu não quero ser esperançoso demais, mas Aries não é mal, pelo contrário.

— Nenhum de vocês é, nem mesmo Ian. Todos apenas tiveram a infelicidade de serem filho de um crápula, sádico.

Mencionar o nome de Ian talvez não tenha sido uma boa ideia, percebeu Stella tarde demais.

— Dê tempo ao tempo, meu amor.

Eris sacudiu a cabeça para espantar os pensamentos e sorriu para a amada.

— E você, resolveu mesmo ir até o local da sua antiga casa?

— Sim, eu preciso voltar, mesmo que seja uma última vez. Virá comigo, certo?

— Como desejar, meu amor. Estarei com você. 

☼ ☾* 

Mais tarde naquele mesmo dia, os dois se encontravam sozinhos onde deveria está o antigo chalé, onde Stella viveu por anos.

— Como pode não haver nada? Eu morava aqui, você vinha até mim, aqui nesse mesmo local. Eu não entendo.

— Há coisas que ninguém explica.

A Corte dos segredos (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora