Pirraça ao Resgate - 2-22

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 Emma percorria com passos decididos o corredor sombrio e silencioso de Hogwarts, mergulhado na penumbra àquela hora do dia. A tranquilidade reinante proporcionava uma pausa bem-vinda em suas obrigações, algo que ela ansiava.

 A jovem bruxa seguia em direção à biblioteca, um refúgio de conhecimento e encanto, onde se permitiria perder-se nas páginas de um livro de fantasia, como costumava fazer em seus raros momentos de tranquilidade. Cada passo que dava ecoava pelo corredor vazio, uma trégua rara em sua rotina atribulada.

 O dia estava se desenrolando de forma bastante positiva para Emma. Ela havia aproveitado o tempo com Severus, tirado um merecido descanso e ainda encontrara tempo para preparar algumas poções Polissuco. Emma sempre se sentia em excelente humor enquanto trabalhava com poções, e essa sensação perdurava nela durante todo o dia. Nada parecia capaz de mudar essa disposição, pelo menos não naquele dia.

 Entretanto, o destino reservava surpresas inesperadas para ela naquele dia. À medida que seguia seu caminho, os ouvidos de Emma captaram o som de passos se aproximando.

 Embora não fosse incomum encontrar estudantes perambulando pelos corredores da escola naquela hora da tarde, algo na forma como esses passos ecoavam em seu ouvido a perturbou. Era um som que ela conhecia muito bem, um ruído irritante e inconfundível.

 De repente, no momento em que virou o corredor, Draco Malfoy surgiu. Seus cabelos loiros reluziam sob a luz do sol, e um sorriso malicioso adornava seu rosto pálido. Quando os olhares de Emma e Draco se cruzaram, o desgosto e a raiva queimaram nos olhos dela.

 Draco sempre fora conhecido por suas provocações, mas naquela tarde, ele parecia determinado a ultrapassar todos os limites.

 Ele se aproximou dela, o sorriso debochado ainda estampado em seu rosto pálido. "Ei, Stevens," ele disse, sua voz carregada de cinismo. "Tenho ouvido por aí que você tem derramado lágrimas pela morte de Diggory. Que desperdício de espaço, não é? A namoradinha do herói falecido Cedric Diggory, que piada," ele zombou, suas palavras mergulhadas em sarcasmo.

 As palavras de Draco atingiram Emma como uma adaga no coração. Cedric tinha um significado profundo para ela, e o tom desrespeitoso de Draco acendeu sua ira. "Cala a boca, Malfoy," ela retrucou com firmeza.

 Um sorriso de escárnio surgiu no rosto de Draco. "E se não o fizer, o que vai fazer, garotinha? Vai me atirar com uma poção?" Ele soltou uma risada debochada.

 Ela estreitou os olhos, seu olhar carregado de determinação, e sem um momento de hesitação, agarrou a varinha que repousava no bolso e lançou um feitiço em direção a Draco. O loiro arregalou os olhos, completamente surpreso, sem ter tempo de reagir. Um feixe de luz saiu de sua varinha e avançou em direção a ele com uma velocidade assustadora, atingindo-o em cheio.

 Draco foi lançado com força para trás, seu corpo colidindo violentamente contra a parede oposta com um estrondo surdo. Ele ficou atordoado, caído no chão, sua varinha distante alguns metros. Enquanto se debatia para recuperar o fôlego, Emma permanecia sobre ele, lançando um olhar furioso e desafiador.

 "Você nunca vai entender, Malfoy," ela disse com raiva. "A vida de Cedric tinha valor, e ele morreu como um herói, algo que você... nunca vai ser." Emma proferiu as palavras com firmeza, sua expressão ainda carregada de ressentimento e mágoa.

 Malfoy tentou se erguer, lançando um olhar furioso em sua direção. "Isso não vai ficar assim, Stevens. Meu pai vai ficar sabendo disso." Suas palavras carregavam uma ameaça velada.

 Emma soltou um riso de desdém. "Vocês e o idiota do seu pai podem manter os penteados feios à vontade, mas no momento em que vocês ousarem falar de Cedric com essa língua suja, eu juro, Malfoy, vocês vão se arrepender." Sua voz continha um tom de advertência firme.

 O tenso encontro chegou a seu fim, com Draco derrotado e silenciado no chão. Emma o observou com um olhar furioso, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, ouviu um som distante que a fez suspirar. A voz estridente de Dolores Umbridge ecoava pelo corredor, uma presença indesejada que ela sabia que traria problemas. Emma estava consciente de que Malfoy não hesitaria em correr para a professora e denunciar o ocorrido, tornando o seu dia de folga ainda mais complicado.

 Com Dolores Umbridge se aproximando rapidamente, Emma reconheceu a urgência de evitar ser pega naquela situação. Ela lançou um último olhar zombeteiro na direção de Malfoy e se afastou rapidamente. Enquanto caminhava, procurou freneticamente por um lugar para se esconder, mas as portas das salas estavam trancadas ou ocupadas, tornando sua busca cada vez mais desesperada.

 Nesse exato momento, uma risada incontrolável e familiar ecoou pelo corredor. Era Pirraça, o travesso poltergeist de Hogwarts. Ele surgiu em um turbilhão de poeira, flutuando acima de Emma. "Ah, Lupin, sempre metida em encrenca, não é? Precisa de uma saída rápida?" ele zombou, seus olhos brilhando com uma faísca de travessura.

 Emma sorriu aliviada. "Pirraça, você sempre aparece nas horas certas. Pode me dar uma mãozinha?" Ela olhou para o poltergeist com uma expressão de gratidão, reconhecendo que, em sua natureza imprevisível, ele poderia ser exatamente a solução que ela precisava.

 Sem que fosse necessário responder, Pirraça lançou um feitiço de camuflagem ao redor de Emma. Ela se tornou transparente, quase imperceptível. Com um gesto de agradecimento a Pirraça, ela se pressionou contra a parede, fazendo o possível para se misturar com as sombras à medida que a voz estridente de Umbridge se aproximava.

 A professora Umbridge emergiu no corredor, seus olhos penetrantes vasculhando o ambiente de um lado para o outro. Era óbvio que estava em busca de um estudante, e Emma não tinha dúvidas de que se tratava dela, provavelmente entregue por Malfoy.

 Com o coração acelerado, Emma prendeu a respiração, sentindo o suor frio na testa enquanto Umbridge passava bem perto dela, quase como se a estivesse olhando nos olhos, mesmo sem vê-la.

 Umbridge, com um olhar de desgosto claro, dirigiu-se a Pirraça, demonstrando claramente seu descontentamento pelo poltergeist. "Ei, seu... fantasma, você não viu a senhorita Lupin por aqui?" Ela estava claramente determinada a encontrar Emma e levá-la a sério. Pirraça, como sempre, tinha seus próprios planos.

 Pirraça soltou outra risada alta, circulando a professora, que parecia cada vez mais irritada. "Não faço a mínima ideia de quem seja essa tal Lupin de que você fala, acho que você está começando a enlouquecer." Ele gargalhou novamente, ignorando as tentativas de Umbridge de obter informações. Seu comportamento provocador só parecia intensificar a fúria da professora.

 "Não se faça de..." Umbridge suspirou, tentando conter sua frustração. "É inútil tentar conversar com essas criaturas da escola." Ela murmurou para si mesma antes de voltar a caminhar.

 Umbridge parecia hesitar por um momento, como se tivesse a sensação de que alguém estava presente nas proximidades. No entanto, sem encontrar evidências concretas, ela decidiu continuar seu caminho. Emma esperou pacientemente até que a professora estivesse bem distante antes de desfazer o feitiço de camuflagem. Respirando aliviada, ela sabia que escapara por pouco de uma situação potencialmente complicada.

 Emma sorriu e dirigiu um olhar de gratidão a Pirraça. "Obrigada, Pirraça, eu te devo uma." Ela estava genuinamente agradecida pela intervenção do poltergeist.

 Pirraça soltou mais uma risada alta. "Você deve ser mais esperta, Lupin! Umbridge nunca pegará Pirraça e seus amigos encrenqueiros." E com isso, ele desapareceu em uma nuvem de poeira, deixando Emma com um sorriso no rosto.

 Emma riu suavemente, sempre se divertindo com as travessuras do poltergeist. Pirraça parecia gostar dela, talvez devido ao fato de que ambos compartilhavam uma tendência a desafiar autoridades. Ela agradeceu silenciosamente a ele e prosseguiu com seu caminho, sentindo-se aliviada por ter escapado de mais uma provável detenção na escola.

 Mesmo que Emma quase tenha se metido em problemas, ela sentiu satisfação por ter lidado com Malfoy daquela forma. Vê-lo choramingando sobre seu pai era sempre uma fonte de revigorante diversão, destacando o quão covarde ele podia ser. Além disso, a perspicácia de Pirraça ao irritar Umbridge só tornava a situação ainda mais gratificante.

 No geral, Emma sentia que tinha tido um dia incrível.

Para Sempre Nós - Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora