Duas semanas depois...

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Inquieta seria a melhor palavra para descrever Jennie enquanto ela esperava seu voo decolar.

Sua perna continuamente balançava em movimentos erráticos, para cima e para baixo, ao passo que suas mãos tamborilavam os dedos uns contra os outros. Tal comportamento ansioso conseguiu até mesmo ganhar a atenção de um passageiro ao seu lado, que não parava de olhar para Jennie. Ele fazia uma carranca toda vez que os dedos dela se tocavam, pois os berloques em seu bracelete chocavam-se, produzindo um som alto e agudo.

—Você tem medo de avião?— o homem ao seu lado perguntou-lhe, impaciente.

—Ah, não,— Jennie respondeu e parou seu movimentos. —Estou apenas ansiosa para chegar em Nova York.

—Vai encontrar com algum amado?— Perguntou o senhor, e Jennie foi incapaz de não responder a pergunta, embora se fosse em outra ocasião, ela teria escolhido ignorar o desconhecido. Lisa era muito mais hábil nesse tipo de coisa, sempre conseguindo manter conversas com qualquer pessoa, aonde quer que ele fosse.

—Sim, a minha namorada,— respondeu com sinceridade, tombando a cabeça para frente e virando-a para longe tentando, basicamente, esconder o enorme sorriso que se espalhou em seu rosto.

—Perdão pela intromissão, mas há quanto tempo vocês estão juntas?— O idoso sorriu gentilmente para Jennie que franziu o cenho ao perceber que o assunto "namorada" não veio com tom de preconceito.

—É uma longa história...

—Ora, é um longo voo, minha cara,— respondeu o homem.

—Nós nos conhecemos quando crianças e só recentemente nos demos conta do que havia entre nós. Pode parecer que foi algo que surgiu do nada, mas pra ser sincera, eu acho que esse 'algo' sempre esteve presente.

—O amor tem suas lógicas malucas-..

—Jennie! — ela se apresentou e sacudiu a mão do senhor.

—Elliot! ,— respondeu ele. —Bem, desejo tudo de melhor para vocês duas

Jennie agradeceu-lhe e em seguida parou de falar. Por um momento, ela quis castigar-se por ter monopolizado a conversa, como o fez.

Durante o restante do voo, ela permaneceu irrequieta em seu assento, vez ou outra puxando papo com Elliot sobre coisas aleatórias - como o fato de as companhias aéreas cobrarem preços absurdos pela comida nos aviões.

Ela tentou ler o manuscrito que tinha trazido consigo do trabalho, mas sua mente não sossegava. Ela estava completamente desconcentrada no texto, tendo que constantemente reler as mesmas frases. Nem mesmo o filme que passava à bordo havia prendido sua atenção; ela estava ansiosa demais e pronta para sair correndo daquele avião. Jennie tentou tirar um rápido cochilo, porém foi em vão, seus nervos estavam à flor da pele. Quando o voo chegara na marca da quinta hora, ela já estava praticamente tremendo em sua cadeira.

Quando Jennie finalmente conseguiu começar a pegar no sono, o capitão anunciou que eles estavam prestes a pousar no aeroporto de Nova York, o JFK.

Enquanto o avião descia, os nós no estômago de Jennie começaram a apertar. Um dos motivos era o fato de essa sempre ter sido a parte do vôo que ela mais detestava, e o outro, era porque ela estava simplesmente a poucos minutos de encontrar com Lisa.

A ansiedade estava lhe matando.

Pareceu uma eternidade e mais um dia até que ela conseguisse sair do avião. Ela andou ao lado de Elliot em direção a esteira das bagagens, e foi aí que seus nervos ficaram ainda piores. Era ridículo estar tão nervosa dessa maneira, e no entanto, ela não estava nervosa só por estar. Na verdade, ela estava somente ansiosa e desesperada para olhar para Lisa, para abraçá-la e até mesmo sentir o seu cheiro.

ALPHABET WERKENDS - JENLISAOnde histórias criam vida. Descubra agora