67. Infiltração

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Bellamy

Ele vestiu primeiro a calça na perna esquerda, seguida pela direita, finalizando com o fecho do zíper. Em seguida, abotoou a camisa de tecido e colocou o colete por cima. Bellamy não se importava em se trocar ali na frente de três homens e sua namorada, afinal, Clarke já o tinha visto de todas as maneiras possíveis, e Wells e seu pai eram a família dele. Quanto a Newt, não importava.

 Ele se voltou finalmente para Clarke, que arriscava estar fora das grades junto com seu pai e irmão. Contudo, ele gostava de tê-la ali, finalmente ao seu lado. Clarke se aproximou com um sorriso discreto, ajeitando a gola do uniforme que Bellamy pegara emprestado do guarda que acabara de eliminar. A bala atingiu a cabeça, mas, por sorte, não sujou tanto a camisa quanto poderia. Ele poderia sair sem levantar suspeitas.

- Como eu estou? - Bellamy interrompeu o trabalho de Clarke em suas roupas para dar uma voltinha, arrancando um sorriso largo dela. Ele adorava aquilo.

- Nada mal.

- Ah, é sério? Eu esperava um elogio à minha altura - ironizou.

Clarke riu de leve. Sem aviso, ela segurou a gola do uniforme dele e o puxou com brutalidade na direção dela. Bellamy levou um pequeno susto com o ato inesperado, mas logo um sorriso brincou em seus lábios. Ele se deixou levar pelo momento, aproximando-se ainda mais dela.

Quando seus lábios se encontraram, ele sentiu uma onda de prazer correr por seu corpo. A língua de Clarke roçou a dele, enviando um arrepio agradável pela espinha de Bellamy. Ele havia realmente sentido falta daquele contato, daquela conexão.

Os dedos de Clarke se enredaram nos cabelos dele, puxando-o para mais perto, enquanto Bellamy envolvia a cintura dela. Então finalmente se separaram, ofegantes, os rostos a poucos centímetros de distância.

- Isso foi mais do que um elogio à sua altura? - Clarke murmurou, seus olhos fixos nos de Bellamy.

- Muito mais - respondeu Bellamy, sua voz rouca de desejo.  

Permaneceu no mesmo lugar, aprisionado pelo laço, evitando cruzar olhares com o pai, pois Bellamy podia perceber o peso do olhar dele em suas costas, e essa sensação persistia. A última vez em que se encontraram foi durante a transferência de Bellamy para o confinamento de três anos, e agora, alguns anos e meses depois, ele estava ali. Vivo. A mera existência do pai de Bellamy lhe causava uma reviravolta no estômago, porém, ao mesmo tempo, experimentava uma sensação de alívio indesejada. Um profundo corte se abriu dentro dele quando Wells abraçou o pai deles, reforçando a sensação de exclusão familiar. Bellamy se sentia apenas um intruso, compartilhando o mesmo sangue.

 A cena diante dele parecia um cruel lembrete de que, para o pai, Bellamy sempre seria apenas uma sombra, um peso. Wells, por outro lado, era o filho perfeito, o herdeiro que o pai sempre quisera.

Bellamy apertou os punhos, tentando conter a maré de emoções que ameaçava transbordar. Seu coração batia forte, como se quisesse romper a barreira de suas costelas. A sala parecia mais apertada, o ar mais denso. Ele olhou para o chão, as palavras presas na garganta, incapazes de sair. Aquela ferida nunca havia sido curada, afinal.

- Ei, Bell - Clarke chamou sua atenção, sua voz suave e preocupada. Ela segurou as bochechas dele com as mãos, forçando-o a olhar para ela. - Está tudo bem?

Bellamy tentou sorrir, mas o gesto saiu fraco e sem convicção.

- Claro. Só estou com um pouco de náusea. Vai passar - mentiu, tentando ignorar a existência do próprio pai mais uma vez.

Clarke franziu a testa, seus olhos azuis cheios de preocupação. Ela conhecia Bellamy bem demais para acreditar em suas palavras.

- Bellamy, você não precisa fingir comigo. Sei que está assim por causa do seu pai - disse ela, a voz carregada de sinceridade.

𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100 & MAZE RUNNER|Onde histórias criam vida. Descubra agora