ALPHABET WERKENDS - JENLISA

C é de Controle

Lisa amava estar no controle de tudo. De seu trabalho, de sua vida cotidiana, de sua vida sexual; sempre que existisse uma forma de tomar a frente da situação, ela a agarraria. Não existia, porém, sobre o assunto. Ela amava estar no controle de tudo. Isso estava gravado em sua natureza desde tenra idade. Quando Lisa tinha cinco anos, ela foi eleita o líder de seu grupo de amigos com quem brincava, pelas outras crianças desse círculo de amizade. Não é como se ela tivesse se autodenominado líder, mas seus amigos - bem, seus conhecidos de início de vida -, a elegeram como a seu representante, por assim dizer.

Quando ela estava no jardim de infância, sua professora dividira a turma em três grupos distintos, igualmente constituídos por pares. Cada grupo tinha três meninos e três meninas.

Lisa ficou de coração partido quando Jennie não fora escolhida para estar em seu grupo, e depois ela ficou observando como o grupo no qual ela tinha sido colocada praticamente a excluía das brincadeiras, dia após dia. Aquela a quem Lisa assistia sentada em um canto solitária, encolhida com uma cópia surrada de Clifford - O Cachorrão Vermelho em seu pequeno colo, era sua melhor amiga. Mesmo naquele tempo, Lisa sabia que seria o seu dever garantir a felicidade dela.

Ela então assumiu o controle da situação.

Após seu grupo ter o nomeado líder, ela chamou Jennie para sentar junto com elas. Mesmo com cinco anos de idade, Jennie era teimosa como uma mula. Ela protestou efusivamente, argumentando sobre como elas se dariam mal por quebrar as regras - já que o grupo era apenas formado por três crianças - e como o grupo dela iria ficar bravo com ela por meterem elas em confusão.

Lisa lhe disse para não se preocupar com isso.

Quando Jennie se uniu a elas durante a hora de brincar, a professora imediatamente notou. Ela atravessou a sala, indo em direção à mesa em que elas estavam sentadas e perguntou à Jennie o motivo de ela estar dividindo uma cadeira com Lisa, já que seu grupo estava sentado do outro lado da sala. Mas antes que Jennie pudesse responder, Lisa respondeu por ela. Aos cinco anos ela já era encantadora.

— Bem, Srta. Cope, aquele grupo fica a ignorando. Não é assim que um grupo deve funcionar. Então a gente a convidou para sentar com o nosso grupo. Tem algum problema? — Lisa perguntou, o mais doce e timidamente possível, e isso funcionou como mágica. Ela era um garotinha linda, com aquela gloriosa confusão loira de cabelos, bochechas rosadas, e grandes, hipnotizantes olhos verdes.

— Você está certa, Lisa. — A professora falou, uma pitada de orgulho em sua voz. A Srta. Cope tinha observado Jennie enquanto o seu grupo a deixava no ostracismo. Ela também reparou em como Lisa e seu grupo haviam observado Jennie, especialmente Lisa. Ela estivera sempre de olhos nela durante a semana na qual o grupo a colocou de lado. A Srta. Cope tinha visto a expressão sombria no rosto dela toda vez que Jennie enxugava as lágrimas em seu pequenino rosto. Ela sabia que seria apenas uma questão de tempo até que Lisa convidasse Jennie para se unir ao grupo dela.

Aquela foi a primeira vez em que Lisa tomou as rédeas da situação, mas não foi a última.

Aquele dia a havia dado um gosto do poder que o controle possuía. A partir daí, Lisa sempre tentou se configurar em um papel que exercesse poder. No primário, havia sido o papel de líder dos grupos de trabalhos escolares. No ensino fundamental, fora o papel de presidente de turma do oitavo ano, e no ensino médio foram os papéis de quase tudo: de capitã do time de futebol, de presidente do corpo estudantil, de presidente da Sociedade de Honra Nacional - diabos, ela era até o presidente do clube de Ciências e Tecnologia, e Lisa mal comparecia às reuniões.

Poderia até se dizer que ela controlava a amizade que tinha com Jennie, mas não de uma forma ruim... talvez. Lisa tinha sido a pessoa a acalmar Jennie no supermercado, no dia em que elas se conheceram. Ela tinha sido a pessoa a persuadir Jennie a entrar em seu grupo; ela havia sido a pessoa que convencera Jennie a ir ao aniversário de onze anos de Jackson Wang; e sim, havia sido ideia dele que elas perdessem a virgindade uma para a outra, e até mesmo atualmente, havia sido sua ideia começar essa louca brincadeira do alfabeto, e isso estava a torturando lentamente.