Para Sempre Nós - Severus Snape

Acolhida nas Sombras - 1-29

 O encerramento do ano escolar estava se aproximando, no entanto, ao invés da usual antecipação, um profundo desânimo e apreensão tomavam conta de Emma. Em vez de participar das interações e atividades cotidianas, ela optava por permanecer reclusa em seu quarto. A inquietação era evidente nos olhos atentos de Severus, que observava a situação com crescente preocupação.

 Em uma tarde tranquila, encontrando-se juntos em seu escritório, o silêncio que os envolvia finalmente foi quebrado. Com uma expressão pensativa, Severus tomou a iniciativa: "Emma, tenho percebido que seu comportamento difere do usual. Há algo que está lhe incomodando?"

 Um momento de hesitação se apoderou de Emma, seus olhos fixados no chão por um instante. Por fim, um suspiro escapou de seus lábios e ela ergueu o olhar, encontrando os olhos atentos de Severus. Com uma resolução recém encontrada, ela começou a compartilhar seus sentimentos. "Severus, eu... não estou exatamente ansiosa pelas férias. Na verdade, estou com muito medo."

  Uma ruga de preocupação se formou na testa de Severus. "Medo? Do que exatamente você está falando?", ele indagou, sua inquietação refletida em sua expressão.

 Seus olhos se encontraram com os de Severus, revelando uma tristeza profunda. "Meus pais...", ela começou, sua voz carregada de emoção. "Eles são abusivos. Voltar para casa nas férias é algo que tenho evitado, mas parece que não tenho muita escolha", compartilhou com um misto de resignação e angústia.

 Um nó se formou na garganta de Severus ao ouvir suas palavras. "Abusivos? De que forma...", sua voz carregada de apreensão traiu sua preocupação. Ele estava ansioso para entender mais, para compreender a situação delicada pela qual ela estava passando.

 Emma suspirou profundamente, desviando o olhar para o chão por um breve instante. "Eles sempre deixaram isso bem claro, que eu não era desejada", ela compartilhou com pesar. "Minha família é rica e influente no mundo dos negócios, mas nunca usaram grande parte de sua fortuna para cuidar de mim. Desde pequena, fui forçada a dormir no porão da casa, e essa situação persiste até hoje. E quando há visitas em casa, eles me trancam lá embaixo e exigem que eu permaneça em silêncio. Parece que eles têm medo de que o mundo saiba que têm uma filha." A tristeza em sua voz era palpável, revelando a complexidade e a dor subjacentes à sua história.

 Severus sentiu um aperto no coração ao ouvir as palavras dela. Ele sabia que estava tocando em feridas profundas, mas queria entender melhor a situação para poder apoiá-la da melhor maneira possível. "E quanto ao restante? Só compartilhe comigo o que você se sentir à vontade para dividir", ele disse com cuidado, buscando criar um espaço seguro para que ela pudesse se expressar livremente.

 "Quando eu era criança, eles impunham punições sempre que eu quebrava suas regras", ela continuou, revelando um aspecto doloroso de sua infância. Severus percebeu as mãos dela tremendo levemente enquanto ela falava, e, com um gesto gentil, ele segurou suas mãos para transmitir conforto e apoio, criando uma conexão silenciosa entre eles.

 "Que tipo de punições?", ele perguntou com empatia, sua voz suave encorajando-a a continuar compartilhando. Ele segurou suas mãos com ternura, demonstrando solidariedade enquanto aguardava sua resposta.

 Seus olhares se encontraram, e Emma sentiu os olhos marejarem enquanto ela prosseguia. "Eles me puniam de diversas maneiras", suas palavras eram carregadas de uma mistura de tristeza e coragem. "Às vezes, me deixavam sem comida, em outros momentos, eu era trancada lá embaixo por um dia inteiro. E... houve ocasiões em que sofri agressões físicas", suas palavras vacilaram enquanto ela enfrentava as memórias dolorosas.

 A expressão de Severus endureceu, sua mandíbula tensionando à medida que ele absorvia as palavras dela. A gravidade da situação dela não passou despercebida, e uma mistura de tristeza e raiva se misturou em seu olhar. Ele compreendia profundamente a dor que ela estava enfrentando, e uma sensação de empatia profunda se formou dentro dele. Ele estava determinado a não deixá-la enfrentar essa luta sozinha, querendo ser uma fonte de apoio inabalável em meio ao seu sofrimento.