C34. Isso não tá acontecendo

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- Impossível! Me leva de volta.

- Eu não posso. - respondeu num tom baixo diferente do meu que estava alterada pela ansiedade.

- É claro que pode. Me coloca em um carro, qualquer coisa que me leve até o centro, eu só preciso chegar na droga da cidade. EU NÃO VOU passar mais um dia aqui!

- O país entrou em toque de recolher, NINGUÉM MAIS anda nas ruas!

Ele me respondeu no mesmo tom, me fazendo ficar em silêncio engolindo a seco, ele respirou e continuou.

- E mesmo que fosse ao aeroporto agora, você ainda teria que desembarcar na Inglaterra, é provável que eles já tenham fechado lá também. Viajar agora é arriscado não só podendo ficar sozinha mais por conta desse vírus também e o centro está lotado com as autoridades agindo com pressão pra conter as manifestações. Você não vai sair daqui!

- Você não pode fazer isso comigo... - minha voz saiu baixa embargada senti meu coração doer. - Você não entende... eu preciso voltar.

Pensei na minha família, eu preciso voltar, se não eles vão acabar comigo. Passei as mãos no rosto perdendo o controle das lágrimas. Pus a mão na boca me virando para outro lado tentando a todo custo segurar aquele impulso.

- O que tá acontecendo?

- Porfavor... - disse sem conseguir olhar pra ele. - Eu tô te implorando Johnny, me leva pra casa. É só isso, eu juro que não te peço mais nada.

- Por mais que eu quisesse eu não tenho esse poder...

- Porfavor. - disse firme e fitando ele com rosto vermelho e molhado segurando o máximo as lágrimas.

- Me desculpa.

Johnny olhava pra mim e tentou se aproximar, como ele se negava eu me afastei tirando sua mão de mim com força e saí a passos rápidos de volta para o meu quarto, não queria vê-lo, mais ele me segurou durante o caminho.

- Me diz o que está havendo! Do que você tem tanto medo?

Tentei me soltar dele mais segurou meus braços firmemente assim que empurrei seu peito.

- Me solta!

- Não antes de me contar o que tá acontecendo com você.

- Me leva pra casa! - insisti.

- Já disse que não dá. A polícia está por todo lugar controlando quem pode ou não sair, se formos vistos nas ruas no máximo eu pago multa mais você é uma estrangeira então eu não sei como funcionaria, eu não tenho ideia de como eles irão te tratar. Eu não quero arriscar você, entenda!

- Você que não entende... - desisti de forçar aquela luta braçal e me entreguei ao choro me curvando com as mãos no rosto.

Johnny ainda mantinha suas mãos em mim, me apertando com menos força, e agora segurando firme procurando meu olhar.

- É por minha causa? - ele perguntou num tom muito baixo, quase no sussurro, carregando uma preocupação.

Não consegui responder soltando de vez o choro. John não me largou nenhum momento; ele entendeu que não era sobre ele e me confortou num abraço de urso por uns minutos. Depois eu engoli toda aquela agonia secando os olhos, decidi contar a verdade só assim ele vai entender e me ajudar a voltar pra casa.

- Ninguém sabe que eu tô aqui. - ele franziu tentando entender. - Eles nunca vão me perdoar entende?

Demorou um tempo pra ele decifrar.

- Espera... - ele pensou em silêncio concluindo o pensamento. - Você mentiu pra vim pra cá? A sua família não sabe que você estar aqui é isso?!

Nem precisei responder meu silêncio foi uma resposta retórica.

Johnny Depp: Minha Sweet ChildOnde histórias criam vida. Descubra agora