14. Sentimentos intensos

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Clarke

Clarke adentrou pelos estreitos corredores e desceu as escadas. Ela desejava sumir dali, desvanecer-se e talvez nunca mais ter que encarar o semblante de Dean. Ela tinha plena convicção de que tudo daria certo e havia sido humilhada da pior maneira possível, e para piorar, descobriu que sua mãe estava à beira da morte. Nada poderia ser mais terrível do que isso. Ela almejava ao menos conversar com a mãe pela última vez ou enfrentar William. Havia tantas pendências a resolver em tão pouco tempo que a sensação de sua mente prestes a explodir se fazia presente.

Sentada na passagem, Clarke observava pessoas desconhecidas passando por ali, supostamente julgando sua situação. Seus olhos se rechearam em lágrimas e ela tentou, de verdade, manter-se forte, mas falhou miseravelmente. Sua garganta comprimiu-se em um nó que parecia inquebrável, e seus lábios se torciam na tentativa de não desatar um grito. Clarke jamais desejou tanto voltar ao passado, aos seus oito anos, e aproveitar cada segundo ao lado dos pais, mas não possuía tal poder.



- Uau, mas a terra é tão grande assim? - a mãe de Clarke assentiu em resposta, manejando o globo com a mão. - Será que algum dia poderemos ir até lá?

- Acredito que não, meu bem. Bilhões de pessoas morreram no cataclismo. Ainda deve haver muita radiação por lá - David se sentou ao seu lado, deixando um selar na testa da filha. Os olhos de Clarke cintilaram e então ela avançou para a janela.

- Vocês acham que todas as bilhões de pessoas estão aqui agora? Sabe, o espaço é o paraíso, certo? - indagou, retornando seu olhar aos pais.

- O paraíso é onde imaginamos que ele esteja. Por exemplo, o meu e o da sua mãe é lá na terra, em algum lugar infestado por árvores, animais e muita natureza, onde o céu é um azul límpido e o sol não pode nos incendiar. E acredite, sei perfeitamente que música estará tocando nos portões deste paraíso - enunciou, com uma risada.

- Ah, por favor, David. Não ouse colocar essa música outra vez!

Mas era tarde. Clarke e David já situavam-se volteando todo o cômodo enquanto cantavam versos de Heaven is a place on Earth, a música favorita do pai, e sua mãe não demorou nem um instante para se juntar a eles.



- Clarke - A suave voz de Bellamy ressoou em seus ouvidos. Ela encaminhou o olhar a ele, porém não conseguiu articular nada além de soluços mais intensos. Bellamy colocou a mão sobre a dela, envolvendo-a com cautela em seus braços. Clarke estava tão abalada que sequer conseguiu pensar com clareza. Ela apenas se aproximou e acomodou seu rosto entre o ombro e o pescoço de Bellamy, que agora estavam encharcados de lágrimas. Contudo, ele não parecia se importar nem um pouco, pois acariciava delicadamente os fios loiros dela, enquanto Clarke escutava sua respiração serena. Ela não sabia ao certo o que sentir, mas estava incrivelmente confortável naquele momento. - Eu estou aqui, ao seu lado, e prometo estar até que se canse de mim. - Em um gesto de promessa, ela depositou um beijo em sua mão. Clarke forçou um sorriso em gratidão, afastando-se lentamente dele. Ela parou para encará-lo, mirando aqueles olhos castanhos e íntimos que a observavam com compreensão e apreço. Mesmo com tantas discordâncias, Bellamy conseguia olhar para Clarke com aqueles mesmos olhos apaixonados e luzentes desde o dia em que se conheceram.

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