XV

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JULIETA
17 de fevereiro, 5:15AM

Acordei cedo como de costume em todas as segundas. Fiz o mesmo de sempre, fiz minha higiene matinal, vesti algo simples para ir à universidade. Opto por um vestido estampado com bolinhas e, por estar fresco naquela manhã, visto por cima um casaquinho branco, um tênis da mesma cor e pego minha bolsa.

Tranco a porta do apartamento e vou até o ponto de ônibus, vendo o mesmo que já se aproximava e eu logo entro e me acomodo em um dos bancos.

O dia anterior, domingo, havia sido estranho. Passei o dia ansiando por alguma mensagem ou o que fosse de Liam, pelo menos um sinal de vida. Mas pelo contrário, ele não havia mandado nenhum "oi", e sim, eu mandei mensagem, mesmo sabendo que eu me arrependeria amargamente de ter feito isso, eu precisei mandar. De qualquer forma, ele viu a mensagem mas não respondeu.

Foi um dia torturante. Na minha cabeça eu não conseguia parar de pensar no fato de que ele havia dormido comigo no sábado e me descartado no domingo. Eu fui idiota em ter confiado nele.

Depois de um longo e entediante tempo, chego ao meu destino daquela manhã. Desço do ônibus e sigo para dentro do prédio, onde eu torcia para não dar de cara com a odiosa figura masculina de dias atrás.

Consigo atingir meu objetivo e vou para dentro da sala, me sentando em meu lugar, não mantendo muito papo com as pessoas ao meu redor, apenas me viro para frente e tento focar na aula. Naquele dia, Livia havia faltado novamente, esse sumiço dela estava começando a me preocupar, ela só respondia mensagens e ligações, mas pessoalmente havia um tempo que não nos víamos. Já Angel e Josh aparentemente estavam de ressaca.

Aquela era uma segunda deprimente como qualquer outra, principalmente sem meus amigos ali. E eu sinceramente não possuia vontade alguma de sair daquela sala nem mesmo no intervalo do almoço, então fico por ali e espero o horário de ir embora.

Dado o tal horário, eu junto todos os meus materiais e cominho para fora da sala de aula, em direção ao portão. Alguns dos meus livros e cadernos estavam presos nos meus braços e eu me mantinha focada em não deixá-los cair, tanto que nem vi quando dei de cara com as costas de alguém.

- ai! me desculp... - não pude terminar a minha fala simplesmente pelo choque que tomei ao olhar para cima e ver a quem pertencia aquelas costas.

- Julie! mi corazón! como você tá?! - disse me puxando para um abraço apertado.

Aquele apelido que faziam anos que eu não ouvia, aquele toque que faziam anos que eu não sentia. Ambos me deixaram gélida, estava estática. Meus olhos arregalaram e em momento algum eu pude retribuir o abraço, nem ao menos tive forças para me retirar dali, o medo dentro de mim era gritante. As pessoas passavam por nós e parecia que nos enxergavam como dois amigos que há tempos não se viam.

Sem que eu me esforçasse, uma lágrima escorre do meu olho ao senti-lo passear suas mãos por todo meu tronco na parte de trás, ele me apertava tanto, que minha cabeçote havia se comprimido em seu peito. Suas mãos passeavam por mim inteira, elas pareciam querer descer mais e mais, e ele parecia não se importar com as pessoas ao redor.

Na minha cabeça passava um filme do dia mais tenebroso de toda a minha vida, a forma que ele tinha me segurado naquela noite, parecia com a forma que ele me segurava agora, e dali pra frente eu não sabia mais o que aconteceria comigo. Eu não tinha força alguma contra ele, todo o meu pesadelo iria voltar.

Em um estalo de tempo ele se solta rápido e forçado de mim e eu me senti sendo afastada dele por outra pessoa.

LIAM

O vagabundo e a damaOnde histórias criam vida. Descubra agora