63. Coração de Guerreiro

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Dylan

Tudo parecia parte de um sonho, um fruto da imaginação de Dylan. Bellamy se ajoelhou, arrancando as algemas de Newt com uma adaga. Não sabia se era a capacidade da lâmina ou a força assustadora de Bellamy que as fazia ceder tão facilmente.

- Você só precisa seguir o plano, beleza? - Bellamy perguntou, levantando-se e observando Newt se erguer com esforço.

Dylan desviou o olhar. Não queria olhar para Newt, nem para ninguém. Estava confuso demais, com raiva o suficiente para odiar todo aquele mistério.

- Tá. É fácil. Mas por que estamos fazendo isso? - questionou, sua voz carregada de desconfiança.

- Só confia em mim que tudo vai ficar bem. - Bellamy respondeu, as palavras soando como uma promessa vazia.

Aquelas palavras só aumentaram a raiva de Dylan. Bellamy virou as costas, lançando um último olhar a Dylan antes de seguir até a saída. Ele ouviu os passos de Bellamy ao redor da casa, indo de um lado para o outro, carregando caixas. Provavelmente tramando alguma coisa relacionada ao plano.

Newt estava olhando para Dylan. Ele podia sentir. Queria se virar, abraçá-lo, pedir desculpas por tudo e perdoá-lo pelas palavras em Arkidia, mas se conteve. Fingiu enxugar o suor da testa para disfarçar as lágrimas que ameaçavam cair, e seguiu até a porta. Mas seu braço foi rapidamente envolvido pela mão de Newt. Era óbvio que era a dele.

- Espera - A voz de Newt ecoou, quase como um gemido. 

Dylan se virou, relutante.

- Seja rápido.

Newt ficou parado, apenas encarando-o, e Dylan aproveitou para analisar melhor o rosto dele. Estava sujo, cheio de arranhões, e seu cabelo loiro agora estava tomado por terra, como se fora apagado. Como se parte das boas lembranças fossem aqueles fios dourados e aquela sujeira toda fosse a realidade.

Newt deu um passo para trás, abaixou o olhar, mas depois voltou a encará-lo. Dylan estava prestes a gritar, perder totalmente a paciência, mas foi surpreendido quando Newt o abraçou.

O gesto inesperado desarmou Dylan por completo. Ele sentiu a tensão em seu corpo se dissipar, a raiva dando lugar a uma mistura de alívio e tristeza. Abraçou Newt de volta, apertando-o com força, como se aquele abraço fosse a única coisa que os mantivesse ancorados à realidade.

- Me desculpa, cara - Newt sussurrou, a voz embargada. - Eu estraguei tudo. Perdi você, o Minho... até o Gally, porra...

- Vem cá - Dylan apertou Newt com mais força contra o seu corpo, deixando as lágrimas caírem livremente por um breve momento. Logo, afastou-se e segurou Newt pela nuca, forçando-o a encará-lo. - Larga de ser um bebê chorão.

- Hipócrita - Newt sussurrou, enxugando uma lágrima, mas logo depois começou a rir, e Dylan o acompanhou.

- Eu sei. Só relaxa, tá? Você é literalmente a pessoa que eu mais confio no mundo, mesmo depois de ter agido como um plong irritante. - Ele deu um tapa leve no ombro de Newt.

Mas Newt voltou a chorar, fungando, abraçando-se ao corpo de Dylan mais uma vez.

- Eu vou trazer o Minho de volta. Eu prometo pra você... Me desculpa.

Dylan não disse nada. Absolutamente nada. Não havia palavras para expressar o que sentia naquele momento. Minho fora uma das pessoas mais importantes em sua vida. Era ele quem defendia todo mundo quando Gally não estava. Era ele o corajoso, o líder. E às vezes, com o desaparecimento dele, Dylan sentia como se até as memórias de Minho estivessem se esvaindo na névoa do tempo. Ele se esquecia cada vez mais dele. O mundo o apagava a cada segundo, como se ele nem sequer tivesse pisado na terra.

𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100 & MAZE RUNNER|Onde histórias criam vida. Descubra agora