Quarto dia: 900 mil coisas que eu odeio em você - Parte I

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Ódio

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Ódio. É uma palavra forte para ser usada jogada ao vento em pensamentos confusos e perdidos desse jeito.

Quer dizer, se forem levar em consideração o real significado da palavra etimologicamente, os componentes do significado de ódio são:

Ódio motivado por medo ou injúria - talvez Munson se identifique com o medo. Medo de se ferrar de novo, medo de ficar parado no corredor e a ver o jogar no lixo de novo. Já Chrissy, grita que o odeia como se isso fosse enfiar em sua cabeça que o que sente por ele é ódio. Mas não é.

Profunda inimizade - é, esse ponto aqui...é melhor nem comentar.

Rancor e ressentimento duradouros - Eddie Munson guarda rancor no peito há 4 anos e meio e Chrissy Cunningham guarda rancor no peito há uma hora e meia.

E o principal: aversão intensa - nenhum dos dois sente aversão um pelo outro, muito pelo contrário, é como se fizessem de tudo, inconscientemente, e de um jeito meio caótico e perdido, para estarem perto.

Então se forem juntar os pontos, eles não conseguem gabaritar a etimologia do ódio, não chegam nem perto.

Se tentassem somar pontos de outro sentimento, o antônimo de ódio, ah, eles gabaritariam sem nem perceber.

A verdade é que, nenhum dos dois consegue pensar em porra nenhuma, estão confusos e perdidos consigo mesmos e com o outro, presos nas próprias nuvens de pensamentos caóticos.

O relógio marca 21:02 da noite de quinta-feira, já tem quase duas horas que estão presos ali e mais de vinte minutos que estão completamente calados. Tão calados e distantes um do outro que só sabem que não estão sozinhos na maldita sala fechada, porque conseguem se ouvir respirando. E porque Eddie consegue ouvir os dentes da garota batendo de frio.

Orgulhosa demais para voltar a sentar perto dele, e tenta fazer os próprios pensamentos acreditarem que ela não quer voltar para perto dele, e por isso trava uma luta interna com a própria cabeça. Toda vez que pensa em levantar e engolir o orgulho, se obriga a pensar no que ele ia fazer, e então a própria mente dela se trai e pensa nele quebrando o disquete.

Está vivendo um impasse enorme, uma dualidade entre procurar motivos para odiá-lo e apesar de sentir que tem muitos motivos confusos, ela sempre se rebate sozinha com uma memória boa que surge sem ela nem conseguir controlar, que nem as bochechas ficam vermelhas perto dele, sem explicação alguma. Ela nem sabia que tinha tanta facilidade de ficar corada assim, nem sabia que a pelugem fina aveludada do rosto podia arrepiar, é a primeira vez que sente isso.

E então pensa nele naquela madrugada da festa, do tanto que gostou daquela versão do Eddie Munson, e se perde em pensamentos e em repassar aquela madrugada toda na cabeça como se fosse um filme rebobinando o dia inteiro: lembra de pisar na mão dele e de como se sentiu quando descobriu que ele estava ali, lembra de sentar no colo dele e como não sentiu que isso foi um desafio, das brigas pelo banheiro, de como se sentiu incomodada e enjoada sem nem saber o porquê só de ouvir a voz de Éden dizendo que a amiga dela estava com ele e de como sentiu um alívio quando descobriu que não estava, e lembra principalmente dele sussurrando aquela frase no ouvido dela naquela cozinha.

Don't You Forget About Me - Eddie Munson | finalizadaOnde histórias criam vida. Descubra agora