Embrulhos e Beijos - 1-21

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 Na majestosa manhã de Natal, o brilho mágico e festivo encheu os corredores de Hogwarts, conferindo à escola uma atmosfera encantada e repleta de alegria. A Comunal da Lufa-Lufa havia sido meticulosamente adornada com enfeites que faiscavam à luz do sol que adentrava pelas janelas, anunciando o início de um novo dia.

 Emma, ainda imersa em um turbilhão de memórias do dia anterior, ergueu-se de sua cama. As lembranças voltaram à mente dela, evocando um certo nervosismo, mas ela decidiu direcionar sua atenção ao presente, deixando de lado tais pensamentos e focando-se no agora – mais especificamente, nos presentes que a aguardavam.

 Após cuidadosamente se arrumar com o uniforme de Hogwarts, Emma permitiu que seus longos cabelos ruivos caíssem livremente sobre seus ombros. Abandonando seu quarto, ela desceu as escadas, notando que a presença de outros alunos estava notavelmente escassa.

 Na Lufa-Lufa, a maioria dos estudantes se dirigia às casas de seus pais durante as férias de inverno; aqueles que permaneciam geralmente desfrutavam de um merecido descanso. Enquanto Emma se aproximava da imponente árvore decorada, sentou-se diante dela, deparando-se com os presentes dispostos com carinho.

 Dentre os embrulhos, haviam alguns para Emma.

 Remus havia presenteado Emma com um colar magnífico, claramente confeccionado à mão, denotando um cuidado meticuloso. Um sorriso se espalhou pelo rosto dela ao perceber o gesto atencioso do amigo. Colocando o colar ao redor do pescoço, Emma sentiu-se tocada pela gentileza de Remus. 

 Cedric também havia enviado um presente: uma caixa de chocolates e um livro de uma autora trouxa. A escolha do livro intrigou Emma, revelando um lado interessante do jovem. 

 Outros amigos também haviam lembrado dela: Harry enviou uma elegante pena, Molly Weasley contribuiu com um de seus adoráveis suéteres bordados com o "E" de Emma, Hermione presenteou-a com um livro, Luna, sempre peculiar, presenteou-a com belos brincos feitos à mão, e claro, Fred e George haviam mandado mais um de suas criações, acompanhada de outra carta de Fred se declarando, o que Emma sempre achava graça, levando em conta as inúmeras tentativas do gêmeo Weasley.

 No meio desses mimos, Emma notou um presente que capturou sua curiosidade. Envoltos em papel verde e adornados com uma fita prateada, os olhos dela foram atraídos para a caligrafia elegante que decorava um pequeno cartão. "Para Emma, com os melhores votos de um Natal especial." Um sorriso iluminou o rosto dela ao perceber que o presente provinha de Severus. Embora seu nome não estivesse explicitamente mencionado no cartão, a caligrafia era inconfundível.

 Ao desembrulhar o presente, deparou-se com um requintado kit de poções. A curiosidade e admiração dançaram nos olhos de Emma enquanto ela examinava cada detalhe minuciosamente escolhido. Uma onda de gratidão a envolveu enquanto ela tocava o presente com reverência. Jamais imaginara que Severus lhe enviaria algo, especialmente após os acontecimentos do dia anterior. Surgiu-lhe uma questão: estaria ele bem com o ocorrido?

 Algum tempo após ela organizar os presentes no dormitório dela, Emma tomou a decisão de expressar pessoalmente sua gratidão pelo presente ao procurar o escritório de Severus. A ideia de escrever uma carta de agradecimento, como fizera com os outros presentes, passou por sua mente, mas ela compreendia que uma conversa direta era necessária em algum momento.

 Com um toque de antecipação, ela bateu à porta do escritório. A voz dele murmurou um consentimento silencioso para entrar. Empurrando a porta, deparou-se com Severus sentado atrás de sua mesa, uma xícara de chá e um livro aberto à sua frente. 

 Quando seus olhares se cruzaram, ele pareceu momentaneamente relutante em iniciar o diálogo. Não querendo perder tempo, Emma tomou a iniciativa. "Bom dia, Severus. Eu queria agradecer pelo presente. Foi muito gentil da sua parte, e eu realmente gostei."

 Um brilho de satisfação dançou nos olhos de Severus. "Fico contente que tenha apreciado. Eu pensei em escolher algo que refletisse seus talentos."

 Emma concordou com um aceno, sentindo-se tocada pela atenção que ele havia dedicado ao presente. "E me desculpe, eu não tive como comprar nada pra você, então eu-" Ela foi interrompida por um aceno de mão dele.

 "Nem se preocupe com isso, Emma. Você não precisa me dar nada." Ele disse com gentileza. 

 Emma sorriu levemente, grata pela compreensão dele. Contudo, a atmosfera logo ganhou um tom mais sério. Ela o encarou, mesclando seriedade com uma ponta de nervosismo. "Sobre o que aconteceu ontem à noite... eu..."

 Severus manteve o olhar fixo nela, uma expressão séria e atenta. "Entendo que talvez tenha sido um impulso no momento."

 Emma desviou o olhar por um instante antes de encontrá-lo novamente. "Eu quero pedir desculpas mais uma vez. Eu reconheço que fui inadequada e que não deveria ter agido daquela forma."

 Ele a observou por um momento, uma emoção não identificada brilhando em seus olhos. O semblante dele suavizou-se antes de ele falar. "Não se preocupe, Emma. Lembre-se de que você não foi a única a se envolver. Não foi uma ação unilateral. Eu também tomei a iniciativa."

 "Eu sei, mas se não fosse por minha imprudência em ter sentido... seu cheiro na poção Amortentia, nada disso teria acontecido." Ela explicou, desviando o olhar para o chão, sentindo o calor se espalhar por seu rosto.

 Severus ergueu-se de sua cadeira, contornando a mesa até colocar-se diante dela. "Não é uma tolice, Emma. Eu também senti o seu cheiro na poção Amortentia."

 Com surpresa pintando seus olhos, Emma ergueu o olhar. "Você... sentiu? De verdade?"

 Ele assentiu, seus olhos permanecendo fixos em seu rosto. "Sim, eu senti. E, como mencionei antes, eu sempre senti o mesmo aroma, mas ontem... ontem eu percebi um cheiro diferente, o seu cheiro."

 Ela o encarou, um misto de incredulidade e reflexão colorindo suas feições. O fato de ambos terem sentido o aroma um do outro na poção era quase inacreditável. "Eu... Eu nem sei o que dizer."

 "Olha, eu gostei do beijo." Ele admitiu, seu olhar ainda preso ao dela.

 Os olhos de Emma se voltaram para ele, uma combinação de surpresa e contemplação em sua expressão. "Você gostou?"

 Um tímido sorriso dançou nos lábios de Severus. "Sim, gostei. E parece que não fui o único."

 A tensão entre eles pairava no ar, uma consciência mútua de que havia algo mais profundo entre eles do que apenas amizade. Severus deu um passo em sua direção. "Emma, não posso negar que senti algo. Algo que transcende nossa colaboração no projeto."

 Naquele instante, seus olhares convergiram em um momento de entendimento profundo e mútuo. Como se uma conexão invisível os unisse, eles compartilharam um instante de total compreensão, no qual as emoções que haviam permanecido nas sombras agora emergiam à luz.

 Sem necessidade de palavras, como se o silêncio entre eles falasse volumes, moveram-se um em direção ao outro. Cada passo parecia ecoar o ritmo acelerado de seus corações, uma melodia de expectativa e anseio. O espaço entre eles diminuiu até que seus lábios se encontraram novamente, dessa vez com uma intensidade renovada e uma convicção ardente. Enquanto Severus envolveu os braços na cintura de Emma, ela abraçou o pescoço dele.

 O beijo que se desenrolou era mais do que um mero toque de lábios. Era uma fusão de desejos há muito reprimidos, um encontro de almas que finalmente encontravam um caminho para se comunicar além das limitações das palavras. Cada movimento era carregado de paixão contida, um fervor que incendiava as emoções subjacentes. 

 Naquele momento íntimo, o beijo tornou-se uma verdadeira confissão, mais poderosa do que qualquer declaração verbal. Era a manifestação tangível de seus sentimentos profundos, uma forma de expressar o amor, a atração e a cumplicidade que haviam emergido entre eles. Cada toque dos lábios era uma promessa silenciosa, um elo que transcenderia as barreiras do tempo e da incerteza.

 Após um instante de doçura e vulnerabilidade, eles finalmente se separaram, mantendo um contato visual profundo. Severus ofereceu um sorriso suave, sentindo um calor reconfortante preencher seu coração. "Feliz Natal, Emma."

 Ela retribuiu o sorriso, a tensão entre eles dando lugar a uma sensação de autêntica ligação. "Feliz Natal, Severus."

Para Sempre Nós - Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora