A Escuridão Silenciosa de Hogwarts - 2-18

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 Naquela noite, Emma mergulhou em um cenário de sombras e silêncio que envolvia a escola de magia de Hogwarts. Impulsionada por um desejo de escapar do peso do momento, decidiu desbravar os corredores escuros do majestoso castelo.

 Sendo monitora, sabia que estava dentro das regras ao realizar seu passeio noturno. Afinal, precisava de um respiro para lidar com o turbilhão de emoções que a atormentava.

 O estresse a envolvia como uma teia implacável, e todas as mudanças que Hogwarts estava experimentando apenas aumentavam sua ansiedade. O mundo mágico que ela conhecia estava passando por transformações profundas, e a incerteza pairava no ar, perturbando seu equilíbrio emocional.

 Emma ansiava por um momento de tranquilidade e refúgio, onde pudesse esquecer, ainda que por um instante, as preocupações que a atormentavam.

 À medida que seus passos ecoavam pelos corredores sombrios, um murmúrio sutil e inquietante dançou pelos cantos, infiltrando-se nos ouvidos de Emma. Intrigada e com um toque de apreensão, ela franziu a testa e, em um gesto reflexo, retirou sua varinha do bolso. Com uma firmeza determinada, segurou-a à sua frente.

 A surpresa invadiu Emma enquanto ela avançava pelo corredor, pois não esperava encontrar ninguém na escola àquela hora da noite. No entanto, ao virar uma curva escura, seus olhos se depararam com uma visão inesperada: três alunos do primeiro ano encolhidos no canto, seus rostos exibindo um medo evidente.

 Nesse instante, Emma baixou a varinha, suas preocupações iniciais se transformando em compaixão. Com passos cuidadosos, ela se aproximou dos alunos assustados, pronta para oferecer ajuda e conforto.

 "Crianças...", ela murmurou com suavidade ao se aproximar, escolhendo cuidadosamente suas palavras para não agravar o medo que podia ler nos rostos dos alunos.

 Os três jovens, ao direcionar seus olhares para Emma, suspiraram aliviados ao reconhecê-la. Seus rostos, outrora pálidos e contorcidos de medo, ainda mantinham uma sombra da tensão que haviam enfrentado.

 Emma percebeu imediatamente que algo terrível havia acontecido. Um dos alunos, um garoto da Corvinal com cabelos ruivos, tinha uma expressão de dor evidente estampada no rosto. Corajosamente, deu um passo adiante em direção a Emma e estendeu o braço, revelando uma série de cortes e feridas vermelhas que marcavam sua pele.

 Os olhos de Emma se arregalaram de preocupação e compaixão quando ela gentilmente segurou o braço do garoto, tomando o cuidado de não tocar nas feridas. "O que aconteceu?" ela perguntou com uma voz cheia de preocupação.

 A menina ao lado do garoto, uma loira da Sonserina, com lágrimas nos olhos, gaguejou enquanto compartilhava o horrível acontecimento: "Foi a professora Umbridge... ela nos deu uma pena... e mandou escrevermos... e quando escrevemos... começou a cortar..." As palavras dela ecoaram no corredor sombrio.

 Os outros dois alunos confirmaram com olhos assustados, corroborando a história da menina da Sonserina. Emma não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Ela já estava ciente de que a professora Umbridge estava usando a Pena de Sangue como um método de punição, mas nunca teria imaginado que ela a usaria de maneira tão cruel com alunos do primeiro ano.

 A indignação e a preocupação cresceram dentro dela, e uma sensação de responsabilidade pesou em seus ombros enquanto ela decidia como abordar essa situação terrível.

 "Oh, meu Deus...", ela suspirou. "Venham, vou cuidar das feridas de vocês, vai ficar tudo bem... depois vocês podem me explicar em detalhes o que aconteceu." Emma tentou transmitir uma sensação de segurança e conforto às crianças.

 As crianças concordaram com um aceno de cabeça e Emma sinalizou para que fossem na frente, seguindo logo atrás deles. Ela não hesitou nem por um momento em conduzir os três alunos do primeiro ano até seu dormitório. Emma sentiu uma urgência avassaladora em protegê-los e assumir a responsabilidade por eles.

 Embora os alunos ainda estivessem trêmulos de medo, a presença tranquilizadora de Emma lhes proporcionou um certo conforto no meio daquela situação terrível.

 Ao chegarem ao dormitório, as três colegas de quarto de Emma prontamente se levantaram de suas camas, oferecendo espaço e silenciosamente demonstrando apoio. Elas deram um sorriso de encorajamento a Emma antes de se retirarem para dormir em outros quartos, deixando a monitora com os três alunos do primeiro ano para que ela pudesse cuidar das feridas e tranquilizar as crianças.

 Com todo o cuidado, Emma guiou os três alunos para uma das camas, fechando a porta atrás de si para garantir que ninguém indesejado pudesse presenciar aquela cena. Ela pegou uma pequena caixa de primeiros socorros de seu baú e começou a limpar as feridas dos alunos com delicadeza.

 A medida que ela cuidadosamente tratava das feridas, não podia acreditar na crueldade do ato perpetrado por Umbridge. As marcas vermelhas e profundas na pele delicada dos alunos do primeiro ano eram um testemunho chocante do abuso de poder e negligência da professora. O coração de Emma doía ao ver o sofrimento infligido a essas jovens vítimas.

 Enquanto cuidava das feridas dos alunos, Emma os confortava com palavras suaves. "Vai ficar tudo bem", ela assegurou com um tom tranquilizador. "Eu prometo que farei o que estiver ao meu alcance para garantir que isso não aconteça novamente."

 Os olhos dos alunos brilharam com gratidão, e o outro garoto, de cabelos pretos e também da Sonserina, que até então estava em silêncio, finalmente se manifestou. "Você realmente vai nos ajudar, Senhorita Lupin?" ele perguntou, expressando uma mistura de esperança e ansiedade em relação ao que estava por vir.

 Ela assentiu suavemente com a cabeça. "Sim, eu vou. O que ela fez não está certo. Ninguém deve machucar almas puras como vocês, e eu vou garantir que isso nunca mais aconteça."

 Emma terminou de enfaixar o braço da terceira criança e depois indicou que eles deitassem nas camas. "É melhor vocês ficarem aqui esta noite. Amanhã de manhã, eu vou levá-los de volta para suas respectivas casas, está bem?" Ela procurava garantir que os alunos tivessem a chance de descansar e se recuperar.

 As crianças assentiram e obedeceram, dirigindo-se para camas separadas. Emma, carinhosamente, aproximou-se de cada uma delas, cobrindo-as e as aconchegando nas camas. Os três se sentiam extremamente seguros sob o cuidado de Emma, cuja preocupação e afeto eram inegáveis.

 "Agora, queridos", Emma começou com ternura, "antes de dormirem, podem apenas me explicar exatamente o que aconteceu?"

 A menina loira foi a primeira a começar a falar. "Nós estávamos brincando no pátio, mas a professora Umbridge proibiu essas brincadeiras, então ela nos deu detenção. Lá, ela nos entregou uma pena, um de cada vez, e nos mandou escrever uma frase. Arthur foi o primeiro a escrever." A voz dela continha uma mistura de tristeza e medo ao relembrar o acontecido.

 Arthur, o menino ruivo da Corvinal, continuou o relato de sua colega. "Quando comecei a escrever, senti uma dor aguda no braço. No início, não sabia o que era, até perceber o sangue escorrendo. Foi quando arregacei a manga e vi as marcas..."

 O garoto de cabelos pretos finalizou o relato. "E enquanto nós três estávamos sofrendo, aquela mulher tinha um sorriso no rosto, como se estivesse gostando daquilo."

 O semblante de Emma endureceu à medida que ouvia a história, e a fúria crescia dentro dela. Naquele momento, ela experimentava uma raiva profunda, como nunca antes. No entanto, essa raiva se transformaria na força motriz que a impulsionaria a conceber um plano para evitar que mais crianças fossem prejudicadas.

 Emma suspirou e balançou a cabeça. "Obrigada por me contarem..." Ela lhes deu um pequeno sorriso reconfortante. "Agora, descansem e se recuperem. Eu vou lidar com isso, eu prometo." Sua promessa era como um abraço de segurança.

 Com os ferimentos cuidadosamente tratados, os alunos começaram a relaxar. Agradeceram a Emma, e, aos poucos, caíram no sono. Enquanto observava os rostos inocentes dos alunos do primeiro ano, Emma ponderou sobre uma maneira de cumprir a promessa que havia feito. Ela estava determinada a fazer de tudo para proteger as crianças, pois sabia que, aos olhos dela, era isso que realmente importava no final.

Para Sempre Nós - Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora