Lágrimas Silenciosas - 2-5

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 A notícia do inesperado beijo entre Emma e Fred durante a mágica noite do baile de inverno se disseminou velozmente pelos corredores da escola. Os murmúrios e as conversas sussurradas sobre o acontecimento preenchiam o ar, espalhando uma eletricidade carregada de curiosidade e especulação.

 Era quase inevitável que o assunto do beijo, carregado de uma aura misteriosa, logo chegasse aos ouvidos atentos de Severus.

 Ele, já envolto em um turbilhão de emoções, composto por tristeza e remorso desde a dolorosa separação de Emma, foi devastado ao tomar conhecimento do beijo. Ele havia, de alguma forma, convencido a si mesmo de que terminar o relacionamento era a decisão correta, uma maneira de proteger Emma da tormenta que ele próprio representava.

 No entanto, a mera ideia de que ela estava pronta para seguir adiante e já estava compartilhando sua vida com outro homem causou uma dor que lhe perfurou profundamente o coração. Era um sentimento agridoce, uma mistura de pesar e ciúmes que o assombrava implacavelmente.

 Severus teve a notícia do beijo no meio de uma tediosa aula de poções, onde involuntariamente capturou fragmentos de conversa de dois alunos próximos. Eles não apenas mencionaram o beijo, mas também aventuraram-se a discutir o potencial de Emma e Fred como um casal promissor.

 Uma onda de fúria e frustração varreu seu ser, uma vontade quase irresistível de despejar frascos e quebrar vidros, de jogar todas as convenções para o ar e liberar um grito de angústia que estava cuidadosamente contido dentro de si. Porém, Severus manteve sua máscara imperturbável, disfarçando o caos emocional que fervilhava em seu interior.

 Assim que a aula chegou ao seu término, Severus entrou no seu escritório com uma aura de tensão palpável, fazendo a porta bater com um estrondo alto que ecoou pelo corredor. Com um gesto brusco, ele varreu os papéis que repousavam desordenadamente sobre sua mesa, enviando-os ao chão de forma desafiadora, como se desejasse desafiar o próprio caos que consumia sua mente.

 Com um suspiro pesado e um semblante tenso, ele afundou na cadeira de couro do escritório, seus dedos se entrelaçando por entre os cabelos escuros, enquanto seu rosto se escondia nas mãos.

 Pela primeira vez desde que havia encerrado seu relacionamento com Emma, Severus permitiu-se sucumbir às lágrimas. Os cristais salgados escorriam silenciosamente por seu rosto, traçando caminhos invisíveis em meio à penumbra do seu escritório sombrio.

 Sentado ali, ele se via desamparado diante das circunstâncias, uma sensação de impotência que o espremia por dentro, tornando a dor em seu peito simplesmente insuportável.

 Severus lamentou profundamente a decisão que havia tomado. Embora sua intenção fosse proteger o bem-estar de Emma, a visão do sorriso dela, irradiando felicidade nos braços de outro homem, era uma tortura inimaginável. As dúvidas martelavam incessantemente em sua mente, questionando se ele havia, de fato, tomado a decisão certa ao terminar o relacionamento.

 Enquanto as lágrimas continuavam a fluir, Severus se encontrou em um profundo questionamento, contemplando se ainda havia alguma possibilidade de corrigir os erros que havia cometido.

 Dentro daquele escritório escuro e solitário, ele estava disposto a qualquer sacrifício para proteger Emma, mesmo que isso exigisse que ele enfrentasse seus próprios demônios e arrependimentos.

 Enquanto Severus permanecia em seu escritório, imerso em um oceano de tristeza e remorso, a figura calma e sábia de Albus Dumbledore abriu silenciosamente a porta. O diretor observou seu amigo com uma expressão de profunda preocupação antes de adentrar a sala e, com um gesto tranquilo, fechar a porta atrás de si.

Para Sempre Nós - Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora