Eris havia cumprido a promessa que fizera ao sobrinho e a cunhada, levara os dois para ver Ian. Aquela fora a despedida do filho. Ele não permitiria mais que Leon voltasse aquela prisão, não era lugar para criança. Isis estaria livre para decidir se o visitaria ou não. Mas decidiu junto a mãe do garoto que aquela fora primeira e única vez que ele estivera ali.
Eris orientou um dos guardas para que levassem os dois dali, porém permaneceu mais um momento, por algum motivo queria compartilhar com o irmão que em breve seria pai.
— Não que você gostaria de saber, mas em poucos meses serei pai. Minha parceira está esperando um bebê.
— E o que isso me importa.
Eris sentiu uma dor em seu peito ao ouvir o irmão falando daquela forma. No fundo ainda mantinha a esperança de que ele era bom.
— Eu queria ter podido fazer mais por nós, por nossa família.
Ian riu com sarcasmo, sentado no fundo escuro da prisão no calabouço do castelo.
— Nós nunca fomos uma família, Eris.
— Para mim sim, fomos e somos, quer você queira ou não.
— Nunca ouvi sendo tão sentimental...
— Me desculpe, irmão. Por tudo. — Eris o cortou. — Saiba que mesmo depois de tudo... eu amo você.
Um silêncio absoluto se seguiu, até Eris perceber que não poderia fazer mais nada, então virou as costas e seguiu pelo corredor. Parou quando ouviu Ian dizer baixinho:
— Você será um ótimo pai, um que eu não consegui ser. Seja feliz.
Assim Eris saiu, deixando para trás o irmão perdido em pensamentos sombrios.
☼ ☾*
10 anos depois
Dez anos se passaram e Isis continuou visitando Ian, mesmo que ele a humilhasse, até que chegou um dia em que ele perguntou o porquê dela voltar, mesmo que ele sempre a maltratasse.
— Porque sei que em algum lugar escondido aí dentro de você, ainda há ao menos alguns resquícios da pessoa por quem eu me apaixonei, da pessoa que você era antes do seu pai fazer sua cabeça. E eu ainda acredito que você é bom, mesmo que eu não o perdoe pelo que fez comigo durante anos, ainda espero que seja bom, por seu irmão, que tanto se esforça para salvá-lo, por sua família.
🌟ALERTA: Conteúdo sensível.🌟
Durante toda uma década, Ian ruminou pensamentos ruins, mesmo que o irmão mais velho não tenha desistido dele, a sensação era que, merecidamente, ele fora abandonado. E todos estavam certos de fazerem isso, ele não merecia o perdão de ninguém. E depois de saber que seu outro irmão fora libertado da prisão, há quase dois anos, Ian decaiu ainda mais, se é que era possível.
Perdeu bastante peso, quase não comia ou bebia, não aceitava qualquer sugestão de Eris. Foi levando a vida naquela prisão da pior forma, nem quando estava preso em Sob a Montanha, estivera tão mal. Talvez o peso de seus pensamentos estivessem o esmagando pouco a pouco e o ajudando a se definhar cada dia mais, até o dia que, sabe-se lá como, conseguiu pegar um metal pontiagudo da cintura de um dos guardas, sem que ele percebesse. E quando Eris, em uma das suas visitas semanais chegou à prisão, viu que sangue escorria pela cela escura do irmão, se desespeando ao vê-lo praticamente morto no chão.
— Ian, seu imbecil, por que fez isso? Irmão, por favor, fala comigo. — Lágrimas grossas caíam em seu rosto ainda mais pálido.
Eris gritava ao guardas e aos curandeiros, pedia por socorro, para que salvassem a vida do irmão, que por um milagre não foi ceifada.
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A Corte dos segredos (EM REVISÃO)
FanfictionHá segredos que de tão bem guardados, machucam. E se de repente Helion aparecesse com uma filha, da qual escondeu por séculos? E se essa filha tivesse alguns segredos que incluem o príncipe de uma certa Corte? E se a alma de Lucien tivesse sido n...