Um mês se passou entre muitas reuniões e pausas quentes com sua amada, nos dias que ela se encontrava ali. Tudo aos poucos ia sendo posto em ordem, mesmo a contragosto de alguns. Algumas das muitas mudanças que Eris pretendia implantar em sua corte estava se encaminhando, a começar pelos breves acordos firmados com as algumas cortes em reuniões informais que ele realizou ao longo dos dias. Jantares, almoços, cafés, uma infinidade de coisas que pareciam não terminar. E ainda tinha seus irmãos, que permaneciam presos nas masmorras do grande castelo da família, Eris não sabia de fato o que fazer com eles, na verdade, não queria ter que fazer o que era necessário. Condenar os irmãos, a quem ele ajudou a criar, que com toda a controvérsia de suas vidas, tentou ao máximo fazê-los se sentirem amados e acolhidos, a prisão por sabe-se lá quanto tempo, ou até mesmo pela eternidade era motivo de muitos de seus pesadelos.
Mas era outro tipo de pesadelo que o atormentava a séculos, um que o fazia acordar desesperado, suando frio, por diversas noites, e que se intensificaram nos últimos dias. Muito provavelmente por só agora está tudo começando a se acalmar, nas últimas semanas o cansaço era tanto que ele pegava no sono muito rápido. Aquela era uma das noites que novamente seus piores pesadelos viriam atormentá-lo.
Estava no fim de tarde, com um pôr do sol esplêndido quando ele se viu correndo por entre as árvores da densa floresta de sua corte. O desespero era imenso, ele precisava chegar antes deles, precisava tirá-la dali. A única coisa pela qual ele ansiava naquele momento, era salvá-la, mas temia ser tarde demais. Não foi, não naquele momento. Ele sabia bem o que precisava fazer, sabia que a perderia para sempre, mas ao menos tentaria fazê-la sobreviver e viver feliz em outro lugar, mesmo que fosse longe dele, para sempre.
Chegar na frente daquele pequeno, simples e charmoso chalé, não foi tão bom quanto das últimas vezes. Estar parado na frente daquela porta a ouvindo cantar lindamente pelo lado de dentro, fez com que uma lágrima triste escorresse em seu pálido rosto ao fechar os olhos.
— Meu amor, senti sua falta. — Ela parou a dança quando o viu entrar.
O rosto com sua comum máscara fria e indiferente, até um pouco arrogante. Uma que nunca havia usado ali, não com ela, não era preciso. Desde o primeiro momento ele soubera que poderia ser ele mesmo, coisa que conseguiu ser depois de um bom tempo, depois dela enfim o aceitar e não querer matá-lo toda vez que aparecia por ali.
— Algo de errado? Você parece... sério, estranho.
Foi um esforço descomunal sorrir sarcasticamente para ela, com a intenção de feri-la.
— Tão ingênua. Burra!
Ver a expressão de confusão e mágoa surgir no rosto dela foi como receber uma facada no coração. Doeu tanto.
— P-por que está falando assim?
— Você é idiota ou o quê? — Ele se aproximou dela a contragosto, apertando forte seu braço e antes de continuar sorriu diabolicamente: — Tão previsível. Uma fêmea que se finge de brava, mas que no fim não fim não passa de um qualquer.
— E-Eris...
Não, não, não. Ele não podia ceder, não agora. O tempo corria contra ele, precisava fazê-la fugir dali o quanto antes.
— Eu só te usei, Stella. E você, caiu! Estava tão desesperada por um macho que não resistiu a mim. Mas, cansei e agora... — Por um segundo ele falhou, quase desabando na frente dela, mas era tarde demais para voltar atrás. — Depois de te usar por uma última vez, farei com que desapareça desse mundo.
Era choque a única coisa que ele conseguia ver nela, tanto que não conseguiu ter reação, para o desespero dele. Ela precisava reagir, se soltar dele, ele jamais conseguia forçá-la a algo.
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A Corte dos segredos (EM REVISÃO)
FanfictionHá segredos que de tão bem guardados, machucam. E se de repente Helion aparecesse com uma filha, da qual escondeu por séculos? E se essa filha tivesse alguns segredos que incluem o príncipe de uma certa Corte? E se a alma de Lucien tivesse sido n...