VII

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Louis segura a alça do balde com a mão dolorida, a água balançando perigosamente de uma borda para a outra. Ele precisa das duas mãos para erguer sua arma e, antes de atingir seu objetivo, os azuis pairam sobre a vítima. Harry dorme como se não existisse o mundo, as pernas compridas e desajeitadas saindo do sofá, os braços para cima da cabeça. Gotas geladas escorrem pelos antebraços, acumulando nos cotovelos de Louis e começando a molhar o piso.

- Bom dia, filho da puta. – Ele sorri antes de despejar o bloco de água na cabeça de seu hóspede.

Harold arregala os olhos, as mãos agitadas em todas as direções, a boca em um urro profundo e esquisito. Louis observa o outro agir como se estivesse se afogando, permitindo o sabor de sua vingança amolecer suas papilas gustativas. É como chupar um cubo de gelo, ou seja, ardente, gelado e incrivelmente refrescante.

- Você ficou louco? – Harry esfrega o rosto com a grande mão, retirando o excesso de gotas. – Seu filho da...

- Eu quero o meu apartamento limpo. – Louis interrompe o outro, elevando o tom da voz para se fazer ser ouvido. – Quando eu chegar hoje do trabalho, por que minha licença terminou, tudo vai estar do jeitinho que estava antes de você aparecer.

- Vai sonhando. – Harry senta e puxa os cabelos para trás, deixando a água molhar as costas da camisa suja e o sofá. Ele sacode a cabeça como um cachorro, divertindo-se com o fato de que está molhando as roupas do outro. Mas diante da falta de reação ele acaba erguendo os olhos e encontra um sorriso indecifrável no rosto de Louis.

- Vamos esclarecer as coisas, Harold. – Louis estala os dedos e faz o mais novo levantar o rosto ainda mais e manter o foco em si. – Essa é a minha casa. Você quer cheirar, beber ou injetar? Ótimo, o problema é todo seu. Você faz o que quiser. – As mãos gesticulam conforme o rosto se contorce em diversas expressões. – Mas você faz isso lá fora. Entendeu? Eu não sou seu irmão, nem sou como a minha irmã, que fingem que não veem o que você faz.

- Você...

- Eu vou trancar a porta todos os dias, às dez da noite. – Louis o interrompe novamente. – Se você não estiver aqui dentro o problema é seu, arranje outro lugar para dormir. Você não sobe no mezanino e não tira as minhas coisas do lugar. O sofá é sua cama, então cuide bem dele. – A mão apoia o osso do quadril. – Se você quiser tomar banho ou comer, vai ter que pagar parte do aluguel. Eu não sou caridade e, muito menos, me importo com você. – Ele balança os braços antes de usar o casaco para enxugar os antebraços. – Estou indo trabalhar. E se você não quiser ficar sem lugar para dormir, é bom limpar isso aqui.

Louis termina de vestir o casaco, enrola o cachecol no pescoço e deixa um Harry boquiaberto para trás, ainda sentado no sofá ensopado. Ele pega as chaves e abre a porta, pronto para se livrar do odor desagradável que impregnou seu apartamento. Mas, então, como a intuição está a seu lado neste dia, uma ideia lhe vem à tona.

- Ah! – Ele volta a cabeça para dentro do apartamento. – E mais uma coisa, Harold. – Os lábios se curvam em um sorriso. – Se você decidir fazer mais uma festinha aqui de novo eu ligo para a polícia e digo que vândalos invadiram meu loft. Acho que é isso, tenha um bom dia. Até mais. – Então ele bate a porta e desce as escadas com um sorriso no rosto e muitos pesos a menos nos ombros.

*

Niall abre a porta da suíte máster para encontrar Charllote na mesma posição. E pela décima vez. Ele teve de ligar para a secretária e avisá-la que não vai para o escritório. Problemas de gravidez, ele mentiu. A cabeleira loira esparramada em meio aos diversos travesseiros indica a posição de sua esposa. Ele suspira e fecha a porta atrás de si.

Ugly Boy | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora