"O belo penetra por toda parte, mesmo no silêncio e nas trevas."
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Wednesday estava na sacada de seu quarto tocando violoncelo, a melodia do instrumento era melancólica, tais descreviam o que sentia nesse exato momento, uma tristeza sem fim.
Ora soava agressivo, ora soava mais leve, seu equilíbrio emocional não é um dos melhores. Sua única capacidade era demonstrar raiva, armagura e insatisfação.
Sempre fora assim, era vista como uma esquisita em toda sua adolescência, isso persistia até hoje, simplesmente por ser quem ela é. Não sente remorso ou raiva dos que lhe julgam. Nada sente.
Tampouco se importa com opiniões alheias. Não é como se ela precisasse deles, sua melhor companhia é sua consciência.
Duas batidas na porta tiram a concentração da garota, ela vira-se para trás vendo seu irmão Pubert entrar.
— O que está fazendo, Wednesday? —Pergunta o garotinho, curioso.
— Não está óbvio? —A gótica retruca.
— Hum, certo. Mamãe pediu para você descer para ir jantar. Só vim avisar. —Responde fechando a porta.
— Ah, e cuidado com a armadilha de Pugsley nos degraus. —A voz do pequeno soa através da porta.
Wednesday guarda o violoncelo e o coloca em seu devido lugar, após isso, sai do quarto indo em direção à cozinha.
Lembrara do aviso de seu irmão mais novo, cautelosamente desce as escadas e no meio dos degraus encontra a tal armadilha de Pugsley.
Ela ignora a traquinagem de seu irmão do meio, e ao chegar na cozinha, o olhar de sua família vai diretamente para a gótica, Pugsley tinha um sorriso perverso no rosto. O garoto deduziu que havia atingindo a irmã em cheio com aquela armadilha.
— Aí está nossa menininha. —Gomez abre um sorriso acompanhado de Mortícia.
— Não me chame assim, pai. Já tenho dezenove anos. —Diz calmamente arrancando algumas risadinhas de seus irmãos.
— Você sempre será nossa menininha, querida. —Sua mãe sela a testa da garota.
A mesma faz uma cara de desgosto e se afasta perante ao toque. A garota senta-se na mesa, e come sua refeição em total silêncio.
— Como foi o sua retomada à Universidade? —Seu pai pergunta atraindo a atenção de todos.
Seus pais e irmãos ficaram em silêncio aguardando ansiosamente pela resposta da garota. Suas esperanças morrem quando ela coloca mais uma garfada de comida na boca.
O jantar flui normalmente com conversas sombrias e engraçadas, Wednesday não demostrava nenhum interesse na conversa de sua família, ao terminar o jantar, limpa o canto de sua boca e toma um gole d'água.
— Foi na medida do possível, tirando a parte que tinha uma garota irritante me perturbando. —Responde secamente atraindo a atenção de seu pai.
— Fez uma amiga, nuvenzinha? —Seu pai sorrir.
— Nunca fiz antes, e não vai ser agora que vou fazer. —Se levanta da cadeira e sai do cômodo.
— Ela tem o seu humor, cariño. —Gomez diz sorrindo para a esposa.
— Wednesday tem o temperamento terrível, gosto disso. —Mortícia sorrir.
— Mãe, posso colocar ela na cadeira elétrica lá do porão? —Pugsley pergunta perverso.
— Desde que não queime os neurônios dela, querido. Ela ainda vai precisar deles até terminar os estudos. —A mulher responde tranquilamente.
Pugsley sorrir ladino antes de sair do cômodo e ir em direção ao quarto da irmã.
A gótica estava a ler um livro concentrada, quando de repente, um grito acompanhado de uma risada ecoa pela casa, ela abre a porta do quarto e vai às escadas, tem a visão de Pugsley tentando retirar a armadilha que capturou o seu pé direito.
— Que azar, irmãozinho. —A gótica diz provocando.
— Pubert te alertou, não foi? —Ele sorrir olhando para a irmã.
— Embora tivesse alertado ou não, eu saberia que essa armadilha estaria aí, a sua criatividade está em falta, já fez armadilhas mortíferas melhores, Pug. —Desdenha.
— Faço isso há quase uma década, uma pena elas serem limitadas. A que eu queria usar não se arranja por aí. Já testou o touro de bronze? —Pergunta recebendo vácuo da irmã.
Wednesday vira as costas voltando para o quarto. Retorna a ler 'O corvo', poema de Edgar Allan Poe. É um de seus fascínios pela atmosfera sobrenatural do livro.
Dado o horário de ir dormir, Wednesday se apronta e descansa sua mente e corpo para estar preparada para mais um dia em sua Universidade.
No meio da noite, acorda sem motivo algum. O sono simplesmente foge. A garota nega com a cabeça e se levanta da cama indo até a sacada de seu quarto.
Uma Lua cheia e brilhante reluzia no céu estrelado, como uma boa amante da noite, permite-se admirar, uma paz inexplicável percorre em seu corpo.
Definitivamente, Wednesday adora a escuridão. Mas algo lhe faltava, perante à toda escuridão tem de haver uma pequena luz.
Wednesday poderia ser descrita como uma jovem solitária, não há mais ninguém em sua vida com exceção de seus familiares.
Não se arrepende de sua escolha. Pelo contrário, a garota pensa que talvez não precise de ninguém.
Então, por quê há esse vazio em seu interior?
Não sabe ao certo o que significa, mas sente essa inquietude vindo de dentro.
Perdida em meio aos pensamentos, ela sai da sacada para pegar o livro que estivera lendo mais cedo, e volta a lê-lo novamente.
Desta vez, distraía-se lendo um de seus poemas favoritos, tendo a companhia da Lua na calada da noite fria e escura.
Um miado manhoso ecoa pelo quarto, a gótica olha para a sacada e vê Thing, seu gatinho de estimação, juntar-se à ela.
Thing é um gato preto de olhos amarelados, uma das companhias que Wednesday mais adora. O felino se aconchega no colo da garota que rir pelo nariz e começa a alisar os seus pelos macios.
— Olá para você também, pestinha. —Diz baixinho recebendo um miado como resposta.
— Estou sem sono no momento, vou ler um dos meus livros favoritos ao invés de olhar para as paredes. —Responde passando a mão na cabeça do bichinho.
Thing ronrona pela carícia e se estica na cama da garota enquanto fechava os olhos.
— Noite, Thing. —Sussurra enquanto lia.
O gato solta um miado curto e rouco antes de fechar os olhinhos e se permitir dormir ao lado de sua dona.
〔...〕
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Your Darkness. - WENCLAIR
Fantasy"Em meio à escuridão eu encontrei a minha luz. Minha vida mudou completamente quando seus olhos oceânicos se puseram nos meus." by: luvv0rtega_.