C43. Vou deixar a vida me levar

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MAIO de 2020

Segunda semana de Maio e todos já viam direto pra cá, literalmente. Johnny hospedou os músicos na Vila, o resto da equipe responsável pela organização e montagem ficaram na cidade. Nesse período além do quarteto principal: Alice, Joe, Glen e Tommy conheci também Chris Wyse, Robert DeLeo (baixo) e Matt Sorum (um ex-Guns N' Rose). Havia outros era óbvio mais não decorei tudo, no fim resumindo... é muito homem nessa casa! Seja na hora do almoço, da janta, à tarde, e principalmente quando resolvem se reunir no fim de semana.

Eu acho que nunca presenciei um nível tão alto de nicotina na minha vida, nem em filmes. Um dos únicos momentos de silêncio onde a casa ficava um breu é quando todos decidem ir dormir e na hora dos ensaios; eles vão pra fora da mansão no segundo Estúdio maior, com isolamento acústico completo e aconchegante. Era lá que o Tommy fazia seus storys preto e branco mais nunca mostrando totalmente quem estava consigo.

Vez ou outra eu ficava com a Nadide fazendo companhia, isso quando estava livre das tarefas diárias e trabalhos escritos/digitalizados da faculdade, pois caso Johnny me visse sozinha no cantinho da casa ou sem fazer nada ele me arrastava fazendo questão de me levar pro meio da roda e interagir com os amigos dele e bom... eu tenho vergonha né, obvio que vou inventar alguma desculpa pra sempre sair. Não consigo controlar fico vermelha, minhas mãos soam, e acabo ficando nervosa com os olhares. Numa dessas escapadas me escondi na biblioteca e cheguei a encontrar um livro sobre atuação, falava muito sobre a postura. Não sei bem se era um guia ou manual, talvez um conjunto e lá tinha diversas técnicas por de trás das câmeras. Bem interessante.

- Tá se escondendo?

- O que? - me dispersei da leitura erguendo o olhar e o vi na porta escorado.

- Tá estudando? - ele caminhou até mim. - Achei que não tivesse aula hoje.

- Não tenho, só estou lendo mesmo. - e sentou na beirada da poltrona onde eu estava meia deitada.

- Eles gostaram de você. É por isso que fazem tantas perguntas, estão curiosos. - entrelaçou sua mão na minha e deu um beijo no meu dorso. - Resumindo você é fofa.

Sorri de lado negando.

- Vou dar uma volta pelo rio com eles, se você quiser pode vim também.

Ele já sabe minha resposta mesmo assim me convida.

- Não sei, isso parece ser uma coisa íntima entre vocês.

- Por um lado... - desviou olhar confirmando com os ombros.

- Vai ter bebida?

- Claro! Talvez uma pescaria também, meio um lazer no fim das contas. Além da tarde ensolarada está perfeito para um mergulho no lago, tô bem animado.

- Hm vão ficar sem roupa? - dei uma pausa para ele responder e o cortei antes transparecendo empolgação. - Eu topo.

Me sentei na poltrona no intuito de me levantar e ele me parou.

- Ahh pensando bem...

- O que? - o encarei segurando um riso. - Diz logo preciso escolher um biquíni bem bonito.

- Por outro lado será meio que um momento só de homens sabe? Pescaria, papo furado... pescaria.

- Hum... - confirmei e não consegui segurar o riso pelo jeitinho dele tentando se explicar.

- Pois é... rs. - coçou a cabeça.

- Só você mesmo. - me ajoelhei na poltrona me aproximando e dei um beijo na bochecha dele. - Eu vou ficar, não se preocupa vai lá e se divirta.

Johnny Depp: Minha Sweet ChildOnde histórias criam vida. Descubra agora