A Mágoa Persistente - 1-48

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 Dias se estenderam desde o término do Torneio Tribruxo, e a tensão persistente entre Emma e Severus não mostrava sinais de ceder. A sensação de impotência de Severus persistia, pois ele não conseguia proporcionar um apoio mais eficaz a Emma. Enquanto isso, a jovem mantinha sua concentração firme em questões mais sérias.

 Um dia, enquanto se encontrava na sala comunal da Lufa-Lufa, Emma recebeu uma coruja portando uma carta do Ministério da Magia. Curiosa, ela desdobrou o envelope e percorreu o conteúdo. Tratava-se de um convite formal, solicitando sua presença, bem como a do professor Snape, para uma reunião no Ministério relacionada à pesquisa que tinham enviado sobre a poção que haviam aprimorado.

 Cedric, que estava acomodado em um dos sofás da sala comunal, lançou um olhar intrigado na direção dela. "O que é isso?"

 "Uma carta do Ministério..." Ela suspirou. "É relacionada ao projeto, eles querem que eu vá lá para discutir sobre isso."

 Cedric sorriu. "Isso é positivo, não é? Eles estão demonstrando interesse. Se não tivessem gostado, teriam apenas mencionado na carta."

 "Eu sei... é só que... eles querem que eu vá com o Severus... fizemos o projeto juntos, ele é meu orientador..." Ela voltou a se sentar no sofá, recostando a cabeça para trás.

 O sorriso de Cedric desapareceu. "Oh..." Ele suspirou. "Entendi, bem... Emma, você não pode permitir que isso a abale, você trabalhou arduamente neste projeto e não pode se deixar afetar pelo Snape."

 Ela fixou o olhar em Cedric, balançando a cabeça. "Eu entendo isso... não tenho problema em ir lá, o problema é ter que ir com ele, o término ainda é muito recente, e eu..." Sua frase foi interrompida por Cedric.

 "Não, nem venha com essa. Estou passando pela melhor fase da minha vida, e não quero que você não esteja tendo a melhor fase da sua vida junto comigo. Então, pare de ficar chorando pelo narigudo, coloque uma expressão séria nesse rosto e vá falar com ele sobre a ida ao Ministério." Cedric falou com convicção, deixando Emma momentaneamente chocada.

 "Ok..." Ela sorriu levemente, balançando a cabeça, antes de se levantar e começar a arrumar suas coisas. "E como devo agir?"

 Ele sorriu. "Bem simples, coloque uma expressão séria no rosto, aquela de desgosto que todos fazem quando falam com ele. Você vai até o escritório dele, trata ele com indiferença, só fala sobre essa carta e depois sai. Estamos entendidos?" Cedric explicou com firmeza, enfatizando o plano que tinham em mente.

 Emma suspirou, concordando com a cabeça, e guardou a carta na bolsa. Ela estava ciente de que precisaria conversar com Severus sobre isso, apesar da tensão entre eles. Decidiu seguir o conselho de Cedric e abordar toda a situação com total profissionalismo.

 Naquela tarde, Emma dirigiu-se à sala do professor Snape. Ao chegar lá, encontrou-o absorto em um livro, e quando ele percebeu sua presença, ergueu os olhos e a encarou.

 "Emma," ele cumprimentou, fechando o livro e direcionando toda a sua atenção para ela.

 "Professor Snape," ela respondeu com formalidade. Emma adotou a expressão séria que Cedric havia sugerido e manteve sua postura ereta, demonstrando determinação para abordar o assunto em questão.

 Emma tomou um momento para organizar suas palavras antes de falar. "Recebi uma carta do Ministério da Magia hoje. Eles estão nos convocando para uma reunião a respeito da pesquisa que enviamos sobre a poção", ela relatou de maneira direta e profissional.

 Severus assentiu, levantando-se e dando a volta na mesa. "Entendo. Quando eles querem que compareçamos?" ele perguntou, a voz dela suave.

 Emma consultou a carta. "Eles sugerem que nos apresentemos na próxima sexta-feira, às 10 horas da manhã", ela informou, mantendo a conversa estritamente relacionada à reunião planejada.

 "Então, sexta-feira às 10 horas," Severus confirmou com um aceno de cabeça.

 A formalidade da conversa era quase palpável. Severus percebeu a indiferença no olhar dela, e o jeito que ela o encarava, o que fez seu coração afundar ainda mais. Emma, consciente de que a conversa já havia se prolongado mais do que o necessário, tomou a iniciativa. Ela ajustou a alça de sua bolsa no ombro e concluiu, de forma resoluta:

 "Se for tudo, professor Snape..." Com essa frase, ela se virou para sair, mantendo a postura firme e a indiferença aparente.

 Ele a interrompeu suavemente. "Emma, por favor, sinta-se à vontade para me chamar apenas de Severus, como costumava fazer", ele expressou, buscando amenizar a formalidade da situação.

 Ela hesitou por um momento, sentindo a garganta secar, mas lembrou das palavras de Cedric e se recompôs. "Não costumo chamar os professores pelo primeiro nome, é falta de educação", ela respondeu com firmeza, mantendo a distância profissional que haviam estabelecido durante a conversa.

 O olhar dele caiu, e ele se sentiu ainda pior. "Eu só pensei que podíamos voltar a ser... amigos, como éramos quando fazíamos o projeto", ele disse, sua voz carregando um traço de tristeza que ele não conseguiu esconder.

 "Vamos focar apenas em ir ao Ministério, concluir esta parceria. Agradeço pela sua ajuda no projeto, sua orientação foi de extrema importância, mas não somos amigos", ela respondeu com uma máscara de indiferença, embora sentisse dor ao proferir aquelas palavras.

 "Emma..." ele sussurrou, seu olhar mostrando a tristeza e a frustração que ele não conseguia esconder.

 "Até sexta-feira, professor Snape", ela respondeu de maneira formal antes de se afastar e deixar a sala dele.

 Com isso, Emma saiu da sala dele, deixando para trás o homem que já fora seu amante e agora era apenas um colega de trabalho. A formalidade e a indiferença que Emma demonstrou machucaram Severus profundamente. Ele assistiu à porta se fechar e, lentamente, voltou a se sentar em sua cadeira, seu rosto revelando a tristeza e a solidão que agora o envolviam.

 A sensação de perda era esmagadora. Não apenas tinha perdido a mulher que amava, mas também a amiga que tinha sido um apoio constante em sua vida. Severus sabia que a culpa recaía sobre seus ombros, que suas escolhas no passado tinham levado a esse desfecho inevitável. No entanto, enfrentar a realidade do distanciamento entre ele e Emma era uma dor que ele não estava preparado para suportar.

 Enquanto ele permanecia ali, perdido em seus pensamentos, a sala parecia mais vazia do que nunca. Severus Snape sentia-se como um homem sozinho, separado da única pessoa que já significou tanto para ele.

Para Sempre Nós - Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora