XVI

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JULIETA

Eu havia acabado de chegar no prédio e, ao olhar a minha volta, alguma coisa estava estranha. A janela da minha sala estava aberta e eu tinha certeza de que havia fechado antes de sair, como sempre faço. Sem mencionar na lamborghini branca parada em frente ao prédio, não era comum carros daqueles parados naquela parte da cidade. Não era um bairro carente mas também não era luxuoso.

Eu entro e sigo até a portaria, antes que eu perguntasse qualquer coisa, o próprio porteiro já veio falar comigo.

- senhorita Duarte! não sabe o que aconteceu! o senhor Garcia voltou, disse que queria te fazer uma surpresa te esperando no apartamento, mas sabe como eu sou! não sei guardar segredos, muito menos de alguém tão amiga como a senhorita! - ele diz sorrindo mas infelizmente eu não pude retribuir o sorriso daquela vez.

Garcia era o sobrenome do meu pesadelo, Eduardo Garcia. Na época em que estávamos juntos, ele tinha acesso liberado para entrar no meu apartamento quando quisesse, e por eu não ter dito a ninguém além das minhas amigas, e agora ao Liam, sobre o que aconteceu, o porteiro provavelmente pensou que ainda estávamos juntos.

Eu decido então subir até o apartamento. Estava cansada de fugir, ele precisava ouvir de mim que ele era um desgraçado. Eu chamo o elevador e subo até o segundo andar, onde ficava o meu apartamento. Ao parar em frente a minha porta, eu vejo no chão um par de tênis que definitivamente não eram meus. A porta nem ao menos estava fechada, ao empurra-la, pude ver a figura sentada em meu sofá de costas pra mim.

Ao abrir a porta, ela rangeu, o que chamou a atenção do maior sentado, fazendo-o levantar e se virar em minha direção, esboçando um sorriso sacana nos lábios assim que me vê.

- mi corazón! até que enfim! estava te esperando pra colocar curativos nos meus machucados... aquele hijo de puta até que tem uma mão pesadinha. - disse passando a mão em um de seus machucados na bochecha.

Ele novamente me chamou pelo apelido. Eu juro que queria acabar com ele naquele momento, mas eu estava sozinha. Ele claramente era mais forte que eu e estava na minha casa, o que eu faria?

- vai embora daqui. - digo em um quase sussurro, sem conseguir nem olhar em sua cara.

- mas já? - ele se senta no sofá praticamente se jogando nele, como se fosse seu - acho que não, gosto daqui. Já vivemos... muitas coisas boas nesse apartamento. Algumas até melhores que outras, não acha corazón?

Aquilo era tortura. Eu não tinha psicológico pra continuar ali frente a frente com ele. Não pude dar nem mais um passo para dentro do apartamento, dei meia volta e sem dizer mais nenhuma palavra, eu começo a correr até o elevador apertando o botão para fechar a porta freneticamente para que ele fechasse o mais depressa possível. Ao chegar no térreo, para não chamar muita atenção, ao invés de correr, eu passo a caminhar com pressa para fora. Não sabia para onde, mas tinha que ser para longe dali.

"até quando?"

De cabeça baixa e focada no chão da rua vazia e mergulhada em meus pensamentos, eu se quer noto uma mão segurar firme meu braço por trás enquanto eu caminhava. Por impulso, me viro já desferindo um tapa na face da pessoa por trás de mim. Minha mente estava tão focada no ocorrido de minutos atrás que eu se quer parei para notar que na verdade, era Liam atrás de mim.

- Deus do céu! Liam me desculpa! eu achei que fosse outra pessoa! - me limito a toca-lo e me aproximar.

- fica tranquila. - ele diz se recompondo - ele continua atrás de você não é?

- o que?

- sei que o Eduardo tá no seu apartamento. Ele fez alguma coisa com você? ele encostou em você, Julieta?! - ele estava chegando perto, queria me tocar.

O vagabundo e a damaOnde histórias criam vida. Descubra agora