66. Razão e Emoção

18 2 0
                                    

The Other Woman - Lana Del Rey

Octavia 

 De repente, a cortina de pano se abriu, assustando os dois. Lincoln estava parado ali, encarando-os com um ódio inexplicável. Ele ouvira tudo desde o início, e Octavia sabia que teria que lidar com a fúria dele naquele momento.

- Vocês ficaram loucos? Isso está fora de questão! Não sabem com quem estão brincando. Maham vai descobrir isso mais cedo ou mais tarde.

Octavia suspirou profundamente, olhou para Dylan e depois para Lincoln, refletindo.

- Me dá só um segundo - disse para Lincoln, então se voltou para Dylan e começou a sussurrar. -Vou conversar com Lincoln, mas pode prosseguir com o plano.

Dylan assentiu com a cabeça e saiu, passando ao lado da figura alta que continuava a encarar Octavia com intensidade.

- Ov, nós não podemos perder a confiança dos terráqueos - disse Lincoln, aproximando-se com um tom de voz baixo, segurando os braços dela de forma cuidadosa. Ele estava claramente furioso, mas tentava não demonstrar isso a Octavia.

- Não vamos perder nada se eles não descobrirem - disse ela, afastando-se um pouco. Sentia que poderia perder o controle se permanecesse tão perto de Lincoln.

- Octavia, você precisa entender. Essas coisas nunca dão certo.

- É você quem precisa entender, Lincoln - replicou ela, aumentando o tom de voz. - Confie neles... Confie em mim.

- Não. Não posso fazer isso.

- Você disse que não tinha mais nada a perder. Disse que trairia todos por mim... prometeu nos ajudar - começou a listar, dando um passo para trás, como se estivesse descobrindo algo, como se Lincoln fosse segurá-la de repente e gritar para todos o que realmente havia acontecido. - A gente volta para cá e, de repente, tudo muda. Eles te... Não. - Fez uma pausa, como se tivesse começado a frase errada. - Maham te aceita de volta e então você não quer mais magoá-la. Você não quer perder ela de novo.

Lincoln ergueu as sobrancelhas, como se não acreditasse no que acabara de ouvir, como se Octavia fosse um completo estranho.

- Você ainda é uma adolescente, eu entendo. Mas não seja imatura - disse ele, aproximando-se mais uma vez, os olhos fulminando. - Não aposte todas as nossas chances nesta idiotice.

Mas Octavia já estava decidida. Ela não voltaria atrás nem se quisesse.

- Essa idiotice vai funcionar. Confie em mim - disse, baixinho, porque sentia que Lincoln, na verdade, nunca confiara nela. - Se você realmente não quer confiar em nós, então saia dessa cabana, porque eu não quero olhar para você por mais nenhum segundo, se essa for a sua decisão.

Lincoln ficou estático, olhando para Octavia com decepção, mas então, deu um passo para trás e se virou, abrindo a cortina e fechando-a, deixando a cabana, deixando Octavia. Ela se arrependeu um pouco do que disse. Queria ser forte e aguentar aquilo, queria ter certeza de que estava certa, queria provar para Lincoln que ela não era imatura, mas, de repente, Octavia desabou. Ela cambaleou até a cama em que havia dormido na noite passada e em todas as outras desde que chegaram lá. Por mais que tentasse evitar, as lágrimas começaram a cair, seguidas por soluços. O coração dela se apertou, tão forte que precisava usar o dobro de força para respirar entre um soluço e outro, entre uma lágrima e outra.

Octavia passou muitos anos escondendo-se e lidando com a bipolaridade de sua mãe, seguidos por anos de introspecção, onde revisitava todas as suas decisões equivocadas, até chegar à terra. Ali, ela se sentia útil, integrada a um local, corajosa e determinada.  A adrenalina das batalhas e a amizade com pessoas de verdade, além de Bellamy e Wells, a faziam se sentir viva, necessária. Contudo, na presença de Lincoln, Octavia percebia que não precisava representar esses papéis. Ela não sentia necessidade de esconder sua idade para ser respeitada, de simular uma maturidade que não possuía ou de ocultar suas lágrimas diante da morte, mesmo de um desconhecido. Com Lincoln, tudo era tranquilo, romântico e sincero. O mundo parecia desacelerar quando eles estavam juntos, as conversas fluíam sem esforço, e os silêncios eram confortáveis, não tensos. Lincoln via através de sua fachada, enxergava a verdadeira Octavia. Ela podia ser vulnerável, deixar cair as máscaras que usava para se proteger, e ele ainda estaria lá, segurando sua mão. No entanto, naquele instante, ela questionava se tudo aquilo era autêntico, se Lincoln de fato ignorava sua idade, se concordava em esperar para ter relações com ela, se acreditava nela, se confiava nela, se a valorizava como uma mulher forte e madura.

𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100 & MAZE RUNNER|Onde histórias criam vida. Descubra agora