7. Trégua

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Clarke

Os pássaros se silenciaram e apenas o ruído da brisa forte contra as folhas de pinheiro se fazia ouvir. Era uma sensação de equilíbrio tão agradável que quase fizera Clarke se esquecer da atual e lastimável realidade.

Estavam a busca de uma garota que vagarosamente se tornou uma amiga pra Clarke, a garota que batalhou a infância inteira pela própria vida, que agora não se sabe mais se terá alguma chance de aproveitar a liberdade. E o Blake quase convenceu Clarke de que a culpa era dela, mas não era - ou estivesse tentando acreditar que não.

- Tomem cuidado, não sabemos o que pode existir aqui - avisou Wells, olhando diretamente para Clarke.

A verdade era que ele só se importava com a segurança de Clarke e Octavia ali, como se não conseguissem se proteger, mas Clarke não tinha a convicção de que poderia voltar a crer em Wells, não depois de arruinar sua confiança e mentir por mais de 10 anos sobre a existência de Octavia.

Clarke tinha somente cedido um passo, quando sentiu o chão submergir e seu corpo deslizar para o interior da terra. Ela fechou os olhos, se ocasionando para seja lá o que estiver lá embaixo, mas nada aconteceu. Percebeu que tinha o punho agarrado pela mão de Bellamy, os pés oscilando sobre lanças pontudas e volumosas apontadas para cima.

Ela manteve contato visual com o Blake por longos minutos, ambicionando que ele dissesse algo e a repuxasse para cima, mas Bellamy permaneceu estático, encarando o azul profundo dos olhos dela. Talvez Clarke planejasse agradecer, e realmente o faria se o clima não tivesse sido rompido por Wells, que se aproximou e lhe agarrou com cautela até a superfície.

Clarke fixou Bellamy percorrer a mão direita pelos cabelos úmidos de suor e varrer a garganta, aparentemente aflito, antes de Murphy começar a falar e receber integral atenção de Bellamy.

- Ou sabem onde estamos, ou talvez estejamos perto demais da casa deles ao ponto de criarem armadilhas, por segurança - enunciou Murphy, se afastando da fenda em que Clarke quase caíra.

- Prefiro acreditar na segunda opção. Se estamos no território deles, estamos próximos a Octavia - replicou Bellamy. - Vamos continuar andando e parar logo depois. Acredito que ainda não levaram Octavia, e se estiverem a caminho, os veremos.

- E então atacamos? - indagou Murphy, os olhos cintilando. Ele de fato ama uma adrenalina.

- E então atacamos.

...

A lua se manifestou e o frio da noite apoderou Clarke. As árvores dançavam conforme o vento fluía e o som da correnteza teria feito Clarke encantar-se, apesar de se sentir extremamente culpada por imaginar a situação atual de Octavia.

Estavam possivelmente congelando sem a alternativa de abrasar uma fogueira, mas aquilo nem parecia desestabilizar Bellamy. Ele estava sentado ao longe, abraçando os joelhos ao mesmo tempo em que tinha o olhar guiado para o chão, visivelmente deplorável.

- Obrigada - Clarke agradeceu, avizinhando seus corpos enquanto sentava-se ao lado dele. - Não sei porque fez aquilo, mas obrigada por me salvar.

- Teria feito o mesmo com qualquer outra pessoa - respondeu ele, mas então remodelou sua frase. - Na verdade, Clarke, tem algo que quero te dizer.

- Bom, vá em frente - ela finalmente moveu seus olhos a Bellamy, surpreendendo-se quando observou lágrimas transbordarem dos olhos dele. - Bellamy..?

- Me desculpa, Clarke. Eu fiz tudo o que não deveria fazer, agi da pior forma. Eu perdi minha irmã e.. - Bellamy parou, apenas consentindo que o silêncio se instale, antes de prosseguir. - Culpei você mesmo sabendo que nada daquilo era sua culpa. Eu sempre acabo machucando todos ao meu redor, e agora não foi diferente. Eu sou um monstro, Octavia concordaria comigo.

- Claro que não! Bellamy, você passou por muita coisa e acho que consigo entender como se sente. E eu aposto que Octavia é muito grata por ter você como irmão. Você dedicou sua vida a cuidar dela, arriscou sua educação somente por ela - Clarke depôs a mão sobre a dele, buscando as palavras certas para que pudesse se expressar. - Eu preciso de você, nós precisamos. Aliás, vamos encontrar Octavia o quanto antes

Clarke minimamente se arrependeu de dizer aquilo, mas não deixaria de ser um fato, certo? Precisaram dele pra fugir de Arkidia, precisaram dele pra conseguir comida. Por mais que seu passado com Bellamy não tenha sido o melhor, talvez deixar tudo aquilo de lado fosse necessário.

Eles trocaram olhares. Mais uma vez Clarke tentara descobrir o que se exercia na mente de Bellamy. Mesmo o vendo forte e ousado agora, Clarke ainda conseguia mirar o adolescente de 14 anos revoltado e covarde que Bellamy era - não que revoltado estivesse fora de questão atualmente.

- Até que você não é tão chata - mesmo com lágrimas nos olhos, Bellamy não deixava o sarcasmo partir. Clarke permitiu que um sorriso se exibisse em seus lábios. - Mas não quero que ninguém saiba sobre o que aconteceu aqui, vou perder minha fama de lobo mau.

- Tudo bem, lobo mau - ela o impulssionou com o ombro. - Mas é melhor ir dormir, vai precisar de energia se quiser encontrar sua irmã ao amanhecer.

Clarke levantou-se e deixou Bellamy para trás. Ao menos estava satisfeita por abandonar sua rivalidade com o Blake e por fim efetuar trégua, entretanto, torcia para que ele pensasse da mesma maneira.

"Tem pessoas
tão amargas
.

É com elas
que você deve ser amável."

-Notas-

Um capítulo pequeno apenas pra vocês descansarem da adrenalina e dos dramas de bellarke um pouco - não que as brigas parem - pois só vai haver caos a partir do cap 7 einKKK

Mas enfim, aguardem os próximos e por favor não se esqueçam de votar em cada capítulo, pra que assim eu tenha mais vontade de continuar esse livro.

Se cuidem. Beijos da autora💋💋.

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