A Última Letra.

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Lisa acordou cedo na manhã de domingo, gemendo quando seus músculos protestaram até contra o menor dos movimentos. Não importava qual parte do corpo ela mexesse - tudo doía. Tinha sido doloroso até inclinar sua cabeça para olhar Regina, e, no entanto, era uma dor com a qual ela não se importava.

O dia anterior havia sido um grande passo em seu relacionamento com Jennie - se é que esse era o título daquilo que estava rolando entre as duas. Elas ainda não tinham conversado sobre o assunto, mas Lisa estava mais do que certa que 'um relacionamento' era o que elas tinham, independente da falta de rótulo. Seu palpite era que a palavra 'namorada' não precisaria ser discutidas entre elas; já estava explícito e claro.

Lisa se virou lentamente e pousou sua cabeça na palma de sua mão a fim de olhar para Regina, tentando ao máximo não mover seu corpo muito bruscamente. Jennie estava em um sono profundo, aninhada contra o peito da loira. Seu cabelo estava espalhado como um leque sobre a cama, caindo sobre seu rosto e também sobre partes do peito de Lisa. Sua respiração era estável e sua mão estava agarrada a um lado do quadril dela, seu dedo mindinho escondido sob a cintura enrolada do moletom de Lisa.

Ela parecia tão serena enquanto dormia.

Por alguns minutos, Lisa apenas ficou observando-a, deixando que sua mente atordoada descansasse. O sono da loira tinha sido perturbado, já que passara a maior parte do tempo revirando-se na cama antes de finalmente conseguir adormecer.

Sua mente estivera consumida pelos rumores no trabalho, e não somente por aquele que ele tinha mencionado a Regina. O rumor que a preocupava era aquele que elevaria sua carreira a um outro patamar, e era tudo o que Lisa sempre esperou desde que começara a trabalhar na empresa.

Entretanto, diversas coisas tinham mudado, tudo estava diferente agora.

Agora havia outra pessoa na equação, alguém que ela tinha que levar em consideração, e era só nisso que pensava nos últimos dias. Lisa havia tentado deixar a questão de lado, mas sabia que Jennie estava percebendo que tinha algo errado - ela sempre conseguia reconhecer os sentimentos dela.

Lisa penteou uma mecha que caíra no rosto de Jennie para trás de sua orelha, certificando-se de não acordá-la. Ela pôs uma mão sobre a lombar dela e lentamente percorreu sua coluna com os dedos, para cima e para baixo. Jennie soltou um som como o de um ronronar, ainda adormecida, e Lisa sorriu para si mesmo, sacudindo a cabeça.

Lisa ainda não conseguia acreditar que havia demorando tanto tempo - mais de vinte anos - para ela finalmente enxergar o que sempre esteve bem diante de seus olhos.

O dia de ontem tinha sido tão intenso. Embora tivesse sido um dia divertido, tinha sido muito diferente do cotidiano delas.

Era claro que um dia como aquele havia sido necessário para a relação, por mais emocional que fosse. Lisa entendera que Jennie precisava dizer tudo o que estava sentindo e que aquela fora a única forma que ela havia encontrado para expressar isso - mesmo que o coração da loira tivesse ido parar em sua garganta quando Jennie sugerira que elas pulassem do penhasco. As imagens de anos atrás haviam bombardeado sua mente enquanto Lisa olhava pela ribanceira do penhasco, e, no entanto, ela pulou. E Lisa estava extremamente grata por ter pulado, mesmo que seu corpo inteiro agora protestasse contra tal sentimento.

Perdida em pensamentos, Lisa não reparou que os olhos sonolentos de Jennie tinham aberto. A mão dela tinha subido pela lateral do corpo da loira até chegar a seu rosto, sem que ela sequer percebesse. Jennie estava tentando desfazer a tensão no cenho de sua amiga.

— Está fazendo contas de cabeça, Manoban ? — ela provocou, sua voz pesada de sono. Lisa olhou para baixo e viu que ela ainda estava acordando: seus olhos eram apenas pequenos filetes, mas a loira conseguia avistar um pedaço daqueles adoráveis olhos escuros.

ALPHABET WERKENDS - JENLISAOnde histórias criam vida. Descubra agora