Capítulo 4 Início da provação

681 36 16
                                    


          Estou assustada e sozinha numa estrada deserta, ainda não clareou e já estou com os meus pés machucados, e ainda não há nenhuma luz no entorno e no escuro eu tropeço bato com os joelhos e caio deitada de frente no chão de barro, só não caio de cara diretamente na terra por ter, por instinto de proteção, apoiado as minhas mãos que latejam, maldigo aquele lugar e começo chorar copiosamente, ali caída a minha vontade é ficar deitada, entregue ao meu infortúnio e não levantar, não andar, quero dormir para só depois acordar desse pesadelo. Então uma voz dentro de mim me pergunta. Quer sua coleira? Quer estar com seu Dono? Usá-la e estar com ele é algo que lhe dá prazer? Você precisa dela?

          - Sim! Sim!

          - SIM EU QUERO!

          Gritando me levanto, meus joelhos e mãos ardem, limpo a poeira como posso, a túnica que visto está suja e rasgou ao se prender num arbusto à margem da estrada, sem pensar eu passo minhas mãos em meu rosto para secar as lágrimas, a terra e poeira daquela estrada se misturam com as lágrimas, levanto a cabeça e com passos firmes e decididos, apesar da dor em meus pés, eu alcanço uma curva na estrada, olho uma subida o dia vai clareando, sigo em frente eu vou adiante, vou atrás do que é meu, quero o que é meu.

          Subo todo o aclive da estradinha, ao chegar ao topo vejo uma casa iluminada, um belo jardim à sua volta e com uma cerca branca, um carro que parece o que eu estava está parado na entrada ao lado, tem que ser ali só pode ser, olho ao longe e ao redor e não consigo ver nenhuma outra construção, decidida começo a descer, chego até o portão da acesso que está destrancado o empurro e me dirijo para a entrada, estou diante de uma porta dupla alta, procuro uma campainha, não encontro nada, mas vejo duas aldravas são dois leões que possuem algo como uma argola em suas bocas, quando vou usar a argola para bater na porta ela se abre como mágica. Uma jovem de seios nus e usando uma coleira, e me parece que ela usa algo como correias ao redor dos seios e dos seus bicos pendem pingentes, ela se posta ao lado da porta, entro em uma sala ampla, vejo uma mulher vestida de negro que está de costas para a porta e ao lado dela os dois que estavam no carro um de cada lado, ele já não usa mais o chapéu e o paletó, reparo que ele também usa uma coleira, ela continua linda e elegante como estava, ela olha para mim de cima abaixo e vejo surgir um sorriso sarcástico em seu rosto.

          Sorriso que some assim que a mulher de negro se vira, ela me fuzila com os olhos, seu rosto não demonstra nenhuma emoção, seus olhos frios me olham de cima a baixo, estou paralisada junto à porta, tremo como vara verde, em meu íntimo esperava encontrar meu Dono, tento olhar à volta, meu coração diz para que eu o procure em cada canto daquela sala, mas vejo apenas paredes de pedra, correntes e grossas argolas em uma delas, num canto uma poltrona vermelha de espaldar alto que me a faz imaginar como se fosse um trono. Então começo a perceber que estou na casa de uma Domme, me lembro das palavras ao telefone, "venho a mando de Domme Cristina", no momento que me dou conta disso ela dá um passo à frente os dois ao lado dela fazem uma mesura abaixando levemente suas cabeças.

          Ela para, aponta para mim e num movimento de seu dedo indicador aponta o chão logo à sua frente, estou atônita e não sei o que fazer, tremendo como se tivesse levado um grande susto, eu tento entender o significado do seu gestual, tento pensar em tudo que já conversei e passei com meu Dono, nos poucos segundos que permaneço ali como uma estátua tento imaginar o que possa estar acontecendo. Então ouço o estalar de um chicote batendo contra o chão, não tinha percebido na mão dela aquele chicote negro, devia estar junto à sua roupa também negra, então ela repete o gesto com o indicador aponta para mim e para o chão à sua frente, meu instinto submisso me faz dar três passos para a frente dela, vejo uma mulher madura de cabelos negros, lisos e brilhantes emoldurando os traços firmes de seu rosto. Ela continua apontando para o chão e eu instintivamente me ajoelho.

A ColeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora