III

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Niall apenas escuta o próprio coração explodindo em sua garganta enquanto desliza por ruelas desagradáveis de Londres. Há 20 minutos ele recebeu uma ligação de Louis e isso por si só já é classificado como tragédia, já que o cunhado odeia usar o telefone. Mas não era nada de ruim com ele (ufa), mas com Harold (merda). E Louis não sabia o que fazer, porque tecnicamente Harry estava desmaiado, em um beco qualquer. Que droga Harry!

- Niall! – Louis acena para si. Ele está sentado no chão imundo, a cabeça de seu irmão no colo dele.

- Muito obrigado Louis! – Horan se perde analisando o estado de Harry, deixando a palma da mão na testa deste. – Ele está bem? Não, claro que não. – Ele olha para Louis. – O-O que aconteceu? Ele está drogado? Bêbado? O que foi dessa vez?

- Eu não sei. – Louis continua segurando a cabeça de Harold, de modo a deixar o rosto deste levemente deitado, para caso ele tenha alguma convulsão. Nunca se sabe, ele pensa consigo. – Eu só passei aqui e ele saiu de um bar e aí caiu no chão, Niall. Eu não faço ideia do que aconteceu. – Os dois suspiram. – Eu ia levá-lo para casa, mas ele é muito pesado...

- Não. – Niall desvencilha Harry do colo de Louis e o levanta com tanta facilidade que o outro fica sem saber quão forte o loiro é. – Eu vou cuidar dele. Você não tem que se preocupar com isso.

Louis levanta, dando leve palmadas em sua roupa, ignorando a urgência de mantê-lo em sua proteção. A caixa torácica parece tão apertada, tão pequena para o coração que quer explodir e gritar. Não, eu não quero deixá-lo. Não, eu quero saber mais. Não, eu preciso cuidar dele. Ele engole em seco, observando Niall arrastando a versão zumbi de Harry. O loiro murmurando palavras, provavelmente xingando o comportando do irmão.

Os azuis acompanham as duas figuras se afastando, aproximando-se da esquina de onde Niall surgiu. Provavelmente o carro de Horan está estacionado ali perto. E tudo vai acabar ali, apenas mais um momento estranho do qual Harold não irá se lembrar. Apenas mais um momento que Louis não esquecerá. Ele morde a parte interna da boca, forçando a agonia para dentro. Impedindo a aflição de surgir, sufocando a vontade de gritar, assassinando o desejo de agir. Ele devia ter terminado aquele texto, usado o ponto, encerrado toda a história. Ele se sente tão inútil, nada parece dar certo, nada foge às mãos cruéis do destino.

- Tommo? – Niall quase deixa o irmão cair no chão para localizar o cunhado. – O que você está fazendo? Vem logo! A Charllote está esperando. E não temos a noite toda.

Ah!

Ah! Que bom que o loiro não está perto. Louis sufoca o sorriso e contorce os lábios para dentro. Sim, o alívio. Sim, a ansiedade. Ele fecha os olhos e acelera o passo até alcançar os dois, auxiliando Niall a carregar Harry. Sim, a esperança. Sim.

*

O despertador apita exatas três badaladas antes de ele desativar a função no celular. Liam desliza as costas da mão contra a testa, deixando a temperatura gelada da pele despertar seus sentidos. Ele respira fundo, sufocando momentaneamente. Então um peso em seu peito realmente o faz sufocar, forçando para que ele abra as pálpebras, encontrando o emaranhado de fios negros.

- Li... – Zayn resmunga. A voz mais aguda do que o comum.

- Zayn...? – Ele afasta a cabeleira do outro, tentando encontrar os olhos dele.

Antes de Liam perceber o que está havendo, sua boca é invadida pela língua feroz do marido. Zayn ataca os lábios do outro com vontade, enroscando suas bocas, saboreando o sabor que só ele tem. Os dedos compridos esticam no peito rijo, bagunçando a pequena penugem que tem ali.

- Eu preciso de você. – Zayn diz quando os lábios se separam em um estalo.

Liam suspira, ignorando a protuberância que atinge a região do seu umbigo. E também as pernas mornas que se enroscam nas suas, que ele sabe estarem geladas. E também os beijos molhados que são depositados em seu pescoço e clavículas. E também nos dedos que brincam com seu tórax, deslizando e provocando sensações. Sensações que são perigosas.

Ugly Boy | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora