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Lauren's POV

As tardes de estudo pareciam intermináveis, eu olhava pela janela e às vezes nevava lá fora. Às vezes chovia. Às vezes, por entre as nuvens, o sol brilhava. Mas a maior parte do tempo eu passava com a cabeça enterrada nos livros sob a luz artificial da lâmpada que iluminava as páginas das minhas anotações

— Assim, um próton é uma partícula subatômica com uma carga elétrica positiva elementar... — eu estava falando comigo mesma com o marcador rosa logo acima da página, a caneta azul em volta do meu polegar. Era um truque que eu aprendi depois de tantas horas de aula e de tantas anotações.

De certa forma eu sentia falta da escola, sentia falta de ir na aula com a Camila, pegar ela pelo braço e me despedir na porta, tomar café da manhã com ela e quem sabe se ela me deixasse beijá-la antes de ir para uma aula.

Mas agora eu me sentia segura.

Agora eu não precisava mais olhar para trás, agora não precisava mais me preocupar com Luís e seus amigos. Agora ninguém me batia ou me machucava fisicamente... exceto se meu pai enlouquecesse outra vez. Isso não acontecia com frequência, apenas quando ele ficava com tanta raiva sem motivo. Ele tinha um problema mental, disso eu sabia com certeza.

Estiquei-me na cadeira, jogando a cabeça para trás, tentando tranquilizar um pouco a cabeça, tentando ao menos sair daquela grande monotonia em que eu estive mergulhada por algumas semanas. Olhei para a prateleira em cima da minha cama, lá estava o estojo de tintas que minha família me deu há algumas semanas, assim como os cadernos e a caixa de carvão. Eu podia ver as cores formando como um arco-íris através do buraco na caixa. Deus, minha imaginação correu solta só de ver aquilo, mas não, eu não poderia, não agora. Se eu quisesse sair dessa casa, tinha que me concentrar no que estava à minha frente, que eram livros, equações, prótons e mil datas da história, mil títulos de literatura. Tudo tinha que passar pela minha cabeça em algumas semanas.

Uma notificação chegou no meu celular, me tirando daqueles pensamentos de jogar os livros na trituradora da cozinha. Quando abri, era de uma das minhas postagens atingiu 50.000 notas no Tumblr. Como isso foi possível? Levantei da cadeira olhando para ela, analisando-a bem. Eu? Uma foto tirada por mim? Era fantástico.

Era a floresta à noite, coberta de névoa, mas com os galhos das árvores tentando escapar da névoa branca que se fechava sobre eles, com um riacho descendo forte das montanhas. As pedras eram vistas sob água clara, limpa e cristalina.

Desci as escadas sem parar de olhar meu celular e com um sorriso no rosto, orgulhosa demais do que eu havia conquistado. Talvez para meus pais isso fosse uma besteira porque eles não tinham noção do alcance que uma rede social como o Tumblr poderia ter.

— Uma foto minha tem 50.000 notas no Tumblr. — meu irmão Chris se virou e minha mãe ergueu os olhos da revista que estava lendo. — Olha. — aproximei o celular dele para ele ver.

— É muito bonito. — disse sorrindo, e minha mãe se aproximou do celular, balançando a cabeça sem dizer mais nada.

— Olha pai. — coloquei o celular na frente do rosto dele e ele olhou com uma leve careta, acenando e voltando a assistir TV.

— Sim, sim, Lauren. — ele não deu a mínima.

[...]

Camila's POV

— Vamos, Lauren, brinque comigo. — apertei o braço dela que estava ao meu lado na cama, movendo-o um pouco com uma risada.

— Não gosto desse jogo, Camz. No. — fiz uma careta quando a ouvi, recostando-me na cabeceira da minha cama com cuidado.

Cold - Português (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora