The Case (l.s)

Prólogo

Música: Rosylyn - Bon Iver

"Ódio
Odeio e amo. Porque o faço, talvez perguntes. Não sei. Mas sinto que é assim, e sofro com isso. "
-Caio Catulo

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Sentado na poltrona do ônibus, ao lado da janela, o rapaz de olhosverdes e cachos rebeldes observa as árvores lá fora, enquanto Rosylyn - Bon Iver ecoa em seus ouvidos pelo headphone. Respira fundo, deslizando o indicador pelo vidro embaçado e úmido da janela. Desenha alguns círculos, estrelas e até mesmo corações tortos. Ele acaba dando risada da sua "arte".

É uma fria e chuvosa tarde de domingo. Harry está voltando da casa dos seus pais localizada em um vilarejo próximo a Londres. É difícil conseguir uma folga, mas sempre que pode vai visitá-los. É sempre uma alegria quando o jovem chega. Seus pais e seus avós o recebem com entusiasmo, dizendo o quão orgulhosos estão de si e o quanto amadureceu. Harry não acha o que tenha amadurecido. Bom, ele ainda é o mesmo Harry bobo e tagarela. Acha que sempre será assim, e de uma forma estranha ele gosta disso.

Seu celular vibra sobre o colo, o alertando sobre uma nova mensagem. Desbloqueia o celular e sorri ao ler o nome "Cody 🤍" piscando na tela.

Cody 🤍: Estou preparando um jantar romântico para comemorar nosso aniversário de namoro.

— Droga! — resmunga ao se dar conta que esqueceu o aniversário pela segunda vez. 

Não é por mal. Harry trabalha e estuda bastante. E também faz trabalho voluntário em um hospital, o que acaba o deixando exausto. Esquecer compromissos já se tornou recorrente. Cody diz que não se importa e que entende, mas sabe que isso o deixa um tanto chateado.

 

Harry: Estou animado. Saudades.

 

 

Cody 🤍: 🥰❤

Bloqueia o celular e inspira fundo mais uma vez, apoiando a cabeça na janela do ônibus. Harry acaba adormecendo.

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Ao chegar no seu apartamento, deixa as chaves sobre a mesinha ao lado da porta e a mochila no sofá. Observou o cômodo ao seu redor, analisando cada detalhe. Os móveis sobressalentes, aparafusados, muitos livros e papéis espalhados pela mesinha de centro. Nas paredes, porta-retratos, desenhos extraordinariamente detalhados e habilidosos, na sua maioria paisagens urbanas europeias, em grafite ou lápis de cera.

Segue até a sala de jantar e sorriu ao encontrar Cody sentado em uma das cadeiras, a ler uma Vogue italiana. Ele ergue os olhos e sorri. Um rosto tão pálido fora do sol, que parece quase apagado, exceto pelos olhos verdes brilhantes, e a boca vermelha molhada. Ele se levanta suavemente, atravessando para estar diante de Harry.

— Você chegou. — A mesa está posta, arrumada de um jeito delicado e romântico. — Como foi o fim de semana?

— Foi divertido. — encolhe os ombros, erguendo a mão para ajeitar alguns fios do cabelo do mais velho — Onde está o Buggy? — pergunta o rapaz de cachos, percorrendo os olhos por todo o cômodo.

— No quarto com o Jordan. 

— E... Como ele está? — Harry pergunta, sentindo uma onda de preocupação tomar conta do seu corpo. Jordan é seu melhor amigo e colega de apartamento. Eles se conheceram quando começou a fazer trabalho voluntário no hospital. Jordan é um dos pacientes. Ele luta contra o câncer há cerca de cinco anos.