XII

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JULIETA
22:16PM

O caminho até minha casa não foi demorado, Liam estava com pressa pra chegar então correu bastante com a sua moto. Demorou em torno de uns 25 a 30 minutos para que enfim chegássemos em meu prédio. Ele para a moto em frente a entrada e assim descemos dela, indo para dentro do edifício. Subimos de elevador até o andar do apartamento e chegando nele, eu logo destranco a porta e nós adentramos.

Assim que entramos, eu vou até o sofá e me sento, enquanto Liam trancava a porta e ia até mim. Eu tentava recuperar a calmaria agora, por já estar em casa, sentia que estava segura. As lágrimas já tinham cessado um pouco, mas ter visto alguém que me fez tanto mal há anos atrás, ainda me machucou muito. Quando ele foi embora foi como se ele tivesse morrido pra mim e eu finalmente estivesse em paz. Mas infelizmente não foi o que aconteceu. Ele voltou.

- pode me contar o que houve agora? - disse ele sentando na beira da mesinha de centro a minha frente.

- você não tem que se preocupar comigo, Liam.

- mas eu me preocupo. - ele diz rápido - quero saber porque estava daquele jeito. Nem na minha festa você ficou tão abalada assim... e cê ficou ainda mais estranha quando o Eduardo chegou perto.

Ele tinha percebido. Liam era bom em observar as coisas a sua volta, mas eu não queria contar, era vergonhoso. Eu não contaria.

"quero chorar, droga!"

- não, eu tô bem agora! - digo forçando um sorriso - e sabe... - em uma tentativa de mudar o foco da conversa, eu vou pro chão, ficando ajoelhada, quase da mesma altura que seu rosto e chego mais perto dele - cê já tá aqui então porque a gente não aproveita em? - eu coloco meus braços em volta do seu pescoço.

- não, Julie, para com isso! não foi pra isso que eu te trouxe, quero saber o que houve! - ele diz segurando meus braços.

- esquece isso Liam! - meu rosto ardia - não foi você que disse que sentiu falta de me beijar? eu quero beijar você! - eu tento o beijar mas ele não retribui e me afasta.

- não! você vai me dizer o que houve! esse não é o seu normal, Julieta! tudo isso pra não contar a verdade? o que tá acontecendo com você? - seu olhar mostrava preocupação, o que me fez querer chorar mais uma vez.

- nada! para de me perguntar isso! - minha voz sai falha e eu sinto meus olhos marejarem de novo - só me beija, tá legal? eu sei que você quer também!

- eu quero, eu quero isso o tempo todo, mas não com você assim! - soluços começam a escapar da minha boca por conta do choro, eu me solto dele e sento no chão, me permitindo chorar tudo o que eu podia - Julieta... - ele vai pro chão juntamente comigo e me prende em um abraço ainda ajoelhados.

Seu abraço era quente e curiosamente reconfortante. Ele apertava meu corpo contra o seu fazendo com que eu me sentisse segura ali. Por um momento eu notei que tudo o que eu mais precisava era daquilo, aquele abraço muito possivelmente foi o que salvou a minha noite.

- Liam? - eu me afasto um pouco dele, desfazendo o abraço - desculpa, eu não posso te contar. Você não quer saber disso e nem pode. Eu vou ficar bem, eu prometo!

- não ligo pra essa sua promessa. Não quero saber por curiosidade, Julieta. Quero saber porque quero ajudar! será que por um momento na sua vida pode esquecer que me odeia e deixar eu me aproximar de você?

"não mais, eu acho que não odeio mais você."

- Liam? - ele espera minha fala - por que tá aqui? não somos amigos, não gostamos um do outro, não conseguimos nem conversar sem brigar, então porque liga pra como eu estou?

O vagabundo e a damaOnde histórias criam vida. Descubra agora