Um segredo revelado

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- Relaxa – murmurou Sasuke. As mãos pressionadas nas costas dela. – Você está bem e segura. Eu não vou deixar que nada de mal aconteça com você.

E ela confiou nele.

Sakura nem acreditava que tinha desabafado com ele um de seus segredos mais obscuros. Nem para Ino, sua melhor amiga e confidente, tinha contado que Úrsula havia tentado lhe matar e por isso que, naquele dia, muitas coisas haviam mudado em si.

Colocar para fora lhe fez perceber o quanto aquele fardo de temer a vilã a colocava no mesmo patamar de quanto temia sua própria mãe. Mas agora... Naquele momento com Sasuke lhe dando apoio... Parecia que um peso havia saído de si.

Pelas terras dos contos de fadas, chorara na frente dele, no colo dele para ser mais precisa... E não se envergonhava. Se sentia segura... de uma forma que nunca havia sentido antes.

Sempre tinha sido Sakura quem cuidara de si própria, quem tomava a frente de uma situação e tomava suas próprias decisões, apesar de ter a impressão de a mãe ter sido mais carinhosa quando pequena, não conseguia se lembrar exatamente de quando começara a trabalhar a mando dela, mas tinha sido muito cedo para uma criança.

Não conseguia se lembrar de quando não havia trabalhado. Sentia as mãos enrugadas pela água quente. Muitas das suas cicatrizes ficariam ali para sempre. E mesmo que não se lembrasse de quando havia começado a trabalhar, se lembrava da dor de aprender e das tentativas falhas de obter o resultado que a mãe tanto queria. E quando finalmente aprendeu o ofício herdado pelo pai... A mãe lhe mandou para o Capitão Gancho, para que aprendesse a se defender por conta própria junto das outras crianças da ilha.

Se lembrava da antipatia de Konan logo na primeira vez em que se conheceram, a filha da Úrsula lhe odiou desde o primeiro momento. Foi ali que Sakura entendeu que iria ter que aprender na marra a se defender sozinha, pois Konan não era a única. Carregava o legado de Malévola no sangue e muitos dos vilões não gostavam dela, por isso tentavam transformar a vida da filha da Malévola o mais miserável possível usando seus filhos. Aos pouco Sakura conseguiu se provar e manter todos longe dela. Menos Konan, ela era insistente e completamente irritante. Gancho tentava manter as duas longe uma da outra, mas não teve como evitar um confronto, ou vários deles.

Foi a partir desse momento que começaram a surgir as gangues. Suigetsu, filho da Yzma, tinha o sorriso fácil e o jeito escorregadio de conseguir se safar só com as palavras, ele era parecido com Sakura em alguns aspectos; e Juugo, filho de Narissa, sempre andava na cola dele, diferente de Suigetsu, Juugo era mais calado e na dele, mas tinha os punhos muito fortes, era o único dentre todos os jovens da ilha que não precisava de uma espada para se defender, usava as mãos mesmo. E normalmente era Juugo quem derramava o primeiro sangue declarando vitória na disputa.

Sakura se lembrava de como havia conhecido Ino. As duas eram muito pequenas e tomavam o mesmo caminho para casa depois das aulas do Capitão Gancho. E diferente da maioria que temia Sakura e a detestava apenas por ser filha de Malévola, Ino a tratava como se fosse apenas... alguém como ela. Ino tinha dificuldade para se adaptar a usar as armas, afinal, a mãe dela era uma rainha, logo, tratava a filha como se fosse uma princesa.

Sakua tinha sido grosseira com a menina quando ela tinha dito algo do tipo, desde pequena não suportava nada que lhe lembrasse as imagens da tela da televisão, onde existia um mundo ao qual pensara que jamais pertenceria, mas Ino não se deixou abalar e pediu a ajuda dela, a ajuda da filha da Malévola, para conseguir. Afinal, fazia aquilo a pedido do pai, mas também porque queria saber se proteger. Era o natural por ali, dado as coisas que aconteciam e as situações que passavam.

Foi por Ino que Sakura descobriu a morte... Mais precisamente as brigas e as lutas que resultavam nelas. Mas apesar da brutalidade que os adultos cometiam, nada horrorizou mais Sakura do que quando descobriu que havia pessoas que tiravam a própria vida. O que levava alguém cometer tal ato?

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