Ugly Boy | Larry Stylinson

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Zayn abre a porta do loft com cautela, jogando a cabeça para dentro antes de permitir que o corpo se aproxime. A pele se arrepia com a sensação morna do aquecedor. Passar a noite caminhando não foi uma boa ideia. Ele esfrega as mãos, permitindo-se o deleite de sentir a fricção fazendo (finalmente) efeito. Ele devia ter comprado um par de luvas quando adquiriu as roupas novas, mas ele não esperava que já fosse começar a nevar. Ok, uma garoa fraca. Ainda assim, o inverno está dando as caras antes da hora.

- Zayn! – Louis olha para o moreno (que praticamente salta três metros para frente com o susto) com a preocupação estampada em seu rosto sonolento. – Está tudo bem? – Ele se aproxima, apertando o rosto gelado do outro entre as mãos. – Você está congelando!

- E-Está tudo certo, Louis. – Zayn se atrapalha, afastando as mãos quentes do amigo em um rompante desagradável.

- Você passou a noite fora? – Louis lança os olhos para o outro, buscando alguma evidência física de que ele poderia ter se encontrado com Liam.

- É. – Ele aperta o casaco contra o próprio corpo de um jeito esquisito, enfiando as mãos dentro dos bolsos. – Eu estava pensando...

- Você faz isso durante um bom tempo, hein... – Louis comenta, uma das sobrancelhas arqueando. Mas ele envia os pensamentos ruins para fora. – Eu vou fazer café, você quer? – Clichê, mas podia ajudar, não? Sempre funciona com pessoas normais.

- Ahm... – Zayn faz uma careta estranha, curvando o rosto para dentro, formando rugas de desgosto.

- O que foi?

- Sem querer parecer ser grosso, nem nada do tipo. – Ele balança o corpo para frente e para trás. – Mas é que você cozinha muito mal.

- Eu faço um bom café! – Louis resmunga, os lábios produzindo um muxoxo franzido.

- Se por bom você quer dizer menos pior do que sua comida... – Zayn sorri sem graça, os ombros arqueando para cima, mas as mãos ainda enfiadas dentro dos bolsos.

- Você fala como se fosse melhor. – Louis pisca e torce o rosto exibindo um olhar de superioridade. Ele não podia ganhar tudo na vida, mas de Zayn ele tinha (quase) certeza de que podia.

- Na verdade... – O outro estala os lábios antes de continuar. – Eu sou.

- Então prova. – Ele cruza os braços.

- Meu certificado está em casa. – Zayn dá de ombros.

- Que certificado?

- Eu fiz um curso de culinária.

- E você acha que isso prova alguma coisa? – Louis ri e dá um tapa nem tão forte nem tão fraco nas costas do moreno. – Eu tenho um certificado em Linguística e Escrita Jornalística. Veja onde estou...

- Mas...

- Sem mas! – Ele empurra o outro para a cozinha. – Você vai ter que me provar e vai ser agora mesmo!

*

Os dentes forçam contra a pele delicada do lábio inferior, descorando e impulsionando uma palidez desnecessária. A respiração ofegante e trêmula. Os olhos fechados. O vinco entre as sobrancelhas. As unhas afundam contra o mármore escuro, fazendo com que os dedos tremam consideravelmente. Os ligamentos resmungam das dores, provocando diferentes lances em sua cabeça.

- Droga. – Liam abre as pálpebras e encontra a si mesmo no espelho. As pupilas focam nos inúmeros riscos vermelhos que tingem seus olhos. Então as olheiras fundas e roxas, os lábios descamados e machucados. E, enfim, aquela mancha roxa escura no meio de seu peito. Ele suspira, permitindo-se um momento de descanso.