XIII

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Harry desliza o tronco para frente e para trás conforme os braços estendem o rodo com que esfrega o pano contra os azulejos quadriculados. Os cachos arranjados em um coque pequeno no topo da cabeça. E as mangas da camisa branca enroladas até os ombros deixando em evidência os inúmeros traçados de tinta preta em sua epiderme. Gotas de suor escorrem pela linha dos fios de cabelo e deslizam para a testa até que ele levanta o tronco e deixa a coluna se ajeitar. A mão puxa o suor de cima dos lábios com sagacidade e logo ele termina de finalizar a limpeza.

- Nossa. – Uma das confeiteiras, a ruiva, surge puxando o avental do próprio corpo. – Você está ficando bom nisso, Hazz. – Ela sorri ao pendurar o tecido num dos ganchos ao lado da porta.

- Eu só quero ir para casa. – Harold responde com o rosto fechado. Desde que Aiden começou a chamá-lo por Hazz todos os funcionários do café continuam a repetir o apelido. E ele simplesmente detesta a ideia, o conceito e a intenção. Simplesmente tudo relacionado ao codinome idiota.

- Eu deixei uns cupcakes de baunilha perto da sua mochila. – Ela sorri terminando de vestir o casaco. – Salvei os melhores para você. – Uma piscadela, um aceno de mão e uma parada na porta antes de sair. – Boa noite, Hazz.

- Boa noite, Megan. – Ele puxa o pano do rodo e espreme o tecido, deixando todo o líquido acinzentado se derramar dentro de um balde. Então ele massageia o próprio ombro e deixa o mormaço do dia atingir seu corpo.

Os verdes migram para as janelas pensativamente, o céu cinza escuro pintado por flocos de neve indica o início da noite. Quantos dias já se passaram? Quanto tempo se foi? As sobrancelhas balançam com a linha de raciocínio que o atinge, os lábios tremem conforme os dias são enumerados em silêncio. A surpresa o atinge como um balde de água morna. Primeiro aconchegante, ele conquistou algo. Depois frio, o que ele faz com o que conquistou? Ele vaga por sua mente desajustada e fora do convencional, até que a porta do escritório é aberta e a luz amarelada denuncia a presença de Aiden.

- Hazz! – Aiden sorri ao ajustar a gravata. – Eu pensei que você já tivesse ido para casa.

- Estava só terminando aqui. – Ele indica os aparatos de limpeza com uma inclinada de queixo.

- Ah, pode deixar isso aí. – O outro sinaliza para ele se aproximar com os dedos. – Venha, quero conversar com você sobre uma coisa.

Harold sente o clima azedar. Não é como se aquela fosse a primeira vez que ele é chamado para o escritório do chefe. Afinal, ele é o Harry e ninguém esperava que aquilo fosse ser diferente. E por ninguém ele quer dizer ele mesmo. Criar expectativas em se tratando de si nunca foi uma boa ideia, a esperança sempre perde. Ele suspira e deixa os ombros caírem, mas segue em frente.

- Pois não? – Harry anuncia sua presença com a intenção de fechar a porta atrás de si.

- Deixe isso! – Aiden abana a mão para cima e depois indica a cadeira em frente a sua escrivaninha para que ele se sente. – Você está se saindo bem, Hazz.

Hum? Como é? Será que ele ouviu direito?

- Eu sei que você não é muito de conversar. – Aiden continua, entrelaçando os dedos em cima da mesa. – E que no começo foi difícil para você se ajustar. Eu estava quase desistindo, para ser sincero. – Ele ri sozinho. – Mas você me surpreendeu.

- Ahm... – Harold não sabe muito como reagir. Essa é uma situação nova, ele não fez o Aiden gozar para ele estar elogiando. – Obrigado...? – Sério Harold? Isso é o melhor que você consegue fazer?

- Veja bem... – O sorriso delicado de Aiden aumenta ao passo em que ele desliza alguns papéis em direção ao outro. – Esse é o seu primeiro holerite.

Ugly Boy | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora