IV

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LIAM
04 de fevereiro 14:25PM

Eu estava incrédulo com a atitude da morena a minha frente. Nunca eu pensei que uma brincadeira a deixaria tão nervosinha a ponto de fazer o que fez! Apesar de eu ter amado a carinha de brava que ela fez, ela fica linda toda bravinha, e não imagina o quanto.A questão é que eu não podia perder a oportunidade de irrita-la, não hoje.

Quando eu a vi entrando na minha sala hoje, foi como no primeiro dia de aula dela na universidade, a curiosidade que senti foi a mesma daquele dia. Foi um mês muito longo sem vê-la todos os dias. Não que eu gostasse de admitir isso, mas toda a nossa implicância tão excitante me estimulava cada dia mais.

Eu ignoro os risos da mesa e as câmeras de celulares voltadas para mim e me levanto indo em direção à porta para ir embora daquele lugar o quanto antes. Volto a escola, subo em minha moto e sigo adiante. Durante o percurso eu não parava de pensar na atitude da garota, eu não fazia ideia do motivo por trás de tanta raiva da parte dela, ao ponto de me humilhar na frente de todos os nossos amigos, independente de tudo, eu me vingaria.

Mal havia piscado e já estava em frente à porta de casa, acho que pensar na garota me deixou tão desnorteado que me fez perder um pouco da noção de velocidade. Adentrei dentro de casa já tirando meus tênis e os deixando de canto, juntamente com minha jaqueta. Sigo até a cozinha e abro a geladeira procurando qualquer coisa ou sobra de qualquer coisa para almoçar, acabei por achar um pedaço da pizza de antes de ontem e a peguei para comer. Sentado em frente à tv da sala com aquele pedaço de pizza na mão, eu não podia evitar pensar na menina. Algo eu devo ter feito para ela ter tal atitude comigo.

Ao pensar na garota, não pude evitar me lembrar da minha primeira rejeição ano passado.

FLASHBACK ON

Acabando de sair de uma sala onde estava... "conversando" com uma amiga novata, ali estava eu, na frente de um dos armários da facul esperando a dona deste chegar, quando eu olho para o lado e vejo a morena que eu tanto almejava ver hoje se aproximando.

- licença? você está na minha frente.

- eu tô sabendo - chego para o lado assim liberando espaço para que ela abrisse o próprio armário, então encostei no armário ao lado dela e cruzo meus braços. - então... Julieta né? eu sou o-

- Liam, eu já sei o seu nome - diz ela assim que me interrompe, vejo ela fechar o próprio armário e se virar pra mim. - diz logo o que quer comigo.

- você é direta em garota! enfim, gostaria de saber se você quer sair qualquer dia comigo pra alguma festinha ou sei lá - sugiro torcendo para que ela aceitasse.

- eu? ir em uma festa? com você? obrigada, Liam, mas eu prefiro morrer do que ir curtir em uma festa com um vagabundo burguês como você. - ela diz aquilo da forma mais ríspida que já ousaram usar para falar comigo.

- como é garota? eu só to te chamando pra curtir comigo e quem sabe rolar até algo a mais... - eu insisto.

- eu sei, eu ouvi perfeitamente o que você disse, Liam. Mas minha resposta ainda é a mesma, eu prefiro morrer a isso. Eu nunca vou ser incluída na sua listinha. Agora licença porque diferente de algumas pessoas, eu prefiro estudar do que sair me agarrando com outras pessoas pelo campus - com uma mão, ela me manda um beijo no ar - tchauzinho vagabundo.

Incrédulo eu a assisto ir para a sua sala desfilando pelo corredor com aquela sainha como todas as que ela vivia usando, definitivamente eu jogaria minha "listinha" fora depois disso.

FLASHBACK OFF

"maldita sainha..."

Aquela garota podia facilmente me fazer surtar a qualquer momento. Julieta me chamou atenção desde o primeiro dia que pisou naquela universidade. Eu sempre fui de me envolver com garotas que se pareciam comigo, mas ela era literalmente o meu oposto. Enquanto eu saia para festas, bebia, era fã de adrenalina, músicas pesadas e tudo o que fosse de mais fácil acesso, Julieta era na dela, pelo o que eu ouvi seus finais de semana eram dentro de casa com suas plantas e seus livros, ela não bebia nada com álcool e defendia a sustentabilidade e tudo envolvendo a ecologia do planeta, assuntos que eu claramente não dava a mínima. Julieta era como uma em um milhão, era a única dama dentre todas as garotas dali, e tudo que envolvia ela me chamava atenção.

O vagabundo e a damaOnde histórias criam vida. Descubra agora