XI

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JULIETA
15 de fevereiro, 02:01AM

Era tarde da noite, lá estava eu, sentada na cama com um enorme pote de sorvete sabor doce de leite e um filme qualquer na televisão, ação como sempre. Era madruga de sábado, eu não tinha hora para acordar então decidi que poderia aproveitar aquele momento e abusar da minha própria companhia.

O vento entrava gelado pela janela, mas estava bom. Por um momento pareceu que somente pensar na minha janela, fez com que ela me surpreendesse revelando uma figura tão conhecida por mim.

- ah claro, Liam. - digo assim que ele entra.

- sentiu saudades, minha dama? - ele diz se pondo de pé na minha frente - tenho certeza que você estava super ansiosa pra me ver entrando por ali de novo. - ele diz e se senta na ponta da cama, bem a minha frente.

- você se acha tanto que chega a ser arrogante. O que tá fazendo aqui?

- calma... porque tanta pressa? - ele se levanta e chega mais perto de mim, levando sua mão até uma mecha de cabelo solta em meu rosto e a ajeitando atrás da minha orelha.

- para. - eu tiro sua mão de perto de mim - já disse que não quero você por perto. Não vai acontecer de novo, não tem porquê você estar aqui, Liam.

- você fez falta sabia? - ele diz, encarando meus olhos - depois de ter ido me xingar na minha casa, resolveu me dar um tratamento de gelo, é isso?

Ele estava certo, eu estava dando um tratamento de gelo nele durante a semana toda. Na verdade, eu quis cortar todo o meu contato com ele. Eu não confiava em mim quando ele estava por perto, então pra me proteger, eu me afastei.

- vai mentir dizendo que não sentiu minha falta? - ele pergunta.

- sentindo ou não sua falta, a janela é serventia da casa. - digo insinuando que queria que ele fosse embora.

- não tinha dito aquilo na intenção de que você realmente fosse. - ele volta a se sentar a minha frente e então eu vejo sua feição mudar, ficando séria - te levei na sala 14, mas também te levei pra praia, se lembra? sabe quantas garotas eu procuro pra me justificar depois de chatear?

- ah é? e você quer um prêmio por ter vindo aqui? parabéns por fazer o mínimo, Liam, agora pode ir. - digo, curta e grossa.

- porra Julieta! - ele se altera - eu tô tentando, ok? eu juro que tô tentando entender você, entender o que você quer mas você não ajuda!

- não tô pedindo pra me entender, Liam! qual é o seu problema? porque tá fazendo isso? você não me suporta, eu não te suporto mas mesmo assim você insiste em me fazer mais uma das suas cachorrinhas!

- você não é mais uma, Julieta! - ele gritou - eu vou ter que dizer isso quantas vezes até você entender, caralho? eu te levei na porra daquela sala, mas eu tô aqui agora! e será que você ao menos imagina o motivo? - ele pergunta e espera minha resposta, a qual não obteve. Então se levanta e chega mais perto de mim - porquê eu te suporto quando você tá perto assim, porquê eu quero chegar cada vez mais perto, porquê eu quero te beijar até não aguentar mais...

- Liam... - ali, foi naquele mesmo momento que eu notei que estava prestes a me entregar mais uma vez - o que veio falar comigo? - pergunto virando o rosto, assim que noto que sua boca estava quase colada a minha. Precisava evitar.

- não sai com o Ravi. - ele fala de uma vez, em um sussurro, me deixando confusa - vai comigo, eu te levo pra festa.

- não. - digo de uma vez, depois de pensar por alguns segundos, assustando ele com a minha certeza - eu já combinei com o Ravi, desculpa.

O vagabundo e a damaOnde histórias criam vida. Descubra agora