Quatro a menos, vinte e duas por vir.

432 55 3
                                    


Lisa se sentiu vazia ao acordar na manhã seguinte. Não tinha sido a primeira vez que se sentira assim, mas a sensação hoje fora pior do que nunca. Esse tinha sido o primeiro fim de semana que acordara sozinha em mais de um mês. Foi uma sensação estranha. Ela estava acostumada a acordar sozinha, não era um conceito tão bizarro, mas no último mês Lisa tinha ficado acostumado ao corpo quente ao lado dela nas manhãs de domingo. Ela gostava daquilo, mais do que devia. Lisa se revirou na cama e os lençóis vazios e supergelados sob seu torso nu pareciam frígidos e artificiais. Em outros tempos, ela amava rolar para o outro lado da cama e encontrar o espaço fresco, especialmente nos meses de verão quente e úmido. Mas agora, agora apenas parecia árido e solitário.

Ela precisava de alguém lá; ansiava pelo seu calor.

Lisa ficou deitada no lado gelado da cama tentando aquecê-la com seu próprio calor corporal, mas não estava funcionando. Eventualmente, ela reuniu energia suficiente para se levantar da cama e ir para o banheiro.

Dessa vez ela usou sua própria escova de dente.

Novamente, ela encontrou Jennie no sofá, assistindo info-comerciais sem prestar atenção, e envolvida em uma manta que a mãe de Lisa tinha comprado para elas jogarem por cima do sofá.

— Bom dia. — Lisa cumprimentou, sua voz baixa caso Jennie estivesse com dor de cabeça. Seu cenho estava franzido, e seus olhos se espremiam na maneira como as pessoas fazem para colocar pressão no ponto da dor.

Jennie respondeu suavemente. — Bom dia.

— Você está legal, Nini? Você não parece muito bem.

— Estou bem, Lisa. É só que eu não dormi muito. Continuo tendo aquele sonho estranho.

O corpo de Lisa ficou tenso. Mesmo Jennie já tendo explicado antes que o sonho era completamente diferente do que ela tinha presumido, Lisa não conseguia evitar a súbita onda de preocupação que a tomou. Seu coração batia mais rápido e ela podia sentir a adrenalina em seu corpo funcionando, causando uma fina camada de suor que se formava na extremidade de suas sobrancelhas.

— O que você quer dizer com estranho, Jennie? — Lisa perguntou bruscamente. Ela estava nervosa. A última coisa que queria era que Jennie começasse a ter aquelas pesadelos novamente.

— Relaxa, Lisa! — Jennie a confortou, batendo gentilmente em seu braço. — Eu já te disse, é um sonho bom - eu acho... Não sei. Eu sempre acordo porque eu não consigo descobrir o que ele significa.

Lisa então relaxou ao ouvir a explicação de Jennie. A reação dela era inevitável. Ela sempre teve uma percepção - uma necessidade, digamos - de proteger àquelas que ela amava, mas com Jennie era uma situação totalmente diferente. Havia nela uma urgência em sempre mantê-la segura, estar lá para pegá-la quando ela caísse, estar presente para abraçá-la quando ela chorasse ou quando ela se chateasse e tentasse socar uma parede. Era algo inexplicável, mas ela não conseguia evitar.

Lisa apenas precisava saber que ela estaria sempre segura.

— Então, o que tem de tão confuso nesse sonho que não te deixa dormir? — Perguntou curiosa, ela realmente queria saber, e o rubor que lentamente se espalhava pelo rosto de Jennie fazia aumentar seu interesse.

Jennie sacudiu a cabeça em recusa. Sem chances que ela iria contar a Lisa sobre a pessoa sem face. Ela tinha uma leve suspeita de que Lisa riria da cara dela.

— Qual é, Jennie. Me conta. Deve ser um sonho muito bom mesmo para deixar você assim toda perturbada. — Ela a provocou, a induzindo a contá-la. Devia haver uma razão, alguma explicação lógica para ela estar corando. — É um sonho molhado, não é? Você faz sexo bem safado com alguém nele. Quem é? Ahn? Quem? Será que você está assim toda apavorada porque é um sonho erótico com uma garota? Quero dizer, eu sou uma garota, mas não tenho uma boceta e esse assunto deve te apavorar! — Ela continuou a sugerir, tentando de qualquer maneira arrancar uma resposta dela.

ALPHABET WERKENDS - JENLISAOnde histórias criam vida. Descubra agora