Nos Labirintos do Coração - 2-36

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 À medida que o Expresso de Hogwarts avançava com seu característico ruído pelos trilhos, rumo à imponente escola de magia, a atmosfera dentro do trem era permeada por uma tensão palpável e uma sombra de apreensão.

 Os eventos marcantes do ano anterior e os relatos sobre o suposto retorno de Voldemort em várias localidades lançavam um manto de obscuridade sobre o ambiente.

 Cada vagão carregava consigo a carga emocional de uma comunidade mágica impactada, e os rostos dos estudantes e bruxos a bordo refletiam a seriedade do momento. O peso da incerteza pairava no ar, moldando a jornada dos passageiros e envolvendo a viagem em uma aura de preocupação.

 Ao alcançar a estação, Emma hesitou por um momento antes de se erguer e sair da cabine. Enquanto percorria o corredor do trem, sua mente estava mergulhada em uma teia de pensamentos confusos e contraditórios, refletindo as tensões e incertezas do momento.

 No entanto, um vislumbre repentino capturou sua atenção, dissipando instantaneamente a névoa de inquietação que a envolvia. Alguma coisa, ou alguém, rompeu a confusão em sua mente, tornando-se um ponto de foco nítido em meio ao caos interior.

 Seus olhos encontraram Harry, caído em um dos vagões, o rosto marcado pelo sangue e a possibilidade de um nariz quebrado evidente.

 A visão dele, claramente ferido, desencadeou um instinto imediato em Emma. Sem perder tempo, ela se aproximou determinadamente, ignorando qualquer hesitação que pudesse surgir diante da cena impactante.

 "Harry?" Ela o chamou, sua voz carregando uma mistura de preocupação e urgência.

 Ele respondeu com apenas um murmúrio inaudível, e Emma prontamente estendeu sua mão para ajudá-lo a se levantar e acomodar-se em um dos bancos. À medida que sua visão se ajustava à situação, tornou-se evidente que o nariz de Harry estava claramente quebrado, e as linhas de dor marcavam seu rosto.

 "Harry, o que aconteceu?" indagou ela, expressando sua preocupação, enquanto retirava um pano do bolso para conter o sangue que escorria do nariz dele.

 Harry tossiu, expelindo um pouco de sangue, e respondeu com uma expressão furiosa. "Foi o Malfoy. Ele me atacou no vagão, me surpreendeu enquanto eu o espionava."

 Emma ergueu uma sobrancelha, seu olhar expressando curiosidade. "E por que você estava espionando o Malfoy?" questionou ela.

 Harry demorou um momento antes de responder, seus olhos percorrendo o ambiente ao redor. Em um sussurro, dirigiu-se a Emma: "Estou suspeitando que ele se tornou um Comensal da Morte..."

 Os olhos de Emma se arregalaram levemente, e ela sussurrou de volta: "Comensal da Morte? Sério?" A incredulidade em sua voz ecoava.

 "É..." Harry suspirou, compartilhando a preocupação que pesava sobre seus ombros. "Ele mencionou algo estranho sobre não estar aqui no próximo ano, entre outras coisas que não consegui captar completamente. Parece que há algo muito incomum acontecendo."

 Ela assentiu. "Isso eu tenho que concordar, parece tudo mais sombrio, sinto que algo ruim vai acontecer..." Emma suspirou, sentindo o peso da incerteza no ar. "Mas bem, deixa eu cuidar do seu nariz antes de qualquer coisa."

 Então, Emma retirou a varinha de suas vestes e realizou um feitiço para consertar o nariz de Harry. Enquanto cuidadosamente limpava o sangue que escorrera pelo rosto dele, as suspeitas compartilhadas por Harry a deixaram inquieta. Era evidente que a crescente tensão atingia um ponto crítico.

 Após o incidente no Expresso de Hogwarts e com a mudança do dia, depois do café da manhã, Emma decidiu dirigir-se ao escritório de Severus. Sentia uma saudade intensa dele, e em meio a todo o clima estranho que pairava, buscava o conforto e a segurança nos braços dele. A conexão que compartilhavam era um refúgio em meio à atmosfera tensa que envolvia a escola de magia.

 Com passos animados, Emma chegou ao escritório de Severus. Bateu na porta e, ao receber permissão, adentrou a sala. No entanto, a recepção que encontrou foi diferente do que esperava. Severus estava sentado atrás de sua mesa, visivelmente tenso e irritado. Nem se deu o trabalho de olhar para ela quando chegou, deixando claro que algo pesava em seus ombros.

 "Uh... Severus? Está tudo bem?" Emma perguntou, manifestando sua preocupação ao se aproximar da mesa dele.

 "Senhorita Lupin, o que a traz aqui? Estou ocupado, não tenho tempo para bobagens", inquiriu Severus, sua voz carregada de frieza. Seus olhos permaneceram fixos em documentos à sua frente.

 Emma estranhou essa resposta dele, mas não se deixou intimidar. "Eu...eu só queria te ver, sabe...eu estava com saudades."

 Severus não tirou os olhos dos papéis. "Não tenho tempo pra isso ou pra você."

 Surpreendida pela hostilidade, Emma engoliu em seco antes de se dirigir a Severus. "Severus, o que está acontecendo? Sinto que você está me tratando com frieza desde que voltamos das férias. Nem ao menos dirigiu o olhar para mim no jantar de ontem e nem no café da manhã hoje."

 Severus olhou para ela, seus olhos escuros revelando pouco. "Entenda que nem todos podem ser tão transparentes quanto você gostaria, Miss Lupin. Há questões que não dizem respeito a você."

 A resposta de Severus atingiu Emma como um soco, e uma mistura de frustração e confusão a envolveu. "Severus, eu juro que... não te entendo. Você fica nesse jogo de decidir como vai me tratar. Primeiro, era um professor frio, depois, ficou carinhoso. Terminou comigo e voltou a ser frio. Depois quis se aproximar de novo, e agora me responde assim?"

 Ele olhou para ela, sem palavras por um momento. "Emma, eu-" Severus pareceu hesitar, como se estivesse lutando para encontrar as palavras certas para expressar o que estava acontecendo em sua mente.

 Ela o interrompeu, sentindo-se ferida e confusa com toda a situação, e não conseguiu mais conter suas emoções. "Eu não mereço esse tratamento indeciso! Ou você começa a me tratar como eu mereço, sem essas mudanças de humor, ou talvez seja melhor não termos mais nada a ver um com o outro!"

  Com essas palavras, Emma virou as costas e abandonou o escritório de Severus, deixando para trás uma atmosfera de confusão e raiva que se acumulava entre eles. O corredor, agora silencioso, absorvia a tensão deixada pela sua partida, mas a turbulência emocional dentro dela continuava a crescer. 

 Cada passo afastando-se da porta do escritório era uma tentativa de colocar distância não apenas física, mas também emocional, entre ela e a complexidade da relação que se despedaçava diante de seus olhos.

 Emma se via envolta em confusão e irritação. Embora tivesse plena consciência da complexidade de lidar com Severus, sentia uma exaustão crescente. Mal havia retornado à escola e já enfrentava adversidades. 

 Desejava ardentemente um momento sereno e positivo ao lado dele, mas mais uma vez, a indiferença de Severus conseguira arruinar essa possibilidade. A exaustão emocional se acentuava, deixando-a com a sensação de que seus esforços para estabilizar a relação estavam fadados a serem frustrados.

 Emma estava realmente duvidando se a relação dela com Severus conseguiria sobreviver a todas essas mudanças.

Para Sempre Nós - Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora