Para Sempre Nós - Severus Snape

Segredos nas Sombras - 2-37

 Hogwarts encontrava-se imersa em uma atmosfera cada vez mais carregada de tensão, e os corredores revelavam uma aura de mistérios sombrios. Emma percebia intensamente essa mudança de clima, e a mesma sensação ruim que a assombrara durante o Torneio Tribruxo agora ressurgia.

 A jovem caminhava apreensiva por um corredor deserto, imersa em seus próprios pensamentos, fixando o olhar nos próprios pés enquanto avançava. Cada passo ecoava como uma batida ansiosa, e as paredes pareciam sussurrar segredos que faziam arrepiar a espinha de Emma.

 O silêncio, antes reconfortante, tornara-se um aliado inquietante, contribuindo para a atmosfera opressiva que pairava sobre a escola de magia.

 De repente, Emma viu-se colidindo abruptamente contra um peito sólido, o impacto quase a fazendo desequilibrar e cair no chão. Antes que pudesse compreender totalmente o que acontecera, um par de mãos habilidosas envolveu-a, sustentando-a firmemente e impedindo sua queda iminente.

 Quando seus olhos encontraram os escuros de Severus, uma onda de surpresa misturada com alívio e curiosidade perpassou seu rosto. No olhar profundo do professor de Poções, ela percebeu uma sombra de preocupação que contrastava com sua habitual expressão reservada.

 "Emma," proferiu ele com uma voz suave, permeada de inquietação, enquanto seu olhar se fixava nos olhos dela com uma preocupação evidente. "Você está bem?" indagou.

 Emma permaneceu em silêncio por um breve momento, sentindo-se envolvida pela preocupação palpável nos olhos de Severus. Depois de uma pausa reflexiva, ela recuperou sua consciência, desvencilhando-se suavemente dos braços dele. "Eu... eu estou bem," respondeu.

 Severus assentiu com a cabeça, um gesto contendo uma mescla de resignação e reflexão. Em seguida, ele soltou um suspiro carregado de uma sinceridade incomum. "Olha... eu queria me desculpar por ontem," começou ele, suas palavras ecoando com um tom de autocrítica.

 Seus olhos escuros, normalmente tão impenetráveis, agora revelavam uma vulnerabilidade rara. "Você estava certa. Não deveria agir com tanta hostilidade sem motivo algum, e... deveria controlar minhas mudanças de humor," admitiu

 Ela dirigiu seu olhar para Severus, seus olhos expressando uma mistura de compreensão e gratidão. "Severus... tá tudo bem. Eu também estava bem estressada ontem," começou ela. Uma pequena pausa precedeu seu próximo suspiro suave. "Acabei explodindo fácil, mas agradeço por você ter me ouvido," acrescentou.

 Um leve sorriso surgiu no rosto de Severus, quebrando momentaneamente a seriedade habitual. "Está tudo meio estranho, não?" observou.

 "Está..." Ele concordou, mantendo o sorriso leve que desenhava seus lábios. "Sabe aquele pressentimento que eu estava tendo no Torneio Tribruxo?" Emma perguntou.

 Ele assentiu em silêncio, sua expressão indicando uma compreensão séria. Emma continuou, seu tom agora impregnado de uma vulnerabilidade. "Estou tendo de novo... sinto que algo vai acontecer, algo muito ruim... e estou com muito medo," confessou.

 "Emma," ele começou, dando um passo mais próximo dela, sua voz agora carregada de empatia. "Eu sei que as coisas estão difíceis. E digo pra você confiar na sua intuição, mas olha... o que quer que aconteça... eu vou estar aqui, ok? Vou te ajudar..." Severus colocou delicadamente a mão na bochecha dela, acariciando com o polegar. "Me preocupo muito com você," acrescentou.

 Emma olhou para Severus, tocada por suas palavras profundas. Abaixando levemente a cabeça, ela não proferiu palavra, mas expressou sua gratidão e necessidade ao envolvê-lo em um abraço sincero. Severus a envolveu com os braços, oferecendo conforto em silêncio.

 Cada momento assim os transportava para lembranças dos dias em que eram namorados, e mesmo com a complexidade atual de sua relação, esses abraços ainda evocavam a essência dos momentos bons compartilhados no passado.

 "Eu também me preocupo com você, Severus," disse Emma, mantendo seu olhar firme nos olhos dele à medida que se afastavam do abraço reconfortante. "Sei que nosso namoro oficial acabou, mas não quero perder você de nenhuma forma," confessou.

 Severus assentiu, concordando sinceramente com as palavras dela. "Você não vai me perder, eu prometo. Quando o que está acontecendo na minha vida acabar... eu prometo ficarmos juntos, oficialmente, um casal de verdade, sem nos esconder e sem segredos."

 Um sorriso sincero iluminou o rosto de Emma diante da promessa de Severus. "Você promete mesmo?" perguntou, seus olhos buscando os dele em busca de confirmação.

 "Prometo, prometo com a minha vida, querida," Severus afirmou com convicção, seu sorriso refletindo a seriedade da promessa que acabara de fazer. Como um gesto adicional de compromisso, ele se inclinou suavemente, depositando um beijo terno na testa de Emma.

 Obrigada, Sev..." A gratidão transpareceu no sorriso de Emma, enquanto ela olhava para ele com puro carinho. "Eu devo ir agora... tenho aula de Herbologia," informou, meio chateada.

 Ele assentiu, concordando com a situação, e deu um selinho carinhoso em Emma. "Claro, querida. Podemos nos ver mais tarde no meu escritório?" propôs, sua voz carregada de afeto.

 "Claro," respondeu Emma, sorrindo de volta. "Eu te encontro lá mais tarde."

 "Ok..." Severus suspirou com carinho, permitindo que um gesto de afeto marcasse o momento antes de se afastar de Emma. "Te vejo depois," afirmou, suas palavras carregadas de uma expectativa calorosa.

 Eles se separaram, cada um seguindo seu próprio caminho, mas a sensação de carinho persistia em ambos. Mesmo diante das mudanças em seu relacionamento, que pareciam uma montanha-russa de sentimentos, o amor ainda prevalecia. A promessa de Severus, embora envolvida na incerteza do futuro, infundia Emma com uma sensação de esperança.

 Enquanto Emma e Severus se entregavam a um momento íntimo de amor e confidências naquele corredor, alguém observava secretamente a conversa. Draco Malfoy, oculto habilmente atrás de um pilar, absorvia cada palavra trocada entre os dois. 

 Cada suspiro, cada gesto de carinho, e até mesmo as promessas de um futuro incerto não escaparam à sua atenção aguçada.

 Sem fazer qualquer barulho ou confrontar Emma e Severus, Draco optou por permanecer na sombra do corredor, absorvendo silenciosamente o máximo de informações possível. Cada palavra carinhosa e repleta de amor que trocaram, assim como as expressões de preocupação de Severus e o pressentimento sombrio de Emma, não escaparam à observação aguçada de Draco.

 Draco, experimentando uma mistura de choque e raiva, viu-se surpreendido pela revelação da conversa. Embora soubesse que Emma tinha passado mais tempo com Snape do que o esperado, ele inicialmente pensou que se tratava apenas de questões bobas relacionadas a poções. 

 Descobrir que havia uma relação mais profunda entre eles fez com que sua expressão se tingisse de um vermelho ardente de raiva.

 Draco, percebendo uma mudança significativa na atitude de Snape em relação a ele, notou que o professor passou a tratá-lo como qualquer outro aluno. Até mesmo concedeu detenções quando Draco foi pego em suas travessuras habituais.

 Aos olhos do jovem Malfoy, era evidente que Snape tinha amolecido em relação a tudo, e agora, diante da descoberta da conversa entre Snape e Emma, Draco começava a compreender o motivo por trás dessa transformação.

 Para Draco, Emma já era uma fonte constante de irritação, representando tudo o que ele desprezava, assim como Harry Potter. Descobrir que ela tinha envolvido seu professor favorito em uma paixonite idiota intensificou ainda mais seu ódio por ela.

 Ao testemunhar o final da conversa entre Emma e Severus, com os dois se afastando inconscientes de sua presença nas sombras, um suspiro pesado escapou dos lábios de Draco. Ele saiu andando pelo corredor, seu rosto expressando uma irritação palpável.

 Agora, a informação que acabara de adquirir era um peso adicional em seus ombros, e o que ele decidiria fazer com ela tornava-se uma questão que exigiria uma cuidadosa consideração.