ALPHABET WERKENDS - JENLISA

Cinco a menos, vinte e uma por vir.

Lisa acordou com um sobressalto na manhã de domingo, e a causa não foi um sonho ou pesadelo. Foi porque ela sentiu Jennie rolando para o outro lado da cama, e essa era a última coisa que queria. Lisa se virou para puxá-la de volta, mas parou o movimento, e voltou seu braço para onde estava antes mesmo de encostar nela. Ela parecia incrivelmente serena, seu corpo nu enroscado em uma posição fetal. Ela não conseguia ver o rosto de Jennie nessa posição, mas podia imaginar a calma que sua feição estaria mostrando.

Lisa continuou deitada, porém acordada, na cama depois disso. Lisa era uma dessas pessoas que uma vez acordadas, seria definitivo, ficaria acordada até que fosse dormir mais tarde à noite. Ela ficou observando Jennie dormir, maravilhada pela curvatura da coluna dela, e na tentação de correr um dedo por aquele pilar de ossos. De onde estava deitado, ela via as marcas de catapora que Jennie adquirira quando tinha seis anos. Suas mães as alertaram para que elas não coçassem as feridas. Mas o que elas esperavam? Caramba, elas nem conseguiram manter Lisa longe de Jennie quando ela ficou doente, o que o levou a pegar catapora também.

Se você parasse para pensar, a situação tinha sido de fato bastante adorável. Apenas imagine uma versão de seis anos de idade de Lisa fazendo uma grande pirraça para que ela pudesse visitar sua melhor amiga que estava doente, o que em troca a fez adoecer também, coisa que somente pareceu deixá-la ainda mais feliz. Primeiro porque ela não tinha que ir à escola; e segundo, porque o tempo que ficou sem ir às aulas, Lisa passou se recuperando junto com Jennie. Lisa riu baixo enquanto seus dedos subconscientemente começaram a percorrer um pequeno caminho por entre as pequeninas cicatrizes circulares, se recordando de como ela tinha a ajudado a coçar os locais onde Jennie não conseguia alcançar, e como ela fez a mesma coisa por Lisa.

Ela parou seus movimentos quando Jennie se mexeu enquanto dormia. Ela soltou um ínfimo gemido antes de rolar de volta na direção de Lisa . Ela sorriu largamente enquanto Jennie se aninhava contra ela, o quente corpo feminino parecendo tenro e suculento contra o de Lisa . Seu braço encontrou seu caminho ao redor das costas de Jennie, e sua mão livre rapidamente se encontrou entrelaçada no cabelo dela. As mechas estavam embaraçadas e bagunçadas das atividades de ontem, e mesmo assim a sensação era de maciez entre os dedos dela. O cabelo dela ainda continha até um leve resquício do cheiro de maçã.

Mais uma vez, ela se pegou sorrindo ao inalar o doce e frutífero aroma.

Jennie sempre usara xampu com essência de maçã. Lisa nunca entendeu o porquê mulheres usavam cosméticos que as fizessem cheirar como doces; ela jamais gostou muito disso, porém adorava esse cheiro em Jennie. Era reconfortante e intoxicante, tudo num único odor. Lisa riu de leve quando uma pequena trilha de baba começou a escorrer pelo seu peitoral, vindo da boca de Jennie. Na maioria dos casos, se fosse qualquer outra pessoa, ela acharia isso nojento, mas depois de todas as vezes que ela segurara Jennie enquanto dormia e ela acordava gritando apavorada, isso era bem-vindo e revigorante. Isso significava que ela estava dormindo profundamente, e esse fato o fazia esquecer-se da saliva quente que chegava mais perto de seu umbigo a cada vez que Lisa respirava.

Seu braço estava começando a ficar dormente sob o peso de Jennie, e ainda assim ela não conseguia ter nem o desejo, nem a força de vontade para se mover daquela posição desconfortável. Lisa estava satisfeita onde estava. No momento, ela estava feliz com Jennie em seus braços, mas uma rápida espiada no relógio na mesinha de cabeceira o recordou de que ela tinha que começar o seu dia, precisava trabalhar em uma nova campanha para uma inédita pasta de dente para crianças.

Lisa olhou para Jennie e então novamente para seu relógio-despertador, gemendo. Ela sabia que tinha que se levantar, mas a perspectiva de ficar deitada na cama o dia inteiro com Jennie soava tão melhor do que aquilo.