Capítulo 1 Desencontros

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          Quinta-feira à noite, dia estressante no trabalho, estou irritada com meu chefe que me fez ficar presa até mais tarde e ainda por cima esqueci-me de levar o carregador do meu celular, passei a tarde inteira com ele sem bateria, minhas férias começam na próxima segunda, mas já soube que pode acontecer de não conseguir tira-las por conta dessa demanda de última hora.

          Finalmente consigo chegar em casa e assim que entro jogo a bolsa sobre a mesa, começo a tirar minha roupa, chuto um pé de sapato para um canto, o outro fica no meio do caminho, a raiva me cegando, preciso de um banho para relaxar, chego ao banheiro já só de calcinha, arranco ela que fica toda enrolada, entro no chuveiro sento no chão, deixo a água cair sobre meu corpo, vem uma onda de choro incontrolável, maldito dia.

          Passado algum tempo sentada no chão do box, levanto pego o sabonete e começo a ensaboar meu corpo, me sinto como se tivesse saído de uma sessão pesada, corpo moído, mas sem o prazer deixado pela sessão, começo a lavar os cabelos. Droga! Joguei a bolsa na cadeira, não pus o celular para carregar e nem estou com ele por perto e se meu Dono me ligou? Saio correndo do chuveiro, nem me enrolo na toalha, molho o chão todo, a bolsa ficou na sala, correndo tropeço no pé de sapato no meio do caminho e quase caio xingo, vocifero até que pego a bolsa. Droga! Onde deixei o carregador? Inferno de dia! Caído no sofá lá está ele, volto correndo para o banheiro, boto o celular para carregar no corredor bem junto à porta do banheiro que deixo aberta. Da sala até o banheiro tudo patinhado. Meus olhos ardem por conta do shampoo que escorreu da cabeça pela testa e caiu neles quando saí correndo do box. Que inferno!

          Entro novamente no chuveiro que ficou ligado, acabo meu banho nem sinto o prazer que um banho me dá, o toque do sabonete em minha pele, as carícias da água na temperatura ideal, o prazer de minhas mãos deslizando por meu corpo. Droga! Botei o celular para carregar, mas não o liguei, seco o corpo, me enrolo na toalha, saio do banheiro pego e ligo o celular, imediatamente o barulho de uma mensagem, seguido por vários outros sons de mensagens entrando. Começo a tremer, e se forem do Dono, não as atendi, desde que horas estas mensagens estão sendo enviadas? Vejo a tela com minhas mãos tremendo. Céus! Oito mensagens dele, meu coração quase sai pela boca, nervosa abro a primeira.

          1- Minha menina boa tarde eu quero e preciso estar com você essa noite, me mande mensagem de volta que a orientarei, beijos.

          2- Vinte minutos depois é a segunda mensagem. Estou esperando sua mensagem, bj.

          3- Passados mais 40 minutos a terceira mensagem. O que esse seu silêncio representa?

          4- Duas horas depois da primeira mensagem. É acho que vamos precisar conversar seriamente, sabes que seu celular é uma de suas coleiras e a negligenciou.

          As lágrimas começam a rolar de meu rosto, vou lendo e respondendo como se ele estivesse me ouvindo, estou justificando que não tive culpa, que aconteceu, que o chefe isso, que o chefe aquilo, coração apertado, me vem à cabeça a sensação de ter desobedecido, desapontei meu Dono certamente.

          5- Passados mais 30 minutos da quarta mensagem. Vai me fazer esperar muito para responder?

          6- Logo em seguida. Você sabe o que está fazendo, nada vai justificar esse seu comportamento.

          7- E outra logo depois. A não ser que tenha acontecido algum acidente com você, qualquer outra justificativa não será aceita.

          8- Passada mais uma hora da última. Esqueça a noite de hoje. Tenha um bom final de dia.

          Estou aos prantos são 20h30min, a última mensagem dele foi às 17h00min, ele sabe que normalmente saio nesse horário, sabe que mesmo com o trânsito muito ruim eu levaria no máximo uma hora e meia; então às 18h30min eu já deveria estar em casa e nesse tempo poderia ter visto suas mensagens, começo a digitar freneticamente, erro as letras apago. Parece que estou gaguejando ao escrever, a toalha caí ao chão, continuo a escrever, olho que a cortina está aberta, estou nua para a vizinhança, pego a toalha e me cubro, vou para a janela e fecho as cortinas, volto a digitar. Dono eu tive problemas no trabalho, celular ficou sem bateria, cheguei estressada esqueci-me de ligar. Por favor, Dono me liga assim que puder. Sua menina. 

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