Era o fim de tarde, quando Eris foi até a cela de Aries. Doía muito vê-lo ali, doía saber que um artista como ele, estava preso por consequência de uma criação desastrosa. E por mais que ele tentasse ao longo dos anos suprir o que faltava, ser o pai que os irmãos nunca tiveram, nada havia sido o suficiente.
— Irmão?
— Achei que depois de tudo, não me consideraria assim. — Uma voz melódica e calma saiu dos sombras de uma cela fria e escura.
— Sabe que jamais os abandonaria.
— Diga isso ao Ian, e talvez levara uma cuspida no rosto.
— Eu não queria que isso terminasse assim, Aries, eu...
— Você tentou, irmão. Não se preocupe, eu que escolhi errado e pagarei pelo meu erro. Só... me prometa que cuidará dela.
— Sempre.
— Como ela está? — A voz era apenas um sussurro.
— Passando um tempo longe daqui, sendo cuidada pelo parceiro dela.
— A mamãe merece ser feliz.
— Todos nós merecemos, Aries.
— Não existe esperança para mim, irmão.
Um silêncio ensurdecedor pairou entre eles. A verdade era que Eris não havia decidido o que faria com os irmãos, evitava pensar nisso, mas uma hora teria que decidir. Ao respirar fundo, acabando com o silêncio, ele disse:
— Eu deixarei isso aqui como você, faça proveito.
Eris não podia enxergar o irmão por completo, mas soube ver o quanto os olhos dele brilhou quando ele recebeu seu violão preferido, um caderno e uma pena com tinteiro.
— Sempre que precisar de mais tinta, pena ou cordas novas, me diga que trarei. — Eris sabia que aquilo ajudaria ao irmão para que ele enfrentasse suas consequências sem pensar em desistir de tudo, como já havia tentado fazer quando estava fora daquela cela. — Até breve, irmão. — E assim ele se virou, mas não sem antes ouvir o irmão sussurrar com a voz embargada um, obrigado.
☼ ☾*
— Como foi com Aries? — perguntou Stella, sentada nas pernas dele na cadeira do escritório.
— Bem, eu acho. Acredito que talvez em alguns anos, ele... — Eris ficou cabisbaixo de repente. — Bom, eu não quero ser esperançoso demais, mas Aries não é mal, pelo contrário.
— Nenhum de vocês é, nem mesmo Ian. Todos apenas tiveram a infelicidade de serem filho de um crápula, sádico.
Mencionar o nome de Ian talvez não tenha sido uma boa ideia, percebeu Stella tarde demais.
— Dê tempo ao tempo, meu amor.
Eris sacudiu a cabeça para espantar os pensamentos e sorriu para a amada.
— E você, resolveu mesmo ir até o local da sua antiga casa?
— Sim, eu preciso voltar, mesmo que seja uma última vez. Virá comigo, certo?
— Como desejar, meu amor. Estarei com você.
☼ ☾*
Mais tarde naquele mesmo dia, os dois se encontravam sozinhos onde deveria está o antigo chalé, onde Stella viveu por anos.
— Como pode não haver nada? Eu morava aqui, você vinha até mim, aqui nesse mesmo local. Eu não entendo.
— Há coisas que ninguém explica.
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A Corte dos segredos (EM REVISÃO)
FanfictionHá segredos que de tão bem guardados, machucam. E se de repente Helion aparecesse com uma filha, da qual escondeu por séculos? E se essa filha tivesse alguns segredos que incluem o príncipe de uma certa Corte? E se a alma de Lucien tivesse sido n...