S é de Sorvete

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Lisa Manoban gosta de sorvete. Não, esquece isso Lisa Manoban ama sorvete, sempre amou, e sempre amaria. Mas também, quando criança, quem é que não amava sorvete? Você desejava isso toda vez que sua mãe apenas mencionava — hora do lanche. — Você iria tentar roubar uma tigela sempre que pudesse.

Essa foi uma coisa que Jennie e Lisa fizeram muito quando crianças. Sempre que conseguiam escapar para a cozinha, elas pegavam o pote de sorvete da geladeira e o escapuliam para o quarto de Lisa e simplesmente começavam a lambança, tacando qualquer louca cobertura que elas conseguiam inventar. Minhocas de goma. Negresco. Até mesmo batata frita! (Por mais estranho que pareça ambas realmente gostaram desse treco de batata com sorvete.) E apesar de todas as vezes que eram pegas e levavam uma bronca de suas mães por estragarem seus jantares, recebendo — uma lição por comerem tanta porcaria antes de dormir— quando acordavam com dores de barriga na manhã seguinte, elas ainda assim continuavam a fazer isso. Mesmo agora, como adultas, tinha vezes em que Lisa pegava o sorvete no freezer e seguia para o quarto de Jennie para comê-lo na cama com ela, ou vice versa.

Chocolate era, de longe, o sabor favorito de Lisa. Morango era um segundo lugar que chegava quase perto, mas a riqueza do sorvete de chocolate era uma coisa de outro mundo e, além disso, havia diversas variações dentro do espectro do chocolate. O preferido de Lisa era o de chocolate amargo Suíço. Tinha um gosto encorpado, rico. A primeira vez que ela provou o delicioso sorvete foi em uma festa de aniversário. Tinha sido a festa de onze anos de Colin O'Donoghue, e toda a sétima série estava amontoada na cozinha de sua casa, já que sua mãe havia arrumado uma mesa com petiscos, onde bem na extremidade dela, Lisa e Jennie avistaram o sorvete. Lisa ainda se lembrava do sorriso que se abriu no rosto de Jennie quando ela olhou para a loira e seguiu o caminho até a sobremesa, Lisa indo logo atrás dela.

Foi nessa festa que Lisa e Jennie deram seu primeiro e único beijo, durante um jogo de verdade ou consequência. Apesar de não lembrar o que Jennie vestia, ou se ela foi totalmente péssima no beijo ou não, Lisa conseguia lembrar que a boca de Jennie tinha gosto de sorvete de chocolate amargo Suíço. Nem de longe, nenhum outro beijo que ela já experimentara na vida havia sido tão doce quanto o seu primeiro.


...

Lisa tinha ficado estarrecida pela letra que tirou. Sua mente ficou em um grande vazio ao ler a letra no pedaço de papel. Ela havia mentido para Jennie quando ela perguntara na tarde de segunda-feira se já tinha uma ideia do que elas fariam no Domingo.

— Não se preocupe, Jen. Eu tenho uma carta na manga. — Lisa lhe dissera confiante, apesar de internamente vasculhar seu cérebro por alguma ideia, qualquer maldita ideia.

Jennie apenas sorrira para ela ao sair pela porta e ir trabalhar, Lisa havia se sentado à mesa da cozinha e tentado pensar em algo. Seu cérebro estava em branco - o que era estranho, afinal sendo uma pessoa que trabalhava com publicidade, era seu dever ter ideias rápidas.

No trajeto para o escritório, Lisa tentou pensar em alguma coisa, qualquer coisa, mas nada vinha, nem mesmo uma pequena impressão de ideia. Ela quase furou um sinal vermelho porque sua mente estava em outro lugar. O dia todo no trabalho na segunda-feira, ela havia tentado pensar em alguma coisa. Tentou procurar por algo na internet do computador da empresa, mas o firewall não permitia o acesso. Maldito firewall empata foda! Lisa pensou ao dar um tapa na tela, ganhando um olhar esquisito de sua secretária, que havia entrado em seu escritório.

A terça-feira não foi nem um pouco mais produtiva, tampouco a quarta. Era frustrante ficar lá sentado, com a mente vazia de ideias sobre o que fazer - mas se sentar em uma reunião e pensar em uma nova campanha para um novo cereal cheio de açúcar, foi fácil para ela. Foi só na quinta de noite, quando Lisa foi fazer compras de mercado com Jennie, que a ideia lhe surgiu, graças a ela. Elas estavam pagando as compras quando Jennie o empurrou para fora da fila e lhe disse para dar no pé.

ALPHABET WERKENDS - JENLISAOnde histórias criam vida. Descubra agora