25. Paixão oculta, ou nem tanto

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Clarke

Não é como se tudo devesse ser fácil, mas por que é tão complicado? Essa pergunta ecoava incessantemente na mente de Clarke durante toda a noite em que ela dormiu - ou ficou acordada -, e isso nunca realmente desapareceu. Agora, há cerca de uma hora, sentada em sua cama, ela aproveita o momento em que seus pensamentos são apenas dela e ela pode refletir sobre tudo o que aconteceu nos últimos dias. As coisas não costumavam estar complicadas quando o assunto era amor, mas após tantos anos, Clarke se vê enfrentando a mesma situação. O pior é ter a obrigação de ignorar seu melhor amigo, com medo de gaguejar e dizer algo sem sentido - o que tem acontecido desde o quase beijo dos dois. 

Ela sacode a cabeça rapidamente, numa tentativa de apagar esses pensamentos subversivos e deixar de lado seus sentimentos, calçando suas botas - que ela usa há não sei quantos meses - e deixando a barraca. Clarke aproveita para respirar fundo, admirando cada detalhe ao seu redor. A repartição das tarefas estava funcionando perfeitamente, como sempre fez. Alguns carregavam caixas de madeira cheias de comida, outros buscavam lenha para a fogueira, que estava apagada naquele momento. Raven conversava animadamente com seus amigos enquanto parecia cortar batatas. Jesper e Octavia cuidavam de tratar a carne, que a equipe de caça se esforçava para capturar todas as manhãs, mesmo que ela secretamente estivesse à procura de um caçador específico, cujos cabelos ondulados voavam ao vento. Todos estavam ocupados, e embora Clarke descansasse, contava os segundos para ter alguma tarefa e não precisar mais pensar em seus sentimentos. 

Ela procurou por Teresa para que a mesma pudesse limpar seu ferimento, mas imediatamente se arrependeu amargamente. Teresa estava do lado de fora da tenda de enfermaria, trocando olhares com Bellamy durante o tempo em que ambos brincavam um com outro. Cada riso deles penetrou seu coração como uma flecha. Clarke sentiu o impulso de se afastar, como se quisesse esconder-se daquela cena dolorosa, mas acabou esbarrando em alguém e tropeçando levemente. Seu coração disparou quando levantou o olhar e encontrou os olhos familiares de Dylan fitando-a. Ele parecia tão surpreso quanto ela, e o tempo parecia congelar enquanto os dois se encaravam, atordoados. Clarke não conseguiu encontrar as palavras adequadas e a situação piorou ainda mais quando ela olhou para as mãos dele. Dylan segurava a alça de uma mochila de couro, e ela desejou intensamente que isso não significasse uma partida. É claro que estavam brigados, mas será mesmo necessário que as coisas terminem assim? Clarke sentia arrepios só de pensar nele vagando sozinho, triste por saber que a garota que ele amava descobriu seu segredo e praticamente o expulsou de sua vida. Naquela história, não havia um antagonista, pelo menos poderia não haver se Clarke tivesse ponderado melhor sobre a ideia, em vez de ferir os sentimentos que ela nem mesmo considerou importantes. Porém, agora era tarde demais, Dylan parecia estar convencido, embora seus olhos estivessem avermelhados devido às inúmeras lágrimas.

- Dylan, eu...

 Ela ouviu a voz de Teresa e então voltou seu rosto para olhá-la, mas, no instante em que seus olhos retornaram para Dylan novamente, ele não estava mais tão próximo. Dylan Chase desaparecera, possivelmente caminhando em direção a um destino incerto, enquanto Clarke permanecia para trás, contemplando a silhueta do amigo que tanto amava desvanecer-se na multidão em volta da fogueira.

- Está tudo bem? - Teresa tocou o ombro dela, e só então Clarke percebeu a presença de Bellamy ali também. Ele parecia sereno, como se todo aquele clima e tudo o que aconteceu entre os dois na verdade fora só um delírio de Clarke. - Vem, preciso tratar seu ferimento.

- Não.

- Como assim "não"? - arqueou a sobrancelha.

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